Geyso Dongley Germinari


EDUCAÇÃO HISTÓRICA E INTERCULTURALIDADE: A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS EM FOCO


O texto tem como objetivo apresentar resultados parciais de um estudo exploratório sobre as ideias de jovens sobre os conceitos substantivos de História no ensino Médio. A investigação faz parte do projeto de pesquisa mais amplo, intitulado: O pensamento histórico de jovens de escolas da região centro-oeste do estado do Paraná, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O trabalho insere-se no campo teórico da Educação Histórica, cujo foco volta-se aos processos de aprendizagem histórica em contextos de escolarização, tendo como pressuposto que a intervenção na qualidade da aprendizagem requer o conhecimento sistemático das ideias históricas dos estudantes e professores. Os dados foram recolhidos por meio de questionário semiestruturado e a abordagem orientou-se pelos princípios da pesquisa qualitativa. A análise dos dados aponta que as ideias dos jovens sobre conceitos substantivos de História são diversificadas e se aproximam do conceito de interculturalidade.   


Introdução
  
Este texto apresenta resultados de investigação realizada no âmbito do projeto de pesquisa O pensamento histórico de jovens de escolas da região centro-oeste do Estado do Paraná, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), campus Irati-PR. A pesquisa de caráter exploratória contou com a colaboração de grupo de jovens estudantes do Ensino Médio, do Instituto Federal do Paraná, campus cidade de Irati-PR, os quais responderam um questionário fechado com perguntas sobre conteúdos de ensino na disciplina de História, denominados pela pesquisa em Educação Histórica de conceitos substantivos.

A Educação Histórica, como campo de investigação, inseri-se no universo mais das pesquisas em ensino de História, seu interesse de analise e intervenção volta-se aos processos de aprendizagem histórica em diferentes níveis escolares, “[...] sob o pressuposto de que a intervenção na qualidade das aprendizagens exige um conhecimento sistemático das ideias históricas dos alunos, por parte de quem ensina (e exige também um conhecimento das ideias históricas destes últimos)” (BARCA, 2005, p. 15).

A pesquisa sobre a aprendizagem histórica, na perspectiva da Educação Histórica, referencia-se nos princípios e conceitos da ciência histórica, esse caminho de análise parte do pressuposto da existência de processos cognitivos particularmente históricos que podem ser compreendidos pela filosofia e teoria da História.  É nessa perspectiva “[...] que se pode falar da existência de uma aprendizagem situada na História e da necessidade de se conhecê-la, a partir da investigação e análise” (SCHMIDT; BARCA, 2009, p. 13). A cognição situada na ciência da História envolve a compreensão de conceitos de tempo (mensuração, continuidade, mudança), o estabelecimento de causalidades, a busca do passado por meio de fontes escritas, visuais, orais e materiais, também abarca atividade de seleção fontes de acordo com níveis de validade e produção de inferências sobre fontes diversas.

O que se busca é compreender como alunos e professores pensam o conhecimento Histórico, em outras palavras, as investigações buscam conhecer as ideias desses sujeitos acerca da natureza epistemológica da História, de modo que os resultados obtidos, por meio da pesquisa, orientem a intervenção na cognição histórica dos alunos, para que eles qualifiquem sua aprendizagem e compreendam a História como um conhecimento específico dotado de objeto próprio, metodologias de pesquisa e vocabulário característico.

Assim, interessa à Educação Histórica investigar o modo como as crianças e jovens compreendem a disciplina História, no entanto, por essa questão “[...] entendamos que ela não está questionando os conteúdos, quanto os alunos sabem sobre quando ou onde algo aconteceu. Ao invés disso, a preocupação é com o que eles entendem que seja a História” (COSTA; OLIVEIRA, 2007, p. 156).

Hoje as investigações realizadas na perspectiva da Educação Histórica podem ser organizadas em três grandes grupos de pesquisa: a) análises sobre ideias de segunda ordem; b) análises relativas às ideias substantivas; c) reflexões sobre o uso do saber histórico.

