ALFABETIZAÇÃO HISTÓRICA: ESTADO DA
ARTE EM EVENTOS CIENTÍFICOS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO
Esta comunicação apresenta os
resultados parciais da pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Iniciação
Científica da Universidade Federal de Sergipe. O plano de trabalho, intitulado “Alfabetização
Histórica: estado da arte em eventos científicos da área de Educação”, integra
o projeto de pesquisa denominado “Alfabetização Histórica: em busca de um
reposicionamento disciplinar diante das reformas curriculares”. O termo Literacia
Histórica, tradução em Portugal de historical literacy, é estudado no Brasil
por poucos profissionais da área educacional, destacando Maria Inês Sucupira
Stamatto como uma das autoras que discute e se dedica a trabalhar sobre esse
tema. A mesma autora afirma que no ramo dos estudos envolvendo Ensino de
História, Peter Lee, pesquisador inglês, é o referencial e é também base
teórica para a pesquisa.
No
geral, o projeto de pesquisa visa analisar a contribuição do conceito de
Alfabetização Histórica para as questões apresentadas ao Ensino de História a
partir das reformulações curriculares recentes da escola no Brasil. Entende-se
que estas novas configurações impõem a necessidade de repensar a prática
docente, a elaboração de materiais didáticos, os processos avaliativos e a
formação inicial e continuada de professores (tanto de História, bem como de
Pedagogia).
O
currículo escolar brasileiro tem passado por reformulações recentes que se
materializaram pela primeira vez no segundo semestre de 2015. Naquela
oportunidade foi publicizada para consulta pública a versão beta da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). A partir deste momento foram abertas à participação
pública ainda outras duas versões e o texto final foi aprovado em dezembro de
2017. Salvo todas as polêmicas envolvendo tanto o processo de consultas, quanto
o resultado final apresentado, o fato é que a BNCC é uma realidade.
Esta
materialização final traz impactos aos sistemas de ensino, para os quais
impõe-se a demanda de formulação de normativas educacionais que atendam ao novo
modelo, às instituições públicas e privadas de formação inicial e continuada de
professores, aos autores de livros didáticos e, claro, aos docentes que irão
organizar seu trabalho cotidiano tendo como lastro organizacional de suas
práticas estas determinações. Logo, a promulgação da BNCC requer reflexões e
ações de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem.
No
que concerne ao ensino de História, o nível de polemização foi dos mais altos.
Quando da publicação da primeira versão do texto, emararam das mais diversas
frentes duras críticas à proposta apresentada. Constava ali uma perspectiva que
mudaria consideravelmente aquilo que se entende por ensinar e aprender
História. De concreto, restou a destituição do grupo original de intelectuais
que a formularam e as novas versões trazidas a público coadunavam melhor com o
consenso hegemônico no campo e no senso comum.
Todavia,
a versão final do documento nacional não minimiza o incomodo acerca do lugar da
História, e de seus profissionais docentes, na formação do povo brasileiro.
Muito pelo contrário, haja vista o fato de que a Base Nacional para o Ensino
Médio – mudança que foi postergada na BNCC – estabelece em suas primeiras
versões que “disciplinas” são apenas Língua Portuguesa e Matemática. Os demais
campos de conhecimento, e seus profissionais docentes (em diferentes níveis de
atuação) estão a se perguntar como se enquadrarão neste novo modelo.
Diante
de tais questões, o projeto do qual este estudo faz parte caracteriza-se como
um esforço dentro do campo da Educação Histórica. Como aponta GERMINARI (2011)
em seu levantamento, esta área de pesquisa no Brasil teve sua constituição
iniciada ainda nos idos dos anos 1980. Uma das primeiras ações no sentido de
discutir o Ensino de História teria sido a inclusão nos quadros de sócios da
ANPUH de professores de diferentes níveis de ensino que não apenas o superior.
Segundo
o mesmo levantamento, as investigações acerca da Cognição Histórica remontam a
experiências na Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e Portugal. Neste,
destacam-se os estudos realizados por Isabel Barca, referencial bastante
recorrente no Brasil. Este campo de pesquisas, que toma como objeto o
ensino-aprendizagem de História, fundamentou-se na Psicologia, Sociologia,
Antropologia, Didática e, obviamente, História. Atualmente, a Educação
Histórica apresenta uma fundamentação científica própria, baseada grandemente
na Epistemologia da História.
