"A
LINDA HISTÓRIA DO MEU PAIZ": ELEMENTOS DO IMAGINÁRIO REGIONAL PAULISTA
(1932)
Este estudo se insere na temática da história do livro didático sendo
relacionada a formação de um determinado imaginário acerca do Estado de São
Paulo. Tem o objetivo de desvelar as marcas regionais, as evidências e
características do regional paulista, no livro didático para ensino de história
pátria denominado: "A linda história do meu país" de autoria de Cesar
Prieto Martinez.
Os livros didáticos materializaram-se no cotidiano escolar tanto as
aspirações, quanto nos conflitos, nos ideários e nos imaginários dos diferentes
projetos políticos, culturais e ideológicos em disputa. (BITTENCOURT, 2008, p.
25). Assim compreende-se que a sociedade letrada paulista e o Estado
utilizaram-se de estratégias para controlar e direcionar o saber a ser
difundido através do livro didático. (FREITAG, MOTA, DA COSTA, 1989).
Da Primeira República à Era Vargas a questão do nacional torna-se uma
constante seja através da opção pelo federalismo no alvorecer da República, ou
na centralização proposta pelo Estado Novo, os diferentes elementos e propostas
de constituição da nação transparecem no discurso dos membros da Comissão de
Revisão de 1918. Esses debates sobre nacional e regional ganharam diferentes
formas e ressonâncias, seja sob a forma de separatismo, nos debates da imprensa
advento do movimento de 1887 (ADDUCI, 2000), seja pela construção desta
lembrança heroica do bandeirante (BITTENCOURT, 1990), desta "Raça de
Gigantes" Expressão correspondente ao título da obra publicada em 1926,
por Alfredo Ellis Júnior, indicado por Velloso (1984) como um membro do grupo
Verde-Amarelo, dedicado a elevar a contribuição paulista na literatura e
história brasileira. Desta forma, incorre na representação do paulista como
herdeiro de uma tradição de modernidade, como forma de confirmar sua vanguarda
no processo civilizatório, culminando com a recorrência da Revolução
Constitucionalista de 1932 (CERRI, 1996), imaginário que se rompe na
instauração do Estado Novo em 1937 (COELHO, 2015).
A referencialidade do termo imaginário constituí-se num elemento vivo e
constante nas diferentes relações cotidianas, torna-se político, recorrente nas
diferentes relações de poder.
"O domínio do imaginário não se limita a isso: a política, queremos
dizer, as práticas políticas e não apenas as pretensas ideologias, possuem a
arbitrária e a esmagadora inércia dos programas estabelecidos; a "parte
oculta do iceberg" político da cidade antiga durou quase tanto
quanto o mito; sob a ampla roupagem pseudoclássica com a qual nosso
racionalismo banalizador a envolve, teve delineamentos estranhos que só a ela
pertencem." (VEYNE, 1984, p.133)
Neste sentido tanto as diferentes concepções do que seria este
imaginário acabam transcendendo seus elementos, signos e práticas, para a
realidade transbordando seja para a política, a cultura, constituindo
instituições, e imbricam-se nas histórias particulares; um discurso de ficção
que se torna realidade na memória das pessoas, assim, este imaginário não só
não pode ser recusado pois constituí e substituí a tanto verdade e quanto a
realidade, Trata de uma acepção absoluta da verdade envolta pela “fabulação”.
(VEYNE, 1984, p.130).
"...as
construções imaginárias representam a realidade não de um ponto de vista, mas,
como própria aceitação da verdade. Compreendendo que a vida em sociedade é uma
constante construção histórica, uma alternância de ideologias; um derrubar
constante de verdades alcunhadas supremas ou intransponíveis enveredam um
constante diálogo social." (NICARETA, ABBEG, 2016a, p.578)
Este livro de Martinez (1932), desta forma, não se encontra isolada
entre outras produções que abrangem a mesma necessidade ou difundem a mesma
ideologia, mas, corrobora por incorporar no seu discurso, imagem e signo o ato
de enaltecer uma identidade particular para o paulista forjando ou contribuindo
para a constituição deste imaginário.