A reflexão desenvolvida nesse capítulo enquadra-se no segundo grupo de pesquisas, cujos estudos avançam na compreensão da cognição histórica de ideias substantivas, ela concentra-se nos conceitos históricos, conhecidos na escola como “conteúdos de ensino”, foca suas reflexões em conceitos, como por exemplo, colonialismo, renascimento e revolução, bem como, noções particulares vinculadas a contextos específicos no tempo e no espaço, advindas de histórias locais, regionais e nacionais.

A análise das respostas dos jovens acerca dos conceitos substantivos no ensino de História permitiu inferir que as ideias expressadas são diversificadas no conteúdo e se aproximam da noção de interculturalidade.


Pressupostos teóricos da investigação

Os estudos desenvolvidos na perspectiva da Educação Histórica têm revelado a configuração do pensamento histórico (cognição histórica) de jovens e crianças em situações concretas de ensino-aprendizagem de história na escola. Assim, devido à relação direta da pesquisa em Educação Histórica com a realidade escolar, os seus resultados podem contribuir de modo significativo para prática de professores de História em todos os segmentos educacionais, particularmente, as investigações realizadas com jovens em vários países indicam que os professores podem ajudar as crianças a se relacionarem com o passado por meio da investigação histórica.

Na Inglaterra, pesquisadores como Peter Lee, Alaric Dickinson, Peter Roger, Denis Shemilt e Rosalyn Ashby realizaram investigações inovadoras sobre a cognição histórica fundamentadas na lógica da própria História, trazendo assim novas perspectivas para o ensino de História. Nesse grupo de pesquisadores, incluem-se os estudos dos britânicos Martin Booth e Hilary Cooper, que contribuíram de modo significativo para o campo da Educação Histórica no Reino Unido, entre os 70 e 90.  Os estudos de Boath partindo da lógica do conhecimento histórico buscou captar o sentido atribuído pelos jovens estudantes a um conjunto de imagens sobre História contemporânea, este instrumento de pesquisa revelou-se eficiente para coleta de dados acerca das ideias históricas dos alunos, influenciando largamente as investigações nessa área. Os trabalhos de Hilary Cooper sobre as ideias de crianças em Histórica têm inspirado pesquisas em vários países.

Peter Lee (2001) contextualiza o inicio dos estudos em cognição histórica situada na Inglaterra e no Reino Unido. De acordo com pesquisador, na década de 1960, havia o receio os alunos deixassem de estudar História, o que quase aconteceu, tal situação existia em decorrência de um currículo descentralizado, assim poucos estudantes escolhiam a disciplina de História. As crianças não gostavam das Histórias contadas na escola, achavam a disciplina maçante e inútil, preferiam as histórias da TV e dos livros.

Com o objetivo de superar tal situação, o Projeto 13-16, voltado para alunos de entre 13 e 16 anos, coordenado na sua última fase por Denis Shemilt propunha ensinar História em termos históricos, a partir do projeto houve um crescimento da disciplina. A partir desse projeto novas ideias surgiram sobre o ensino de História, tendo como preocupação questões como, que ideias os estudantes traziam para disciplina de História.

Diante desses resultados Peter Lee desenvolveu um modelo de progressão das ideias fundamentada na natureza da explicação histórica, modelo sofisticado por ele e Dickinson, no estudo Making Sense of History de 1984, com alunos de 8 a 18 anos, esse segundo estudo transversal abordou noções de empatia e imaginação histórica, fundamentais à explicação histórica.

Ashby, Dickinson e Lee coordenaram o projeto CHATA (Concepts of History and Teaching Approaches), cujo objetivo era investigar a compreensão histórica dos alunos. O estudo contou com uma amostragem de 320 alunos, de 6 a 14 anos de idade, de 3 escolas primárias e 6 escolas secundárias, eles responderam perguntas sobre compreensão de causalidades, empatia, objetividade da pesquisa histórica, evidência e narrativa. “Também vários investigadores, nos Estados Unidos e Canadá, têm dedicado a sua pesquisa a trazer à luz os critérios epistemológicos que estão na base do raciocínio histórico, quer entre jovens estudantes quer entre historiadores e pais de alunos. Estes investigadores têm realçado a natureza situada da construção do conhecimento histórico” (BARCA, 2001, p. 15). Esses pressupostos orientaram a investigação empírica sobre as ideias substantivas dos jovens.         

