Jean Carlo Lima de Moura


EGITO: CIVILIZAÇÃO DAS LETRAS E DAS ARTES


No Brasil, quando pensamos em educação, infelizmente vem à mente os péssimos índices que elencam o país nas últimas posições de rankings como o Pisa, ciências 63° posição, leitura 59° e matemática 66° de 70 países. A desvalorização do ensino se observa quando o assunto é piso salarial, enquanto temos como parâmetro de vencimento o estabelecido pelo Ministério da Educação R$ 2.557, 74, para quarenta horas semanais de trabalho a partir de primeiro de janeiro de 2019, ainda existem estados, Goiás é um deles (certame 2019 – vencimento R$1.753,31), insistem em realizar seleções de professores onde o salário para mesma carga horária não chega nem próximo do piso nacional da categoria.

É importante refletir-se sobre a história e desvelar detalhes que intrinsecamente são primordiais a se construir uma sociedade que desenvolva seu potencial, tenha qualidade de ensino e garanta oportunidades igualitárias a todos, nesse sentido historiadores e arqueólogos trazem à luz a grandiosidade da Civilização Egípcia, mais de três mil anos de ocupação humana na crescente fértil do Nilo. Conhecidos por suas enormes pirâmides, suntuosos palácios como o de Karnak em Luxor, ou pelo zelo e dedicação às artes tão maravilhosamente representados pelas tumbas do Vale dos Reis na região de Tebas.


Fig. 1

Mais do que isso, os egípcios desenvolveram ao longo de sua história, um dos mais fabulosos códigos de escrita da humanidade: os hieróglifos. Mas não foi o único, em papiros os textos sacerdotais e religiosos eram escritos na linguagem hierática, um formato cursivo de hieróglifo, sem a simetria dos pictogramas hieroglíficos, uma escrita mais livre e didática. Com o passar das eras e dinastias egípcias, a linguagem escrita do cotidiano foi sendo padronizada para melhor administração em todo o Egito, a escrita demótica (de demos - povo), assim chamada, foi uma evolução do hierático egípcio, ainda mais rápida, cursiva e abstrata. Em destaque imagem do deus Thot protetor e patrono dos escribas egípcios:


Fig. 2

Educação, um fator de orgulho e distinção social
Profissionais da educação metódica e institucionalizada eram os escribas, uma classe valorizada na pirâmide social egípcia, apenas oficiais, sacerdotes e a realeza tinham prestígio superior. De acordo com o historiador pela USP e especialista em Egito Antigo, Thomas de Toledo, o salário de um escriba era da ordem de 7,5 khar de cereais, uma família necessitava 66 khar de cereais para seu sustento ao ano, o salário de um escriba era equivalente a 576 litros, ou 1365 gramas de cobre, 22,8 gramas de prata, o mesmo que 11,4 gramas de ouro (em época de Ramsés IX 6,82 gramas de ouro), somente os altos postos do exército e capatazes recebiam esta quantia. Era uma profissão invejável, em todo o Egito o escriba era quem tomava nota de tudo, seja no comércio, na contabilidade, na administração pública, nas expedições e viagens de contatos com outros povos, durante guerras, e por vezes era o único meio de se ascender socialmente, superando a profissão e classe social dos pais.