O livro de Cesar Prieto Martinez (1932) "A linda História do meu
País" teve a primeira edição publicada em 1930, aprovado pela
"Seriação de livros didacticos para o exercicio escolar de 1930", no
Diário Oficial do Estado de São Paulo, em 14 de janeiro de 1930. Editado pela
Livraria Francisco Alves, sendo indicado para o 4ª ano do ensino primário.
Possuí 40 capítulos e 251 páginas.
Este livro apresenta a maior incidência de marcas regionais, com
citações diretas sobre o Estado de São Paulo, sendo encontradas menções em 167
páginas. Desta forma, São Paulo está presente em 67% páginas do livro, que pelo
título trata da "linda" história do "meu país". Segundo
Abud (2004, p.99) este livro é exemplo da ação civilizatória voltada a
expressar o destino progressista de São Paulo.
A capa da primeira edição é colorida, amarelo e preto, tem ao topo
esquerdo no céu escuro a inscrição da "Série Vida Escolar", sendo
ilustrada com barcos portugueses tendo ao fundo um monte, que pode ser tanto o
Monte Pascoal na Bahia, como local da chegada dos portugueses ao Brasil; quanto
o Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, pela semelhança de imagem. Ao centro do
livro, traz o título em duas linhas, seguido do nome do autor. Na parte inferior
ao título, tem-se a imagem do Edifício Martinelli a direita, logo abaixo uma
plantação de café com trabalhadores a direita, e, a esquerda compondo a imagem
Dom Pedro I montado a cavalo com fardamento ilustre e com a espada
desembainhada e erguida ao alto.
Na parte inferior direita há o texto "Livraria Alves" Na
quarta edição a cor da capa muda para verde e preto mantendo as mesmas
ilustrações, sendo acrescido a folha de rosto, na qual consta: a menção a
"Série Vida Escolar", o título, a aprovação da Diretoria Geral de
Instrução Pública, a destinação da obra para o quarto ano do curso primário, a
edição, nome do autor, nome da editora e respectivos endereços e por fim ano de
publicação. O conteúdo de ambas edições se modificam minimamente pela tipografia
de algumas páginas e a correção de alguns erros de grafia.
Os discursos de grandiosidade, modernidade, pioneirismo paulista
fomentam a constituição de imaginários específicos. Mitos são criados e
recriados e sujeitos históricos são personalizados, extirpadas de sua
nacionalidade para representarem um "tipo" paulista considerado
símbolo do desenvolvimento próprio e particular demonstrado pelo Estado, como o
bandeirante.
"A base discursiva para o regionalismo nessa versão é a agressiva
afirmação da distinção regional como o equivalente da superioridade, geralmente
acompanhada pela reivindicação de que a região em questão é
desproporcionalmente responsável pela grandeza e sustentação da nação."
(WEINSTEIN, 2007, p.283)
Mais que responsável, o bairrismo apresentado, tinha a pretensão de
discriminar as demais regiões as inferiorizando. A representação das imagens
presentes na obra de "A linda história do meu paiz", de Martinez
(1932), surge como um ponto de evidencia em tal estratégia, uma vez que São
Paulo é representada por arranha-céus, construções modernas, ícones do processo
de desenvolvimento econômico, social e cultural; enquanto as imagens do Rio de
Janeiro demonstram arquiteturas arcaicas, remanescentes do período colonial e
imperial.
O texto foi todo construído numa prosa contínua,
como uma história do primeiro ao último capítulo, não há uma coletânea de
textos, envolvendo apenas uma narrativa e diálogos principalmente entre três
personagens, dois americanos, Senhores Kendal e Wilson, e um Brasileiro denominado
Sr. Campos.
Os "excursionistas" assim definidos por
Martinez, percorrem no texto o Brasil de São Paulo, para o Norte e Sul,
passando por diversos Estados, não todos, retornando à São Paulo. A referência
não é explícita a Campos Sales, pois este aparece como personagem histórico,
responsável por "erguer o pais" (MARTINEZ, 1932, p.132).
Segundo Abud (2004, p.100) o texto da apresentação
indica que o livro trata da história do Brasil, todavia, a maior parte aborda
temas ligados a São Paulo, e continua como ponto de referência para a maioria
dos demais capítulos.