Analisando ideias substantivas de jovens

O estudo exploratório contou com a colaboração de 75 jovens, com idades, entre 14 e 17 anos, matriculados no Instituto Federal do Paraná, campus Irati, estabelecimento de ensino profissionalizante localizado no município de Irati, região centro-oeste do Estado do Paraná.

Dessa amostra, 41 jovens cursam o 1º ano do Ensino Médio, técnico de Agroecologia e 34 jovens cursam o 2º ano do Ensino Médio, técnico de Informática. Nessa etapa de investigação aplicou-se um questionário organizado em duas partes, a primeira com questões para coletada de dados socioeconômicos e a segunda com perguntas para os jovens expressarem suas ideias sobre os conteúdos de História. A maioria dos jovens participantes da pesquisa moram na cidade de Irati-PR (26 morram em municípios vizinhos), na área urbana (8 moram na zona rural) e não exercem trabalho remunerado.
        
Na segunda parte do instrumento, a seguinte questão foi apresentada aos jovens: Do que você estudou em História, o que considera mais importante?

Dentro do extenso programa da disciplina de História estabelecido pelo Instituto Federal do Paraná, campus Irati, para o ensino médio, os jovens indicaram uma relação de conteúdos, os quais julgaram serem os mais relevantes na formação histórica. Os resultados foram sistematizados na TABELA 1.

TABELA 1 – CONTEÚDOS CONSIDERADOS RELEVANTES PELOS JOVENS

CONTEÚDOS INDICADOS
QUANTIDADE DE INDICAÇÕES
HISTÓRIA DO BRASIL
29
GUERRAS
23
PRÉ-HISTÓRIA E ANTIGUIDADE
17
REVOLUÇÕES
09
COMPREENSÃO DO PRESENTE
05
IDADE MÉDIA
04
HISTÓRIA DO PARANÁ
02
HISTÓRIA LOCAL
02
HISTÓRIA DOS EUA
03
RELIGIÃO
02
ILUMINISMO
01
NÃO RESPONDERAM
11


É preciso destacar, os conteúdos indicados pelos 63 jovens (11 não responderam a questão) tomam como referência o universo de conteúdos trabalhados em sala, ou seja, aqueles conteúdos selecionados pela escola e oferecido aos jovens, por meio do currículo, do livro didático e da prática de ensino do professor, elementos articuladores da cultura escolar.

O teórico do currículo Michael Apple (1982, 1989) ressaltou o papel da cultura na escola e as relações com o desenvolvimento econômico que marcam os processos de seleção e distribuição do conhecimento escolar. Esse processo Williams (2011, p. 54) denomina “Tradição Seletiva”

“O que, nos termos de uma cultura dominante efetiva, e sempre assumida como ‘a tradição’, ‘o passado significativo. Mas sempre o ponto-chave é a seleção – a forma pela qual, a partir de toda uma área do passado e do presente, certos significados e práticas são escolhidos e enfatizados, enquanto outros significados e práticas são negligenciados e excluídos. De modo ainda mais importante, alguns desses significados e práticas são reinterpretados, diluídos ou colocados em formas que dão suporte ou, ao menos, não contradizem os outros elementos dentro da cultura dominante eficaz”.        
O contínuo fazer e refazer da cultura dominante acontece nos processos de educação; na formação social mais ampla, como a família; na organização do trabalho; nas práticas cotidianas; na tradição seletiva em um plano intelectual e teórico. Essas forças colaboram para manutenção da cultura dominante, operando de modo específico no contínuo trabalho de conformação dessa cultura dominante. Assim, a educação do tipo escolar, interesse particular desse texto, participa de forma significativa no processo de seleção, conservação e legitimação da cultura dominante.

