Ana Beatriz dos Santos Silva e Fábio Alves dos Santos


ALFABETIZAÇÃO HISTÓRICA: ESTADO DA ARTE EM EVENTOS CIENTÍFICOS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO


Esta comunicação apresenta os resultados parciais da pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Iniciação Científica da Universidade Federal de Sergipe. O plano de trabalho, intitulado “Alfabetização Histórica: estado da arte em eventos científicos da área de Educação”, integra o projeto de pesquisa denominado “Alfabetização Histórica: em busca de um reposicionamento disciplinar diante das reformas curriculares”. O termo Literacia Histórica, tradução em Portugal de historical literacy, é estudado no Brasil por poucos profissionais da área educacional, destacando Maria Inês Sucupira Stamatto como uma das autoras que discute e se dedica a trabalhar sobre esse tema. A mesma autora afirma que no ramo dos estudos envolvendo Ensino de História, Peter Lee, pesquisador inglês, é o referencial e é também base teórica para a pesquisa.

No geral, o projeto de pesquisa visa analisar a contribuição do conceito de Alfabetização Histórica para as questões apresentadas ao Ensino de História a partir das reformulações curriculares recentes da escola no Brasil. Entende-se que estas novas configurações impõem a necessidade de repensar a prática docente, a elaboração de materiais didáticos, os processos avaliativos e a formação inicial e continuada de professores (tanto de História, bem como de Pedagogia).

O currículo escolar brasileiro tem passado por reformulações recentes que se materializaram pela primeira vez no segundo semestre de 2015. Naquela oportunidade foi publicizada para consulta pública a versão beta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A partir deste momento foram abertas à participação pública ainda outras duas versões e o texto final foi aprovado em dezembro de 2017. Salvo todas as polêmicas envolvendo tanto o processo de consultas, quanto o resultado final apresentado, o fato é que a BNCC é uma realidade.

Esta materialização final traz impactos aos sistemas de ensino, para os quais impõe-se a demanda de formulação de normativas educacionais que atendam ao novo modelo, às instituições públicas e privadas de formação inicial e continuada de professores, aos autores de livros didáticos e, claro, aos docentes que irão organizar seu trabalho cotidiano tendo como lastro organizacional de suas práticas estas determinações. Logo, a promulgação da BNCC requer reflexões e ações de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

No que concerne ao ensino de História, o nível de polemização foi dos mais altos. Quando da publicação da primeira versão do texto, emararam das mais diversas frentes duras críticas à proposta apresentada. Constava ali uma perspectiva que mudaria consideravelmente aquilo que se entende por ensinar e aprender História. De concreto, restou a destituição do grupo original de intelectuais que a formularam e as novas versões trazidas a público coadunavam melhor com o consenso hegemônico no campo e no senso comum.

Todavia, a versão final do documento nacional não minimiza o incomodo acerca do lugar da História, e de seus profissionais docentes, na formação do povo brasileiro. Muito pelo contrário, haja vista o fato de que a Base Nacional para o Ensino Médio – mudança que foi postergada na BNCC – estabelece em suas primeiras versões que “disciplinas” são apenas Língua Portuguesa e Matemática. Os demais campos de conhecimento, e seus profissionais docentes (em diferentes níveis de atuação) estão a se perguntar como se enquadrarão neste novo modelo.

Diante de tais questões, o projeto do qual este estudo faz parte caracteriza-se como um esforço dentro do campo da Educação Histórica. Como aponta GERMINARI (2011) em seu levantamento, esta área de pesquisa no Brasil teve sua constituição iniciada ainda nos idos dos anos 1980. Uma das primeiras ações no sentido de discutir o Ensino de História teria sido a inclusão nos quadros de sócios da ANPUH de professores de diferentes níveis de ensino que não apenas o superior.

Segundo o mesmo levantamento, as investigações acerca da Cognição Histórica remontam a experiências na Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e Portugal. Neste, destacam-se os estudos realizados por Isabel Barca, referencial bastante recorrente no Brasil. Este campo de pesquisas, que toma como objeto o ensino-aprendizagem de História, fundamentou-se na Psicologia, Sociologia, Antropologia, Didática e, obviamente, História. Atualmente, a Educação Histórica apresenta uma fundamentação científica própria, baseada grandemente na Epistemologia da História.