Na apresentação do livro denominada "Ao leitor", Martinez
(1932, p.3-4) argumenta em favor do objetivo de ensino da história pátria:
"O ensino da historia, segundo o moderno conceito, deve, principalmente
concorrer para a formação clara da idéa de patria, afim de que o individuo,
recebendo, em tempo oportuno, o influxo dessa idéa, possa ser um bom patriota,
convicto de seus deveres e direitos. O nosso pais reclama tal ensino, mais do
que nenhum outro. Basta considerar a enorme massa popular formada de raças as
mais diversas, que se infiltra dia a dia no povoamento do sólo. Para os filhos
desses imigrantes, principalmente, é preciso escrever obra nossa, eminentemente
nossa, que retrate de maneira a mais viva o Brasil de hoje, de hontem e de
amanhã. O ensino proporcionado pelas escolas oficiaes ou particulares deve ser
essencialmente nacional. A propria literatura infantil necessita de
preocupar-se, exclusivamente, com assuntos brasileiros."
O ensino de história devem formar o patriota, mais que converter o
imigrante em brasileiro deve proporcionar a formação nacional. Martinez no seu
primeiro relatório enquanto Inspetor Geral do Ensino no Paraná, já evidenciava
esta questão de diversas "raças", pois considerava que o ensino das
escolas estrangeiras “desnacionalisa a infancia” (PARANÁ, 1921, p.23). Não
foram encontradas menções ou referências nos textos analisados de que Martinez
fosse contra a imigração ou contra qualquer "raça", apenas suas
críticas dirigidas às escolas estrangeiras, que deveriam ao seu ver ser
fechadas (PARANÁ, 1921, p.24), e a preocupação com a formação dos filhos dos
imigrantes, conforme se observa na apresentação do livro.
No primeiro capítulo do livro, "Uma grande
cidade", os turistas americanos visitam a Capital paulista. Na primeira
frase do diálogo há a exclamação: " - Como é grande S. Paulo!"
(MARTINEZ, 1932, p.5). Neste diálogo, entre os Srs. Kendal e Wilson, e Sr.
Campos, descrevem sua visita a Capital, e conforme o "auto" (carro)
ia rodando pela cidade "...as exclamações explodiam seus lábios."
(MARTINEZ, 1932, p.5). Os americanos no texto comparam São Paulo a Chicago, e
no deslocamento, vão sendo citados diversos bairros: Vila Mariana, Jardins
Paulista, Vila Pompéia, Perdizes, Lapa, entre outros. As qualidades são de
grandiosidade, tudo é na casa das centenas de automóveis, bondes, pontes e
milhares de casas e pessoas, atributos de progresso, tecnologia e modernidade.
As imagens presentes no texto são do Edificio Martinelli, qualificado por Martinez (1932, p.9)
como um arranha-céu: "...talvez a maior construção de cimento armado do
mundo." A imagem impressa no livro é notadamente distorcida apresentando
um pé direito mais alto, dando mais altura que uma imagem comum, artifício que
não é utilizado nas outras imagens do livro.
O Edifício Martinelli foi projetado pelo arquiteto Wilmos Fillinger,
húngaro formado em Viena, e construído pelo Comendador Giuseppe Martinelli,
possuí 105 metros e foi o maior arranha-céu da cidade até 1947, ultrapassado
pelo Edifício Joseph Gire. As
outras imagens são vistas parciais da Igreja de São Bento e do Braz, designado
como o "bairro das industrias" (MARTINEZ, 1932, p.12). As imagens
fotográficas visam fornecer uma prova visual da grandiosidade da cidade, uma
demonstração do poder econômico e político.
No capítulo seguinte intitulado "Salve, São
Paulo!" Martinez exclama a história da primitiva São Paulo de Piratininga.
Nesta história, o Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo estadual, foi o
local onde D. Pedro I, ainda príncipe teria se hospedado, e como afirma
Martinez (1932, p.15): "Poucos dias depois de nele ter habitado, proclamou
a independencia e ali, dentro daquelas paredes, escreveu o Hino da
Independencia e lavrou os primeiros atos de seu Governo, inclusive a formação
do exercito nacional." A estrutura da escrita sugere que a independência
ocorreu por ter habitado o Palácio, e este serviu de inspiração do hino e para
a formação do exército. Nas páginas seguintes, anuncia o grito do Ipiranga,
realizado em terras paulistas, e retoma a história de São Paulo e a presença
dos jesuíticas: Manoel de Paiva, Manoel da Nóbrega e José de Anchieta.