Fig. 3

“Os materiais de trabalho dos escribas eram uma paleta com reentrâncias para pedaços sólidos de pigmento vermelho e preto, um recipiente com água, que podia ser uma bolsa de couro ou um pequeno pote, e um cálamo de junco. A paleta era normalmente feita com um pedaço retangular de madeira ou pedra. Suas dimensões podiam variar entre 20 e 43 centímetros no comprimento, entre cinco e oito centímetros na largura e entre um e cinco centímetros na espessura. Numa das extremidades havia duas ou, às vezes, várias cavidades para conter as tintas na forma sólida. Entre as paletas encontradas pelos arqueólogos muitas continham inscrições a tinta em hierático, as quais parecem ser anotações administrativas feitas pelo próprio escriba, tais como medidas, nomes, contas, registro de mercadorias, etc. Outras paletas contém inscrições em hieróglifos, geralmente invocando o deus Thoth, deus da escrita e da sabedoria e divindade tutelar dos escribas, o que parece indicar que faziam parte do equipamento funerário de seus donos. A tinta preta era feita com carvão ou fuligem e a vermelha com ocre dessa cor finamente moído. O branco se obtinha do carbonato ou sulfato de cálcio, enquanto o azul e o verde eram produzidos com uma combinação de sílica, cobre e cálcio. Os ingredientes eram misturados com uma solução fraca de cola, gelatina, cera ou clara de ovo, de forma a endurecerem ao secar. Ao escrever o profissional misturava água à pasta do pigmento, como fazem as crianças de hoje com as suas aquarelas. O cálamo era feito de uma haste de junco, com cerca de 15 a 25 centímetros de comprimento. Sua ponta era cortada obliquamente e depois mordida pelo escriba para quebrar as fibras. Os cálamos eram guardados em uma ranhura cavada na parte central da paleta. Tais ranhuras podiam, às vezes, conter uma tampa corrediça, como os estojos escolares de plástico, ainda hoje utilizados pelas crianças. As pinturas eram feitas com pincéis, enquanto linhas finas eram frequentemente desenhadas com estiletes de madeira. Todo esse material o profissional da escrita carregava dentro de caixas de madeira ou de bolsas de couro.” [in Netto, 2016]


Fig. 4

Eram centenas de símbolos hieroglíficos que o jovem estudante, escriba em formação, deveria aprender, iniciavam aos quatro anos e permaneciam na escola por mais doze. O regime de estudos era bastante rígido e criterioso, ensinava-se aritmética (o papiro Rhind é um excelente exemplo da cultura matemática no antigo Egito), geometria, processos administrativos, agrimensura, arquitetura, mecânica, literatura, história, desenho e o domínio da língua escrita.


Fig. 5

Literatura, paixão do povo egípcio
Uma das mais conhecidas crônicas que estabelece o fascínio pelas letras e da formação das escolas para escribas é a Instrução de Kheti a seu filho Pepi, também conhecida como a Sátira das Profissões por super valorizar a profissão do escriba em detrimento a todas as outras consideradas inferiores e aviltantes. O único papiro completo é o Sallier II, que encontra-se no Museu Britânico.


Fig. 6

Sua história conta que numa viagem ao sul, um homem chamado Kheti leva seu filho Pepi, de sua casa para a residência real, com o objetivo dele iniciar seus estudos na escola de escribas, junto aos filhos dos magistrados. Pelo caminho detalha uma série de profissões ao filho que em seu entendimento são inferiores aos escribas. São caracterizadas de modo muito realista, por vezes em tom pejorativo, satírico, comparando-as aos escribas, considera a melhor das profissões já no início de sua explanação. Ao final, ressalta que cada um deve aceitar o destino reservado para si, para não ir contra os deuses e a ordem natural das coisas, o maat. Detalhe, oficina de escribas:


Fig. 7

A beleza da escrita é vista como uma arte, Kheti diz que fará seu filho amar mais a escrita que a própria mãe. Em sua narrativa, Kheti esmiúça cada profissão e suas características severas, o pescador está ao alcance dos crocodilos; o oleiro com o corpo e os olhos está o tempo todo no calor das fornalhas, tem os dedos putrefatos; se um tecelão perde seu dia de trabalho recebe cinquenta chicotadas; mesmo com todo o pesado trabalho do carpinteiro, ele não leva o suficiente aos seus filhos; o apanhador de canas tem os braços cortados, o corpo chacinado por moscas e mosquitos que o afligem; o barbeiro trabalha até tarde da noite e perambula pelas ruas desesperado procurando alguém a barbear; o entalhador de gemas produz belas jóias porém ao finalizar seu trabalho, seus braços estão arruinados pelas duras pedras preciosas. São mais de trinta profissões detalhadas por Kheti a seu filho, todas demandam grande esforço físico, são descritas como em contato com a imundície ou porventura enfrentamento de grandes perigos, como é o caso do mensageiro que sendo enviado ao exterior pode não mais voltar, seja pelo perigo dos asiáticos (povos do Levante e Pérsia), ou sendo vítima de leões. Kheti evidencia as vantagens da profissão de escriba e faz um adendo à condição superior que esta possui devido ao fato de não possuírem chefes, escribas são seus próprios patrões.  