Quando se trata especificamente da Alfabetização Histórica, os poucos estudos no Brasil voltados para este objeto reportam-se à leitura portuguesa no campo. Disto resulta, por exemplo, o uso mais comum do termo literacia histórica, tradução em Portugal para historical literacy, como esclarece STAMATTO (2009) em um dos raros trabalhos que se dedicam a esta investigação no Brasil. Ainda segundo a autora, este é um ramo da pesquisa em Ensino de História que tem como referencial teórico fundamental as proposições do inglês Peter Lee.

Deste modo, um estudo acerca da Alfabetização Histórica justifica-se pela necessidade de compreender de qual modo tal abordagem pode contribuir para o repensar das práticas de ensino de História nas escolas brasileiras. Mas não só, uma vez que, como já destacado, as reformas curriculares trazem implicações para a produção de material didático, formação de professores, estratégias de avaliação. Cabe então interrogar qual é o estado da arte sobre o assunto, quais as estratégias adotadas por autores e editoras, quais os movimentos institucionais para adequação dos Projetos Pedagógicos de cursos de Licenciatura, as ações implementadas por gestores públicos. No plano nacional já há algumas iniciativas acadêmicas, ainda que esparsas, de compreensão deste fenômeno. Este projeto constitui uma contribuição a este esforço científico.

Do ponto de vista do processo ensino-aprendizagem dos alunos de Graduação de cursos de Licenciatura envolvidos no projeto de pesquisa, espera-se que alcancem uma maior compreensão do universo educacional no qual poderão atuar futuramente. Esta maior compreensão certamente produzirá profissionais da educação melhor preparados para o efetivo exercício da atividade docente. Do mesmo modo, para os cursos de Graduação em Licenciaturas e Programas de Pós-Graduação voltados para áreas de educação e ensino, esta abordagem elucidará aspectos fundamentais a compreensão e debate acerca das reformas curriculares em curso e das possibilidades didático-pedagógicas em cena.

Os objetivos que a pesquisa busca atingir são os seguintes: compreender a contribuição do conceito de Alfabetização Histórica para a prática do ensino de História, identificar o estado da arte no campo da Educação e da História acerca deste conceito, analisar os limites e possibilidades de aplicação deste referente conceitual às demandas da escola brasileira, elaborar um arcabouço referencial para as reformas curriculares subsequentes à implantação da BNCC e dialogar acerca das interseções interdisciplinares possíveis no espaço escolar.

Seguindo os objetivos específicos da pesquisa, que são os de identificar a produção apresentada nos eventos com foco em Alfabetização Histórica, tabular o índice de frequência do tema ao longo dos eventos, analisar as perspectivas interpretativas e analisar os referenciais teóricos mobilizados na produção identificada, a metodologia é dividida em três momentos, o de apresentação de algumas teorias, destacando Peter Lee, seguindo para a busca por eventos e anais que tratassem do tema. Essas pesquisas são realizadas no site da ANPED (Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), que disponibiliza os eventos realizados e cadastrados no site, seus portais e anais com os diversos trabalhos realizados e apresentados em eventos sobre as diferentes áreas da educação. Seguindo então para a identificação dos textos, analisando se de fato aqueles trabalhos continham características que de alguma maneira relatavam as questões da literacia histórica. Até o presente momento, foram analisados os anais dos eventos regionais, 132 ao total, e mais da metade, 20 eventos analisados e 38 ao total, dos anais nacionais.

Alguns resultados
Os artigos de Peter Lee e Maria Inês Sucupira Stamatto, textos introdutórios, buscam trabalhar questões sobre o ensino de História, nos anos iniciais, discutindo materiais didáticos, metodologias de ensino, visão da importância da História para os participantes do processo ensino-aprendizagem, a formação da consciência histórica e destacam as características que estruturam a literacia histórica. Assim como descreve no trecho (OAKSHOTT, 1983, p. 6):

Uma primeira exigência da literacia histórica é que os alunos entendam algo do que seja história, como um “compromisso de indagação” com suas próprias marcas de identificação, algumas ideias características organizadas e um vocabulário de expressões ao qual tenha sido dado significado especializado: “passado”, “acontecimento”, “situação”, “evento”, “causa”, “mudança” e assim por diante”. (apud LEE, 2006, p. 134)

Os autores, destacando Peter Lee, enfatizam que o ensino de História, quando somente é passado como fatos elementares ocorridos em algum período passado, sem questionar quais as visões e conceitos já definidos pelos alunos, tem uma tendência a falharem. Nos anos iniciais, como o foco é a alfabetização, entender seu processo histórico e suas diferentes vertentes se faz necessário, codificando os diferentes tipos de métodos da alfabetização e do letramento, e suas correntes filosóficas. Em destaque, Soares (2017) debate as questões dos métodos de alfabetização, as fases do desenvolvimento no processo de aprendizagem da escrita, a aquisição das consciências metalinguística, fonológica e fonêmica, defendendo a ideia de que a questão dos métodos de alfabetização é um fator histórico, e não uma ocorrência atual.