Quando
se trata especificamente da Alfabetização Histórica, os poucos estudos no
Brasil voltados para este objeto reportam-se à leitura portuguesa no campo.
Disto resulta, por exemplo, o uso mais comum do termo literacia histórica,
tradução em Portugal para historical literacy, como esclarece STAMATTO (2009)
em um dos raros trabalhos que se dedicam a esta investigação no Brasil. Ainda
segundo a autora, este é um ramo da pesquisa em Ensino de História que tem como
referencial teórico fundamental as proposições do inglês Peter Lee.
Deste
modo, um estudo acerca da Alfabetização Histórica justifica-se pela necessidade
de compreender de qual modo tal abordagem pode contribuir para o repensar das
práticas de ensino de História nas escolas brasileiras. Mas não só, uma vez
que, como já destacado, as reformas curriculares trazem implicações para a
produção de material didático, formação de professores, estratégias de
avaliação. Cabe então interrogar qual é o estado da arte sobre o assunto, quais
as estratégias adotadas por autores e editoras, quais os movimentos
institucionais para adequação dos Projetos Pedagógicos de cursos de
Licenciatura, as ações implementadas por gestores públicos. No plano nacional
já há algumas iniciativas acadêmicas, ainda que esparsas, de compreensão deste
fenômeno. Este projeto constitui uma contribuição a este esforço científico.
Do
ponto de vista do processo ensino-aprendizagem dos alunos de Graduação de
cursos de Licenciatura envolvidos no projeto de pesquisa, espera-se que alcancem
uma maior compreensão do universo educacional no qual poderão atuar
futuramente. Esta maior compreensão certamente produzirá profissionais da
educação melhor preparados para o efetivo exercício da atividade docente. Do
mesmo modo, para os cursos de Graduação em Licenciaturas e Programas de
Pós-Graduação voltados para áreas de educação e ensino, esta abordagem
elucidará aspectos fundamentais a compreensão e debate acerca das reformas
curriculares em curso e das possibilidades didático-pedagógicas em cena.
Os objetivos que a pesquisa busca
atingir são os seguintes: compreender a contribuição do conceito de
Alfabetização Histórica para a prática do ensino de História, identificar o
estado da arte no campo da Educação e da História acerca deste conceito,
analisar os limites e possibilidades de aplicação deste referente conceitual às
demandas da escola brasileira, elaborar um arcabouço referencial para as
reformas curriculares subsequentes à implantação da BNCC e dialogar acerca das
interseções interdisciplinares possíveis no espaço escolar.
Seguindo os objetivos específicos da
pesquisa, que são os de identificar a produção apresentada nos eventos com foco
em Alfabetização Histórica, tabular o índice de frequência do tema ao longo dos
eventos, analisar as perspectivas interpretativas e analisar os referenciais
teóricos mobilizados na produção identificada, a metodologia é dividida em três
momentos, o de apresentação de algumas teorias, destacando Peter Lee, seguindo
para a busca por eventos e anais que tratassem do tema. Essas pesquisas são
realizadas no site da ANPED (Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação), que disponibiliza os eventos realizados e cadastrados no site, seus
portais e anais com os diversos trabalhos realizados e apresentados em eventos
sobre as diferentes áreas da educação. Seguindo então para a identificação dos
textos, analisando se de fato aqueles trabalhos continham características que
de alguma maneira relatavam as questões da literacia histórica. Até o presente
momento, foram analisados os anais dos eventos regionais, 132 ao total, e mais
da metade, 20 eventos analisados e 38 ao total, dos anais nacionais.
Alguns
resultados
Os artigos de Peter Lee e Maria Inês
Sucupira Stamatto, textos introdutórios, buscam trabalhar questões sobre o
ensino de História, nos anos iniciais, discutindo materiais didáticos,
metodologias de ensino, visão da importância da História para os participantes
do processo ensino-aprendizagem, a formação da consciência histórica e destacam
as características que estruturam a literacia histórica. Assim como descreve no
trecho (OAKSHOTT, 1983, p. 6):
Uma primeira exigência da literacia
histórica é que os alunos entendam algo do que seja história, como um
“compromisso de indagação” com suas próprias marcas de identificação, algumas
ideias características organizadas e um vocabulário de expressões ao qual tenha
sido dado significado especializado: “passado”, “acontecimento”, “situação”,
“evento”, “causa”, “mudança” e assim por diante”. (apud LEE, 2006, p. 134)
Os autores, destacando Peter Lee,
enfatizam que o ensino de História, quando somente é passado como fatos
elementares ocorridos em algum período passado, sem questionar quais as visões
e conceitos já definidos pelos alunos, tem uma tendência a falharem. Nos anos
iniciais, como o foco é a alfabetização, entender seu processo histórico e suas
diferentes vertentes se faz necessário, codificando os diferentes tipos de
métodos da alfabetização e do letramento, e suas correntes filosóficas. Em
destaque, Soares (2017) debate as questões dos métodos de alfabetização, as
fases do desenvolvimento no processo de aprendizagem da escrita, a aquisição
das consciências metalinguística, fonológica e fonêmica, defendendo a ideia de
que a questão dos métodos de alfabetização é um fator histórico, e não uma
ocorrência atual.