(MARTINEZ, 1932, p.17). Estes responsáveis pela criação da cidade, na qual
resolveram ficar e em 25 de janeiro 1554, realizam a missa solene para fundar a
"futura cidade", e por ser dia consagrado a São Paulo, o povoado foi
batizado com este nome. (MARTINEZ, 1932, p.18).
O terceiro capítulo "Uma palestra
interessante" trata de uma palestra realizada para empresários no Hotel
Esplanada, onde apresenta as benfeitorias realizadas em São Paulo, encerrando
com os caminhos que levam a Santos: a São Paulo Railway e a "Estrada do
Vergueiro", que foi a principal rota rodoviária que ligava São Paulo a
Santos até a construção da Via Anchieta em 1947.
O quarto capítulo denominado "Informações
Preciosas" continua trazendo informações a respeito de São Paulo, tendo
início num passeio dos personagens após o jantar, pela esplanada do Teatro
Municipal. Martinez (1932, p.27) destaca a iluminação pública por luz elétrica,
o viaduto "...coalhado de povo, de bondes e de autos", o Teatro
Municipal e o Palácio da Light, a Praça do Patriarca e a Praça da Catedral.
Martinez (1932, p.28-30) imprime no texto a grandiosidade da nova Catedral, que
será "...o maior e mais belo templo da América do Sul."
No próximo capítulo "O Ipiranga", os
personagens partem para Santos, mas antes passam pelos local histórico da
independência. Ao descer a rua da Glória, Martinez (1932, p.34) apresenta:
"Agora, em vez de casas de negócio, eram grandes fábricas, muitas das
quais iluminadas. Em São Paulo trabalha-se dia e noite." Desta forma,
Martinez (1932) promove a mística de uma cidade moderna, industrial, onde o
trabalho nunca para.
Os livros didáticos
tornam-se potenciais explicadores não apenas como profusão das políticas
estatais, mas enquanto elementos formais voltados à formação das mentes, quanto
aos primeiros anos escolares, tornam-se instrumentos simbólicos, culturais e
políticos, sobre os quais se pode apropriar um determinado projeto, determinadas
concepções de homem e sociedade, revelando enlaces e seus embates na superação
de dada situação ou sua mera conformação. As marcas foram encontradas com maior
incidência em alguns autores, que proclamaram diferentes formas de pensar a
paulistanidade. Refletir sobre o passado implica em atuar sobre seus objetos.
"Assim, a ação de
pensar sobre o tempo passado, a constituição de crenças, costumes, do próprio
cotidiano envolvem diferentes tipos de julgamentos, tidos como verdades, mas
foram construídas sobre uma suposta premissa de serem únicas, onipotentes, numa
congregação analógica. Uma construção sobre este imaginário social parte da
verdade se constitui como objeto histórico concreto, uma vez que se materializa
nas relações sociais as quais representa e é representado. Transforma-se num
instrumento vivo e vive constante nas diferentes relações sociais, torna-se
político, recorrente nas diferentes relações de poder." (ABBEG, NICARETA,
2016a, p.2)
A existência de marcas do regionalismo paulista encontradas em livros
publicados por diferentes editoras, não permite afirmar que houve uma ação de
intervenção política pelo viés editorial. A própria incidência destas marcas em
diferentes autores, editoras, mesmo que pontualmente permite afirmar que o imaginário
constituiu-se a partir da imagem de progresso, desenvolvimento e modernidade.
Elementos que convergiram para constituir uma imagem da paulistanidade,
proclamada, impressa e difundida nas escolas paulistas no referido período de
estudo.
Referências
Valter
Andre Jonathan Osvaldo Abbeg – Mestre em Educação (UNIFESP), e, Pedagogo da
Rede Estadual de Ensino do Paraná e Professor da Rede Municipal de Araucária.
ABBEG, V. A. J. O.; NICARETA, S. E.. Anonimato literário e imaginário
feminino: a obra "Cartas sobre a educação das meninas" (1838).
ENCONTRO NACIONAL DISCURSO, IDENTIDADE, SUBJETIVIDADE. Anais do Encontro Nacional Discurso, Identidade e Subjetividade,
Teresina-PI, 27 a 29 de abril de 2016a. Teresina: UFPI, 2016. p.1-12.