Sendo o site da ANPED (Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) voltado para eventos de educação, com temas muito diversos, foram encontrados poucos trabalhos que retratasse do tema de ensino de História nos anos iniciais, porém, não foi encontrado nenhum trabalho que houvesse em suas linhas os termos “Literacia Histórica” ou “Alfabetização Histórica”, o que foram encontradas tinham como termo marcante o ensino de história, as metodologias, as falhas encontradas no ensino, a formação de professores e os saberes escolares no ensino da área em questão. Apesar de não serem presente os termos que baseiam a pesquisa, os trabalhos destacados discutem temas que os autores base relatam em seus textos, obtendo assim uma relevância. Os textos abordam alguns dos diversos motivos que acabam enfraquecendo o ensino de História nos anos iniciais, assim como aponta Peter Lee.

 A primeira abordagem destacada no trabalho de Nilton M. Pereira, denominado “Ensino de História, dever de memória e temas sensíveis”, trás uma critica também feita por Lee em que ambos veem a necessidade de ensinar história sem fazer uma separação entre fatores passados, presentes e futuros, passar para o aluno a visão de que os fatores históricos devem ser entendidos, analisados criticamente e interpretados como percursores de fatores atuais. Outra abordagem está no trabalho de Maria Aparecida Leopoldino Tursi Toledo, denominado “Dimensões pedagógicas e método de ensino: encontros de saberes na didática da História”, que segue discutindo a formação de professores para o ensino da área. Em uma parte, destaca então a importância do educador ter um conhecimento da sua concepção de história, analisar então como foi seu processo de aprendizagem e o qual sua visão à cerca da área de estudo, o que é retratado na obra de Peter Lee, quando o mesmo vê a necessidade de conhecer o que o aluno pensa de história e como ele interpreta toda sua formação institucional na área, para que se formule então qual a importância da História na educação escolar.

Previsto que os eventos verificados até agora tiveram uma ordem cronológica que seguiu dos anos anteriores para os mais atuais, e que os termos da pesquisa tem poucos estudiosos ainda em campo, principalmente no Brasil, é possível que ao analisar os eventos mais recentes existam chances maiores de encontrarmos mais resultados.

Referências
Ana Beatriz é estudando do 6º período do curso de Pedagogia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Sergipe-UFS.
Fábio Alves dos Santos, orientador da pesquisa, é professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe-UFS, mestre em educação pela Pontifícia Universidade Católica PUC-SP e doutor em educação pela UFS.

GERMINARI, Geyso D. Educação Histórica: a constituição de um campo de pesquisa. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 42, p. 54-70, jun.2011.

LEE, Peter. Em direção a um conceito de literacia histórica. Educar, Curitiba, Especial, p. 131-150, 2006. Editora UFPR.

­­­______. Literacia Histórica e história transformativa. Educar em Revista, Curitiba, n. 60, p. 107-146, abril/jun.2016.
PEREIRA, Nilton Mullet. Ensino de História, dever de memória e os temas sensíveis. In: II Seminário de Educação, Conhecimentos e Processos Educativos, Educação, Artes e Direitos Humanos, 2017, p. 1-6.

SOARES, Magda. Alfabetização: a questão dos métodos. 1. Ed, São Paulo: editora Contexto, 2017. 

STAMATTO, Maria Inês Sucupira. Alfabetização Histórica em materiais didáticos: significados e usos. In: ANPUH – XXV Simpósio Nacional De História, 2009, Fortaleza.

TOLEDO, Maria Aparecida L. T. Dimensões Pedagógicas e Método de Ensino: Encontros de Saberes na Didática da História. UEM.

CAMPO, Germano Moreira; ALVES, Leonardo de Carvalho. O ensino de História através de metodologias ativas: a inovação chega à escola pública de Manhuaçu (MG). In: X SIMPOED Simpósio de formação e profissão docente: alteridade, formação e condição docente. V Encontro do núcleo de educação inclusiva, 2015, p. 43-52. Ouro Preto-MG.