Sendo o site da ANPED (Associação de
Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) voltado para eventos de educação, com
temas muito diversos, foram encontrados poucos trabalhos que retratasse do tema
de ensino de História nos anos iniciais, porém, não foi encontrado nenhum
trabalho que houvesse em suas linhas os termos “Literacia Histórica” ou
“Alfabetização Histórica”, o que foram encontradas tinham como termo marcante o
ensino de história, as metodologias, as falhas encontradas no ensino, a
formação de professores e os saberes escolares no ensino da área em questão. Apesar
de não serem presente os termos que baseiam a pesquisa, os trabalhos destacados
discutem temas que os autores base relatam em seus textos, obtendo assim uma
relevância. Os textos abordam alguns dos diversos motivos que acabam
enfraquecendo o ensino de História nos anos iniciais, assim como aponta Peter
Lee.
A primeira abordagem destacada no trabalho de
Nilton M. Pereira, denominado “Ensino de História, dever de memória e temas
sensíveis”, trás uma critica também feita por Lee em que ambos veem a
necessidade de ensinar história sem fazer uma separação entre fatores passados,
presentes e futuros, passar para o aluno a visão de que os fatores históricos
devem ser entendidos, analisados criticamente e interpretados como percursores
de fatores atuais. Outra abordagem está no trabalho de Maria Aparecida
Leopoldino Tursi Toledo, denominado “Dimensões pedagógicas e método de ensino:
encontros de saberes na didática da História”, que segue discutindo a formação
de professores para o ensino da área. Em uma parte, destaca então a importância
do educador ter um conhecimento da sua concepção de história, analisar então
como foi seu processo de aprendizagem e o qual sua visão à cerca da área de
estudo, o que é retratado na obra de Peter Lee, quando o mesmo vê a necessidade
de conhecer o que o aluno pensa de história e como ele interpreta toda sua
formação institucional na área, para que se formule então qual a importância da
História na educação escolar.
Previsto que os eventos verificados
até agora tiveram uma ordem cronológica que seguiu dos anos anteriores para os
mais atuais, e que os termos da pesquisa tem poucos estudiosos ainda em campo,
principalmente no Brasil, é possível que ao analisar os eventos mais recentes
existam chances maiores de encontrarmos mais resultados.
Referências
Ana Beatriz é estudando do 6º
período do curso de Pedagogia Licenciatura Plena da
Universidade Federal de Sergipe-UFS.
Fábio Alves dos Santos, orientador
da pesquisa, é professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de
Sergipe-UFS, mestre em educação pela Pontifícia Universidade Católica PUC-SP e
doutor em educação pela UFS.
GERMINARI, Geyso D. Educação Histórica: a
constituição de um campo de pesquisa. Revista
HISTEDBR On-line, Campinas, n. 42, p. 54-70, jun.2011.
LEE, Peter. Em direção a um conceito
de literacia histórica. Educar, Curitiba, Especial, p. 131-150, 2006. Editora
UFPR.
______. Literacia Histórica e história
transformativa. Educar
em Revista, Curitiba, n. 60,
p. 107-146, abril/jun.2016.
PEREIRA, Nilton Mullet. Ensino de
História, dever de memória e os temas sensíveis. In: II Seminário de Educação,
Conhecimentos e Processos Educativos, Educação, Artes e Direitos Humanos, 2017,
p. 1-6.
SOARES, Magda. Alfabetização: a
questão dos métodos. 1. Ed, São Paulo: editora Contexto, 2017.
STAMATTO, Maria Inês Sucupira.