Por sua vez, a escola ensina às novas gerações apenas uma parte restrita de toda a experiência humana coletiva. Os conteúdos de ensino, matéria-prima do trabalho pedagógico, são resultados de um processo histórico de seleção e manutenção de determinados elementos culturais em detrimento de outros. A educação escolar supõe sempre uma seleção no interior da cultura e uma transformação dos conteúdos da cultura destinados a serem ensinados às novas gerações.

Nessa direção, dentre os conceitos substantivos selecionados e trabalhados em sala de aula, a maioria dos jovens (29) compreende como mais relevante para sua formação histórica, conteúdos relacionados à História do Brasil, como descobrimento, colonização, ditadura, independência, colônia, imigração e formação de nação.  

Outro aspecto que merece atenção, apesar da baixa indicação, cinco jovens consideraram de modo genérico relevantes conteúdos de história que contribuem para compreensão do presente, como destacou Edgar, 15 anos, 2º ano do curso técnico de Informática: “Os acontecimentos importantes que fazem o mundo atual”. As ideias desses jovens aproximam-se da concepção de História como saber útil à compreensão do presente. O entendimento por parte dos alunos da História como um conhecimento específico é um princípio da Educação Histórica. Espera-se que o aluno aprenda alguns fundamentados epistemológicos da História, como: a História é uma ciência, com metodologia específica e sujeita as alterações do tempo; o conhecimento possível sobre o passado é sempre parcial, e elaborado a partir de testemunhos, muitas vez contraditórios; há diferentes níveis de análise sobre o passado, assim como, distintas elaborações conceituais, que caracterizam as correntes historiográficas; as explicações históricas são construídas a posteriori; cada geração ou indivíduo pode estabelecer novas questões e criticar o discurso histórico aceito.
        
Os jovens colaboradores da pesquisa responderam outra questão, formulada da seguinte forma: O que você gostaria de ter estudado nas aulas de história? A pergunta tinha como intenção captar ideias substantivas de história dos jovens para além do currículo trabalhado em sala. A quantidade de indicações por conteúdo foi organizada na TABELA 02.
         

TABELA 02 – CONTEÚDOS QUE OS JOVENS QUEREM ESTUDAR

CONTEÚDOS INDICADOS

QUANTIDADE DE INDICAÇÕES
NÃO RESPONDERAM

27
HISTÓRIA DE CONTINENTES, PAÍSES E CULTURAS

17
HISTÓRIA LOCAL E REGIONAL
07
PESQUISA HISTÓRICA

07
HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL

07
GUERRA E TECNOLOGIA

07
HISTÓRIA DO BRASIL

03
HISTÓRIA E GÊNERO

01


Um dado que chama atenção é o grande número de estudantes que não responderam à questão, 27 deixaram de responder num total 75 jovens que participaram da pesquisa.

Outro dado de destaque encontra-se na segunda linha da tabela, 17 jovens gostariam de estudar histórias de culturas diversas, de continentes e de outros países além do Brasil. A especificidade das ideias verifica-se com maior clareza, quando se observa diretamente as respostas de alguns jovens, como as apresentadas a seguir:


“Como era a vida da população que hoje habita o continente da Oceania”. (Gabriel, 15, 1º ano)

“Queria ter estudado sobre a America do Norte, mais a fundo como que virou um pais tão rico e poderoso”. (Carla, 15, 1 ºano)

“Estudar mais sobre nosso continente, estudamos mais os outros países e deixamos um pouco de lado o Brasil e a América do Sul”.  (Fabiana, 14, 1 ºano)

“História da Ásia”.  (Márcia, 15, 2 º ano)

“História de outros continentes além do americano e europeu”. (Yasmim, 15, 2º ano)

“História de países pequenos que são considerados ‘sem importância’ e não são passados”. (Carlos, 17, 2º ano)