PRAZERES, Valdenice de Araújo.  Formação de professores/as para a educação das relações étnico-raciais e ensino de História e cultura africana e afro-brasileira: pistas para uma análise do curso de Pedagogia. In: IX Encontro brasileiro da redestrado. Rede latino-americana de estudos sobre trabalho docente. Trabalho docente no século XXI: conjuntura e construção de resistência, 2017, p. 1-16, Campinas-SP.

PUGAS, Márcia Cristina de Souza; RAMOS, Ana Paula Batalha. Saberes escolares no ensino de história das séries iniciais: uma aproximação a partir da epistemologia social escolar. In: I Seminário nacional politicas de ações afirmativas nas universidades brasileiras e a atuação das bancas verificadoras de autodeclaração na graduação, 2018, p. 1-15, Campo Grande-MS.


14 comentários:

  1. Olá, excelente discussão, provocativa e atual. Nessa direção, como podemos olhar para a formação dos professores de história nas universidades brasileiras onde em sua maioria, salvo melhor juízo, as questões e métodos de ensino se apresentam marginalizadas ou então perspectivaras pela pedagogia e psicologia do aprendizado?

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    1. Caro Everton, grato pela apreciação.
      Quanto à sua questão, tem se destaco na pesquisa até aqui a urgente necessidade de repensar a formação docente, inicial e continuada, dos professores de História no Brasil. O baixo índice de trabalhos nos eventos analisados voltados para o objeto em tela denota o quanto ainda persiste uma compreensão sobre o conhecimento histórico que divide a pesquisa acadêmica strito sensu e aquilo que envolve o ensino. É mais que necessário incluir nas formação dos professores a discussão sobre cognição histórica para superar este cenário atual.

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  3. Olá pessoal,
    Reafirmo o comentário do colega Everton sobre a importância e excelência da discussão. Uma pergunta/comentário: vocês percebem diferenças entre os textos que trabalham com a perspectiva do letramento/literacia e as pesquisas que utilizam o conceito consciência histórica? Minha pergunta está mais relacionada a maneira como os dados das pesquisas são levantados e analisados. Algumas pesquisas que discutem "pensamento histórico" muitas vezes parecem desconsiderar a concretude da vida em que essas narrativas ou enunciações foram levantadas. Enquanto o conceito "consciência" parece, ao menos no campo teórico, mais interessante no sentido de levar em consideração quem são os jovens e as realidades nas quais estão inseridos.

    Parabéns pela pesquisa

    Thiago Augusto Divardim de Oliveira

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    1. Olá Thiago, grato pela sua intervenção.
      Não constituiu objeto de visada a comparação que você propõe. Todavia, na pouca produção localizada é possível destacar o uso da noção "consciência histórica". Apontamos "noção" justamente pelo constatação que você explicitou: há menção ao termo, mas baixa compreensão de seu significado, o que gera procedimentos e análises que destoam daquilo que o conceito de Rüsen estabelece.

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  4. Olá, boa tarde. Tenho uma pergunta, meio que óbvia, e gostaria de saber sua opinião: o processo de aprendizagem dos cenários históricos vivenciados não devem apenas ser repetidos de professor a aluno criando apenas uma linha de raciocínio, mas sim o processo deve envolver um pensamento crítico no indivíduo?
    Marcelo Eduardo Viotto Ignez

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    1. Boa tarde Marcelo, obrigado pela pergunta.
      A resposta para sua pergunta é sim, o ensino de História não deve ser apenas repetição dos fatos sem que provoque alguma criticidade nos alunos. Quando consideramos o ensino de História uma disciplina que busca explicar diversos fatos por meios de registros históricos com de versões e intencionalidades variadas, logo entendemos que o processo de aprendizagem da disciplina não deve ser somente uma repetição e sim um processo que apresente aos alunos as diversas versões da História, para que provoque os mesmos a pensarem criticamente e formarem suas opiniões, com argumentos concretos e bases teóricas fundamentadas.