ABUD, K.M. Progresso e trabalho: da vila bandeirista à Chicago
brasileira. Revista USP, São Paulo, n.63, p.94-101, set.-nov. 2004.
Disponível em https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/13370/15188
Acesso em 22 jul. 2017.
ADUCCI, C. C.. A "Patria Paulista": o separatismo como
resposta à crise final do Império Brasileiro. São Paulo: Arquivo do
Estado/Imprensa Oficial, 2000.
BITTENCOURT, C. M. F. Pátria, civilização e trabalho: o ensino de
história nas escolas paulistas (1917-1939) São Paulo: Loyola, 1990.
BITTENCOURT, C. M. F. Livro
didático e saber escolar (1810-1910). Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
CERRI, L.F. Non ducor, duco. A ideologia da paulistanidade
e a escola. Campinas, 1996. 214 fls. Dissertação (Mestrado em Educação -
Metodologia de Ensino) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996.
COELHO, G. L. S. O bandeirante que caminha no tempo: apropriações
do poema “Martim Cererê” e o pensamento político de Cassiano Ricardo. Goiânia,
2015. 368 fls. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal de Goiás,
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FREITAG, B.;MOTA, V.R.; DA COSTA, W.. O livro didático em questão.
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MARTINEZ,
C. A linda história do meu paiz.
2.ed. Rio de Janeiro; São Paulo; Belo Horizonte: Editora Francisco Alves, 1932.
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NICARETA, S. E.; ABBEG, V. A. J. O.. Imaginário social e literacia na
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VEYNE, P. Acreditavam os gregos
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em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/133>.
Acesso em: 1 set. 2016.
Bom dia! Interessante o artigo sobre São Paulo de 1932. Foi um periodo em que o Varguisno estava no inicio, tentanto se concretizar na politica nacional, e a oligarquia cafeeira paulista via-se ameaçada. Minha duvida: Houve um movimento separatista paulista em 1932?
ResponderExcluirOuve uma moção separatista na convenção do PRP em 1887. Em 1932 há discursos ufanistas sobre a grandeza de São Paulo e alguns artigos em jornais trazem a tese do separatismo, mas, não ganha força e reverbera-se apenas o discurso constitucionalista. Neste período o Pavilhão Paulista criado em 1922, inspirado na bandeira de Julio Ribeiro, retorna como símbolo do Estado e elemento de dissociação entre outros ícones que transparecem no período.
ExcluirOlá, Valter Abbeg. Parabéns pelo trabalho acerca da escrita de livros didáticos de História. Recentemente eu escrevi sobre a escrita de livros por José Scaramelli e também encontrei essa dimensão de fortalecimento da identidade paulista. Assim, gostaria que, se possível, falasse mais sobre duas questões:
ResponderExcluir1) as possíveis aproximações da escrita da história de César Martinez com outros autores contemporâneos.
2) Considerando o envolvimento de Martinez nos projetos de modernização da educação no Paraná, até que ponto esse livro reverbera uma proposta modernizadora.
Saudações e parabéns!
Cordialmente,
Magno Francisco de Jesus Santos
Bom dia, vejamos: 1) Até o momento encontrei poucos autores contemporâneos à Martinez que enaltecem a posição de São Paulo perante o nacionalismo pujante. Um deles é J.Pinto e Silva, mas, em menor grau na série graduada "Minha Pátria"; 2) Cabe outra consideração, qual modernidade? A modernidade literária como movimento de rompimento com o classismo não aparece na respectiva obra, uma vez que faz uso de recursos discursivos de uma narrativa convencional. Se considerar a modernidade como elemento de transformação, revolução, rompimento, na perspectiva de Berman, não se pode afirmar com precisão, uma vez que não podemos encaixar o conceito neste contexto histórico. A visão de modernização de Martinez a frente da Inspetoria Geral de Ensino, nos anos de 1920 e 1921, era a visão de vanguarda paulista no ensino; argumento que foi polinizado pelas "missões de professores paulistas" nas décadas de 1910 e 1920, argumento de Carlos Monarcha; mas, cabe salientar que este movimento está mais próximo da pedagogia moderna de Sampaio Dória que decorrente da Educação Nova nos anos seguintes.
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