“Um serie de eventos e culturas são desprezadas. As histórias dos povos asiáticos, oceânicos e escandinavos nunca são estudados, e o ensino se resume em História do Brasil, Idade Média, Revolução Francesa e Russa e Primeira e Segunda Guerras. Qualquer outra coisa seria interessante, especialmente sobre os povos citados acima”. (Julia, 16, 2º ano)



As ideias dos jovens apontam para a relação ensino de História e intercuturalidade, quando manifestam interesse pela cultura de outros povos, países e continentes (Asiático, Oceânico, Americano e Europeu).  Como define Castro (2009, p. 2304):

“A interculturalidade enquanto abordagem para a educação constitui-se como um conjunto de questões que emergem actualmente por força de um tempo marcado pela globalização. Interpelada pela Filosofia e Antropologia contemporâneas a interculturalidade propõe uma problematização que procura olhar o ser humano e as sociedades numa perspectiva aberta às ideias de diversidade e universalidade”.

Nesse sentido, o interesse pelas questões interculturais dos jovens potencializa as discussões históricas sobre cultura, identidade, alteridade e relação. “A abordagem intercultural implica uma forma de questionamento às diferentes áreas do saber, sendo por isso uma demanda epistemológica que aponta para a inscrição dos conceitos de diferença/diversidade, cultura/culturalidade, contacto/relação, universal/universalidade” (CASTRO, 2009, p. 2305).

Desse modo, as ideias históricas dos jovens podem fornecer pistas, caminhos para pensarmos a possibilidade de um ensino/aprendizagem de História pautada em relações interculturais. As concepções dos jovens apontam para novas seleções de conteúdos, que possibilitam a relação entre ensino de História e interculturalidade, que rompa com conteúdos vazios de sentido e significado para os jovens estudantes.

Considerações finais
                                        
As ideias substantivas dos jovens reveladas no estudo exploratório apresentam potencialidades interessantes para continuidade da pesquisa em Educação Histórica. Tanto as ideias substantivas vinculadas ao currículo ensinado e apreendido em sala de aula, quanto os conceitos substantivos desejados pelos jovens, como histórias de países e culturas diversas, evidência, que “O professor não está sozinho perante os saberes. Ele se relaciona com alunos que trazem consigo saberes, valores, ideias, atitudes. A consciência histórica do aluno começa a ser formada antes mesmo do processo de escolarização e se prolonga no decorrer da vida, fora da escola, em diferentes espaços educativos, por diferentes meios” (SILVA; FONSECA, 2010, p.31)

Ademais, as ideias substantivas expressadas pelos jovens na investigação fornecem indícios que podem orientar novas seleções de conteúdos e metodologias que promovam uma Educação Histórica embasada nos princípios da epistemologia da História, possibilitando aos jovens uma leitura histórica do mundo.  

Referências
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor Adjunto e pesquisador do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Estadual do Centro-Oeste, campus Irati, na mesma instituição coordena o Laboratório de Ensino de História (LEHIS), também é pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica (LAPEDUH), articulado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. E-mail: geysog@gmail.com


APPLE, M. W. Ideologia e currículo. São Paulo: Brasiliense, 1982.

APPLE, M. W. Educação e poder. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

ARENDT, H. A crise na educação. In: ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. 6 ed. São Paulo: Perspectiva, 2009. p. 221-247.

BARCA, I. Educação histórica: uma nova área de investigação. Revista da Faculdade de Letras, Porto, III Série, v. 2, p. 13-21, 2001.

BARCA, I. Educação Histórica: uma nova área de investigação? In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES DE ENSINO DE HISTÓRIA, 6., 2005, Londrina. Anais... Londrina: Atrito Art, 2005. p. 15-25.

CASTRO, J. I. C. C. A. de. A interculturalidade como categoria da consciência histórica - um estudo com jovens portugueses. In: X CONGRESSO INTERNACIONAL GALEGO-PORTUGUÊS DE PSICOPEDAGOGIA. 10., 2009, Braga. Actas... Braga: Uminho, 2009. p. 2304-2316.    