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    2. Boa tarde Marcelo, obrigado pela pergunta.
      A resposta para sua pergunta é sim, o ensino de História não deve ser apenas repetição dos fatos sem que provoque alguma criticidade nos alunos. Quando consideramos o ensino de História uma disciplina que busca explicar diversos fatos por meios de registros históricos com de versões e intencionalidades variadas, logo entendemos que o processo de aprendizagem da disciplina não deve ser somente uma repetição e sim um processo que apresente aos alunos as diversas versões da História, para que provoque os mesmos a pensarem criticamente e formarem suas opiniões, com argumentos concretos e bases teóricas fundamentadas.
      Ana Beatriz dos Santos Silva

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  5. olá, boa tarde
    Parabéns pela pesquisa.
    A pesquisa é muito relevante para as licenciaturas trazendo a formação continuada dos docentes e a construção de materiais didáticos para a renovação das praticas pedagógicas, gostaria de saber como os professores atuantes no ensino de historia poderiam aprimorar suas praticas para conseguir a alfabetização histórica dos alunos?
    Andréa Lima da Silva

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    1. Boa tarde Andréa, obrigada pela pergunta.
      Um dos autores principais que discute sobre o tema da Alfabetização Histórica, aponta para algumas práticas importantes no ensino de História, que possa auxiliar na sua questão. A primeira questão está em o professor transmitir ao aluno a ideia de que o História, seus fatos, não são momentos que acontecem isoladamente e indissociável com os demais aspectos. Outra questão é mostrar ao aluno que a História pode ensinar a ver o mundo de formas diferentes e, além disso, a mesma permite que o aluno tenha consciência que pode agir sobre seu meio. É impostante também que o professor explique as questões históricas sempre deixando claro a ideia de que as pessoas no passado tinham necessidades, pensamentos, meios e materiais diferentes do que temos hoje, portanto, aquelas pessoas não eram mais inteligentes ou menos inteligentes que nós.

      Ana Beatriz dos Santos Silva.

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  6. Cláudio Correia de Oliveira Neto11 de abril de 2019 às 13:02

    Parabéns a autora e ao seu orientador pela relevante pesquisa e contribuição para esse campo em crescimento que é a Alfabetização Histórica e o Letramento.
    Tenho alguns apontamentos para pensarmos juntos: primeiro o campo da educação que se dedica mais tempo e tem vasta produção sobre alfabetização faz uma clara diferença entre ALFABETIZAR e LETRAR, que são processos diferentes mas correlatos. Devemos da História também adotar esta diferenciação?

    Também pesquiso na área e tenho um trabalho produzido, publicado em evento local. Neste artigo eu pesquisei o conceito de Letramento na área da história, e fiz procedimento similar aos de vocês. Ao ler a produção sobre letramento na área de história cheguei a conclusão que havia na verdade 3 conceitos distintos no campo, e que essa diferenciação ocorria devido o local de origem na discussão: se o autor fosse da pedagogia havia um conceito, se fosse da história havia outro conceito. A conclusão da minha pesquisa diferenciou os seguintes conceitos: LETRAMENTO, LETRAMENTO EM HISTÓRIA E LETRAMENTO HISTÓRICO. Letramento seria domínio das práticas sociais de leitura e escrita. Letramento em história, que vem do campo da pedagogia, seria auxiliar os estudantes a dominarem gêneros e leitura especifica da história que está centrada na historicidade destas fontes. E letramento histórico, que vem das discussões da história, seria habilidade adquirida pelos alunos que se tornam capazes de utilizar uma estrutura útil de história para ler, interpretar, analisar de forma crítica, fundamentada e argumentativa, produzindo projetos de futuro e/ou redefinindo conhecimento do passado nas diversificadas situações sociais onde as narrativas históricas em suas variadas forma se apresentam e podem ser rearranjadas conforme interesses e carências de orientação temporal.
    Será que ocorre um fenômeno parecido com eu encontrei em letramento, com o conceito de alfabetização?
    Cláudio Correia de Oliveira Neto

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    1. Olá Cláudio, obrigado pela intervenção. Sobre sua questão, é importante destacar que a literatura brasileira na área de Ensino de História tem preferido utilizar o tempo leteracia histórica, numa tradução direta de historical literacy, que nada mais é, no original, que alfabetização histórica. Isto se deve ao fato de que alfabetização histórica já remete ao processo de construção de uma aprendizagem que proporcione uma leitura crítica do mundo, e não apenas a memorização de elementos vagos de História. Neste sentido, não há porque adotar uma distinção, em língua portuguesa, dos dois termos, ambos estão adequados.

      Fábio Alves dos Santos

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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