Fig. 8

Este texto literário egípcio não apenas demonstra com riqueza de detalhes as profissões do Egito antigo, mas também é a lição de ética, moral e retidão de um pai a seu filho. Kheti orienta Pepi a evitar os brigões; fugir de fofocas; não dizer mentiras; comer e beber moderadamente; respeitar os altos dignitários; ser ponderado e respeitoso. Ensina Pepi a andar com “os filhos dos homens”, aprender a ouvir, para ser valoroso de coração. Ressalta que ao escriba não falta comida ou bens no palácio real.  


Fig. 9

As Instruções de Kheti representam um momento de ouro das escrituras egípcias, o amor pela escrita é visivel nas inúmeras obras literárias e narrativas, como A Instrução de Ptahhotep; O Conto do Náufrago; Os Contos da Corte do rei Quéops; O camponês Eloquente; e o clássico escolar As Aventuras de Sinué. São dois papiros que representam a história completa de Sinué, o papiro B (recebe este nome por encontrar-se no Museu Egípcio de Berlim), e o papiro R, por ter sido encontrado em 1896 por J. E. Quibell no templo Ramesseum, templo de Ramsés II, em uma caixa localizada num túmulo dos finais do Império Médio, situada sob os armazéns do templo, que continha diversos papiros literários. O que demonstra o amor egípcio pela literatura, estes papiros manuscritos foram cuidadosamente armazenados como valiosa relíquia por aqueles que as possuíram em vida. Tais textos eram reproduzidos e recopiados nas escolas preparatórias para escribas como parte do currículo da formação.  


Fig. 10

Sinué foi uma história escrita em língua egípcia clássica e em hierático, conta a história do membro da guarda real do harém que devido a tensões políticas, a morte do rei Amenemhat I e a ascensão ao trono de Sesóstris I, temendo por sua vida, acaba sendo forçado a abandonar o Egito, após a difícil travessia do Sinai, refugia-se na Palestina. Torna-se genro e homem de confiança do rei do país de Retenu Superior (no alto Líbano), Amunenchi, que o põe à frente de suas tribos e no comando de suas tropas. O prestígio e a riqueza de Sinué não param de aumentar, principalmente após o duelo contra um herói local que o havia desafiado, tornando-se assim ainda mais rico e poderoso. Após conquistar toda honra, riqueza e poder que seu país adotivo pode proporcionar, Sinué com saudades de sua terra natal, pede ao faraó do Egito que lhe permita voltar. O rei Sesóstris não apenas concede o retorno a Sinué como o trata de modo afetuoso deixando-o emocionado. O relato termina com o encontro no palácio real, a reinstalação de Sinué na corte e até o tranquilo fim de sua vida.


Fig. 11

Hieróglifos, a perfeição da técnica
Nesse contexto de intensa valorização da educação e formação dos escribas, ocorre a evolução das escrituras egípcias, os hieróglifos foram aperfeiçoados para servirem aos mais distintos fenômenos da vida cotidiana e social. Em templos e tumbas onde o efeito da decoração era descritivo, os hieróglifos eram frequentemente executados com o detalhe mais elaborado e belamente colorido. Em estelas de pedra e similares, os sinais são encravados, ou mais raramente em relevo, sem marcas interiores. No papiro, os contornos eram, por outro lado, abreviados em uma extensão muito considerável. A categoria às vezes chamada por semi-cursiva, ou escrita de livros, também encontrada em narrativas hieráticas era bastante rara em inscrições ligadas a cenas ilustradas.