COSTA, A. L.; OLIVEIRA, M. M. D. O ensino de história como objeto de pesquisa no Brasil: no aniversário de 50 anos de uma área de pesquisa, notícias do que virá. Saeculum – Revista de História, João Pessoa, n. 16, p. 147-160, jan./jun. 2007.

LEE, P. Progressão da compreensão dos alunos em história. In: PRIMEIRAS JORNADAS INTERNACIONAIS DE EDUCAÇÃO HISTÓRICA. Perspectivas em educação histórica, 1., Braga. Actas... Braga: Uminho, 2001. p. 13-27.

SCHMIDT; M. A.; BARCA, I. Apresentação. In: SCHMIDT; M. A.; BARCA, I. Aprender história: perspectivas da educação histórica. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009. p. 11-19.

SILVA, M. A. da; FONSECA, S. G. Ensino de história hoje: errâncias, conquistas e perdas. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 31, n. 60, p. 13-33, 2010.

WILLIAMS, R. Cultura e materialismo. São Paulo: Editora Unesp, 2011.  



15 comentários:

  1. JULIANNA RODRIGUES DOS SANTOS8 de abril de 2019 às 16:59

    Levando em conta o resultado das pesquisas, o Sr acha que podemos afirmar que o estudo da história é supérfluo nas escolas? Que é mais para "preencher tabela" do que efetivamente transmitir um conhecimento rico e útil a sociedade?

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    1. Prezada Julianna, podemos pensar o problema em termos de cultura escolar, a desvalorização da disciplina passa (não unicamente) pela escolarização da disciplina (via currículo, livro didática, práticas de ensino) construída no âmbito da cultura escolar e da escola, os jovens desvalorizam uma certa história ensinada na escola, mas indicam, ainda que de modo tímido, uma outra história, talvez mais próxima da sua cultura juvenil contemporânea, mas longe da cultura escolar.
      Geyso Germinari

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  2. Professor Geyso.
    Estava pensando se o fato dos jovens estudantes indicarem que gostariam de aprender mais conteúdos voltados às diferentes culturas teria alguma relação com a ideia de Snyders (1988), no sentido de representar “um grito” destes estudantes que não encontram uma ressonância de sua própria cultura dentro da cultura escolar constituída? Se aproximando de um apelo, não apenas como meio para a compreensão da realidade vivida, mas também como possibilidade para novas maneiras de ser e agir no mundo.
    Atenciosamente.
    DANIELE SIKORA KMIECIK

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    1. Concordo plenamente, penso que sua reflexão é o caminha para continuidade da análise apenas iniciada pelo artigo, fica evidente a existência de uma certa resistência a escolarização da disciplina de história (via currículo, livro didática, práticas de ensino) o que não anula a possibilidade de uma reconfiguração da disciplina apontada pelos próprios jovens, quando indicam interesse por conteúdos totalmente diferentes daqueles apresentados pela escola.
      Geyso Germinari

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    2. Obrigada Professor Geyso. Cada vez mais o professor, precisa incluir no currículo, conteúdos que atendam as demandas de interesse dos estudantes. Certamente, não se trata de uma tarefa fácil.

      DANIELE SIKORA KMIECIK

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  3. Parabéns pela comunicação, professor Geyso!

    A consciência histórica é um fenômeno que envolve a orientação e percepção do tempo, segundo Rüsen. Como os discentes ganham consciência de sua orientação e percepção do tempo quando visualizam contextos históricos representados em filmes, séries etc?

    Obrigado!