Alfabetização Histórica em materiais didáticos: significados e usos. In: ANPUH
– XXV Simpósio Nacional De História, 2009, Fortaleza.
TOLEDO, Maria Aparecida L. T.
Dimensões Pedagógicas e Método de Ensino: Encontros de Saberes na Didática da
História. UEM.
CAMPO, Germano Moreira; ALVES,
Leonardo de Carvalho. O ensino de História através de metodologias ativas: a
inovação chega à escola pública de Manhuaçu (MG). In: X SIMPOED Simpósio de
formação e profissão docente: alteridade, formação e condição docente. V
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brasileiro da redestrado. Rede latino-americana de estudos sobre trabalho
docente. Trabalho docente no século XXI: conjuntura e construção de
resistência, 2017, p. 1-16, Campinas-SP.
PUGAS, Márcia Cristina de Souza;
RAMOS, Ana Paula Batalha. Saberes escolares no ensino de história das séries
iniciais: uma aproximação a partir da epistemologia social escolar. In: I
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e a atuação das bancas verificadoras de autodeclaração na graduação, 2018, p.
1-15, Campo Grande-MS.
Olá, excelente discussão, provocativa e atual. Nessa direção, como podemos olhar para a formação dos professores de história nas universidades brasileiras onde em sua maioria, salvo melhor juízo, as questões e métodos de ensino se apresentam marginalizadas ou então perspectivaras pela pedagogia e psicologia do aprendizado?
ResponderExcluirCaro Everton, grato pela apreciação.
ExcluirQuanto à sua questão, tem se destaco na pesquisa até aqui a urgente necessidade de repensar a formação docente, inicial e continuada, dos professores de História no Brasil. O baixo índice de trabalhos nos eventos analisados voltados para o objeto em tela denota o quanto ainda persiste uma compreensão sobre o conhecimento histórico que divide a pesquisa acadêmica strito sensu e aquilo que envolve o ensino. É mais que necessário incluir nas formação dos professores a discussão sobre cognição histórica para superar este cenário atual.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirok
ExcluirFábio Alves dos Santos
Olá pessoal,
ResponderExcluirReafirmo o comentário do colega Everton sobre a importância e excelência da discussão. Uma pergunta/comentário: vocês percebem diferenças entre os textos que trabalham com a perspectiva do letramento/literacia e as pesquisas que utilizam o conceito consciência histórica? Minha pergunta está mais relacionada a maneira como os dados das pesquisas são levantados e analisados. Algumas pesquisas que discutem "pensamento histórico" muitas vezes parecem desconsiderar a concretude da vida em que essas narrativas ou enunciações foram levantadas. Enquanto o conceito "consciência" parece, ao menos no campo teórico, mais interessante no sentido de levar em consideração quem são os jovens e as realidades nas quais estão inseridos.
Parabéns pela pesquisa
Thiago Augusto Divardim de Oliveira
Olá Thiago, grato pela sua intervenção.
ExcluirNão constituiu objeto de visada a comparação que você propõe. Todavia, na pouca produção localizada é possível destacar o uso da noção "consciência histórica". Apontamos "noção" justamente pelo constatação que você explicitou: há menção ao termo, mas baixa compreensão de seu significado, o que gera procedimentos e análises que destoam daquilo que o conceito de Rüsen estabelece.
Olá, boa tarde. Tenho uma pergunta, meio que óbvia, e gostaria de saber sua opinião: o processo de aprendizagem dos cenários históricos vivenciados não devem apenas ser repetidos de professor a aluno criando apenas uma linha de raciocínio, mas sim o processo deve envolver um pensamento crítico no indivíduo?
ResponderExcluirMarcelo Eduardo Viotto Ignez
Boa tarde Marcelo, obrigado pela pergunta.
ExcluirA resposta para sua pergunta é sim, o ensino de História não deve ser apenas repetição dos fatos sem que provoque alguma criticidade nos alunos. Quando consideramos o ensino de História uma disciplina que busca explicar diversos fatos por meios de registros históricos com de versões e intencionalidades variadas, logo entendemos que o processo de aprendizagem da disciplina não deve ser somente uma repetição e sim um processo que apresente aos alunos as diversas versões da História, para que provoque os mesmos a pensarem criticamente e formarem suas opiniões, com argumentos concretos e bases teóricas fundamentadas.
Boa tarde Marcelo, obrigado pela pergunta.