    Comentário de: Nikolas Corrent

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  4. Olá Nikolas, os alunos podem desenvolver sua consciência histórica no sentido de uma consciência mediada pela ciência da história, trabalhando filmes, séries e outras linguagens imagéticas como fontes históricas, assim podem subsidiar as análises das narrativas contidas nos filmes e séries e orientar outras narrativas construídas pelos alunos, momento em que podem expressar suas consciências históricas.
    Geyso Germinari

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  5. Olá Nikolas, podemos desenvolver a consciência histórica dos alunos, no sentido da ciência histórica, quando trabalhamos com os filmes, series e outras linguagens imagéticas como fontes históricas, compreensão que pode orientar a leitura das narrativas imagéticas e a construção de outras narrativas pelos alunos, momento em que ele expressa sua consciência histórica.
    Geyso Germinari

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  6. Inicialmente tecer o agradecimento ao trabalho pela abordagem da problemática que faz parte do contexto de estudante de graduação em licenciatura e desafios ao exercício da docência. Posto isso, minha questão está relacionada a aplicabilidade da interculturalidade musical como ferramenta didática e aproximação com a realidade e condições de ensino-aprendizagem, de modo que essa permeia acontecimentos históricos e constrói também a identidade de certos grupos, porém de modo que ressaltar em que não seja vista com o viés erudito e de pouco acesso a boa parte dos discentes ou ainda como veículo meramente comercial e lucrativo, para além, significar a reflexão?

    Att: Gabriela Grilo de Almeida Cordeiro

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  7. LAISA QUADROS DA COSTA11 de abril de 2019 às 13:44

    Obrigada pelo texto, pela pesquisa e reflexões, sou professora de Direito do Estado do RS, no Curso Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio, onde faço estudos históricos tentando provocar que os alunos façam relações com o Direito, principalmente sobre os nossos Direitos Humanos, desenvolvendo uma consciência histórica que os permita significar o passado no presente, auxiliando nas suas escolhas e práticas que possibilitem um melhor viver em sociedade. Nestes estudos após visualizar as fragilidades elaboramos projetos para aproximar os alunos da realidade assim como você sugere na pesquisa. Parabéns por ouvir os alunos e neste contexto, gostaria que me respondesse se na pesquisa realizada foi possível identificar essa ligação entre o Direito e a História e o que você pensa a respeito? Grata!

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  8. Ola Geyso... caro amigo!!! Passo aqui para não exatamente levantar questões ou propor um debate! Mas, sobretudo em saber que estamos compartilhando espaços similares nesse Simpósio. Parabéns pelo trabalho e pelo sempre desafio em analisar a Educação Histórica e o papel dos educadores nos mais diversos espaços da educação! Força nas caminhadas!!!
    Grande abraço! (Filó)

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  9. A Educação Histórica possui investigações que dialogam com as discussões e pesquisas das relações raciais e educação na sociedade brasileira?
    Att, Luzinete Santos da Silva

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  10. Olá, desde de já o parabenizo pela ótima pesquisa.
    Quando em sua pesquisa mostra que os jovens (indicaram 02 alunos) julgam serem os mais relevantes na formação histórica a história local, sendo que na segunda tabela 2 as indicações de que os mesmos gostaria de ter estudado nas aulas de história, pula para 07, o estudo da história regional e local. Qual a importância do ensino de história local tem para você para uma melhor consciência histórica do aluno? A partir de sua analise esse interesse em “Estudar mais sobre nosso continente, estudamos mais os outros países e deixamos um pouco de lado o Brasil e a América do Sul”. (Fabiana, 14, 1 ºano) pode ser considerado que esse aluno não perceba a relevância de seu país na história?

    Obrigada!


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  11. Boa Noite Prof. Geyso,

    Parabéns pelo estudo interessantíssimo que o senhor realizou, com as respostas dos estudantes podemos ter um parâmetro do que está sendo trabalhado nas escolas e o que eles pensam a respeito dos conteúdos. Nessa perspectiva, acredito que é muito importante esse desejo de conhecer os diferentes povos e culturas, não somente a eurocêntrica pregada no ensino tradicional e ainda em evidência em muitas escolas. Logo, é possível afirmar que estão sendo desconstruídos paradigmas acerca do conhecimento histórico? Para o senhor, a BNCC, no que se refere ao ensino de História, e que está em processo de implementação nas instituições escolares, leva em consideração essa interculturalidade?

    Atenciosamente,
    Laís Francine Weyh

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