ExcluirA resposta para sua pergunta é sim, o ensino de História não deve ser apenas repetição dos fatos sem que provoque alguma criticidade nos alunos. Quando consideramos o ensino de História uma disciplina que busca explicar diversos fatos por meios de registros históricos com de versões e intencionalidades variadas, logo entendemos que o processo de aprendizagem da disciplina não deve ser somente uma repetição e sim um processo que apresente aos alunos as diversas versões da História, para que provoque os mesmos a pensarem criticamente e formarem suas opiniões, com argumentos concretos e bases teóricas fundamentadas.
Ana Beatriz dos Santos Silva
olá, boa tarde
ResponderExcluirParabéns pela pesquisa.
A pesquisa é muito relevante para as licenciaturas trazendo a formação continuada dos docentes e a construção de materiais didáticos para a renovação das praticas pedagógicas, gostaria de saber como os professores atuantes no ensino de historia poderiam aprimorar suas praticas para conseguir a alfabetização histórica dos alunos?
Andréa Lima da Silva
Boa tarde Andréa, obrigada pela pergunta.
ExcluirUm dos autores principais que discute sobre o tema da Alfabetização Histórica, aponta para algumas práticas importantes no ensino de História, que possa auxiliar na sua questão. A primeira questão está em o professor transmitir ao aluno a ideia de que o História, seus fatos, não são momentos que acontecem isoladamente e indissociável com os demais aspectos. Outra questão é mostrar ao aluno que a História pode ensinar a ver o mundo de formas diferentes e, além disso, a mesma permite que o aluno tenha consciência que pode agir sobre seu meio. É impostante também que o professor explique as questões históricas sempre deixando claro a ideia de que as pessoas no passado tinham necessidades, pensamentos, meios e materiais diferentes do que temos hoje, portanto, aquelas pessoas não eram mais inteligentes ou menos inteligentes que nós.
Ana Beatriz dos Santos Silva.
Parabéns a autora e ao seu orientador pela relevante pesquisa e contribuição para esse campo em crescimento que é a Alfabetização Histórica e o Letramento.
ResponderExcluirTenho alguns apontamentos para pensarmos juntos: primeiro o campo da educação que se dedica mais tempo e tem vasta produção sobre alfabetização faz uma clara diferença entre ALFABETIZAR e LETRAR, que são processos diferentes mas correlatos. Devemos da História também adotar esta diferenciação?
Também pesquiso na área e tenho um trabalho produzido, publicado em evento local. Neste artigo eu pesquisei o conceito de Letramento na área da história, e fiz procedimento similar aos de vocês. Ao ler a produção sobre letramento na área de história cheguei a conclusão que havia na verdade 3 conceitos distintos no campo, e que essa diferenciação ocorria devido o local de origem na discussão: se o autor fosse da pedagogia havia um conceito, se fosse da história havia outro conceito. A conclusão da minha pesquisa diferenciou os seguintes conceitos: LETRAMENTO, LETRAMENTO EM HISTÓRIA E LETRAMENTO HISTÓRICO. Letramento seria domínio das práticas sociais de leitura e escrita. Letramento em história, que vem do campo da pedagogia, seria auxiliar os estudantes a dominarem gêneros e leitura especifica da história que está centrada na historicidade destas fontes. E letramento histórico, que vem das discussões da história, seria habilidade adquirida pelos alunos que se tornam capazes de utilizar uma estrutura útil de história para ler, interpretar, analisar de forma crítica, fundamentada e argumentativa, produzindo projetos de futuro e/ou redefinindo conhecimento do passado nas diversificadas situações sociais onde as narrativas históricas em suas variadas forma se apresentam e podem ser rearranjadas conforme interesses e carências de orientação temporal.
Será que ocorre um fenômeno parecido com eu encontrei em letramento, com o conceito de alfabetização?
Cláudio Correia de Oliveira Neto
Olá Cláudio, obrigado pela intervenção. Sobre sua questão, é importante destacar que a literatura brasileira na área de Ensino de História tem preferido utilizar o tempo leteracia histórica, numa tradução direta de historical literacy, que nada mais é, no original, que alfabetização histórica. Isto se deve ao fato de que alfabetização histórica já remete ao processo de construção de uma aprendizagem que proporcione uma leitura crítica do mundo, e não apenas a memorização de elementos vagos de História. Neste sentido, não há porque adotar uma distinção, em língua portuguesa, dos dois termos, ambos estão adequados.
ExcluirFábio Alves dos Santos
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