Fig. 12
(CAMINOS, 1976)

Os exemplos 1 e 2 são hieróglifos encravados em pedra com elevada simetria, regras de posicionamento e exatidão das formas, já no exemplo 3a são hieróglifos encravados, usualmente em madeira ou metal, porém mais cursivos que os exemplos anteriores. Os exemplos 3b e 4 são tipicamente cursivos para escritas em papiros ou ostracas.

Egito, superpotência da antiguidade
Com o desenvolvimento do demótico como língua escrita e falada, a parcela da população letrada aumentou significativamente, muitas mulheres e rainhas egípcias como Nefertari, Nefertiti e Cleópatra VII, sabiam ler e escrever. Aos iletrados, restava a leitura e a encenação pública das narrativas e épicos da literatura egípcia, levando o lazer às pessoas mais comuns. No detalhe, imagem entalhada da tumba do general e faraó Horemheb em Sacara, é postulado por egiptólogos serem garotas escribas realizando o registro dos espólios de guerra após domínio da Núbia:


Fig. 13

“O ensinamento no Egito não era feito apenas para a formação de escribas. Eram necessários professores nos palácios reais, para os príncipes e princesas de sangue real, bem como para os filhos de monarcas estrangeiros que lá iam estudar. As residências provinciais dos governadores, inspiradas sempre no modelo do Faraó, tinham as mesmas exigências. Os templos, de outra parte, demandavam os escribas versados nas ciências sagradas, que pudessem interpretar os velhos livros canônicos, para compor novos, formular as legendas que deveriam ser gravadas nas muralhas dos santuários construídos ou no pedestal das estátuas erigidas.” [in Bakos, 1999, p.220]

A arte e escrita egípcias representam fantasticamente sua cosmogonia, deuses, rituais e simbologias. Na necrópolis tebana, no Vale dos Reis, o conjunto de tumbas estão decorados com uma série de livros sagrados que por vezes protegem, descrevem o submundo, fazem a travessia do defunto, trazem fórmulas sagradas, oferendas, métodos de alimentação na outra vida, descrevem o julgamento do deus Osíris, detalha a viagem ao outro mundo. Toda esta evolução artística e literária tem seus primórdios nos ‘Livros das Pirâmides’, durante o Reino Novo.


Fig. 14

A construção das tumbas no Vale de Tebas foi a máxima expressão desta cultura funerária, o ‘Livro das Cavernas’, ‘Livro das Portas’, ‘Livro dos Mortos’ e os Textos dos Sarcófagos são retratados entre tetos estrelados, personagens moldados em alto-relevo policromáticos, hieróglifos com caracteres extremamente simétricos e bem entalhados e frisos altamente detalhados. Na imagem, papiro do julgamento de Hunefer, após ter o coração pesado numa balança contra uma pena de avestruz, é levado à presença de Osíris:


Fig. 15

O ensino e a educação no Egito Antigo não eram reservados apenas à elite, houve registro na história egípcia de escribas que eram escravos, estrangeiros, como toda sorte de gentes do povo e da nobreza. O letramento não era universal, muitos dos conceitos que conhecemos de universalização do ensino são modernos, aqui não se discorre a abrangência da escolarização do povo egípcio para não se incorrer em anacronismos, mas sim deseja-se situar que o amor desta civilização pelas letras e pelas artes estiveram num patamar tão alto em intensidade, que ainda na atualidade nos deslumbramos com seu potencial criativo, beleza estética e excelência. Em detalhe, imagem mural das raças que mantinham contato com o povo egípcio:


Fig. 16

Valorizar a educação faz a diferença
Apesar da enorme receita das universidades federais brasileiras, em terras tupiniquins nunca surgiu um nobel da física, da química, da matemática ou da literatura. Em contrapartida, há mais de três mil anos na dádiva do Nilo, edifícios colossais com mais de 130 metros de altura eram erguidos com técnicas rudimentares, crônicas e sátiras eram produzidas com varetas, folhas de fibras vegetais e pigmentos extraídos de rochas, estátuas gigantescas eram esculpidas, sistemas de irrigação, produção de cosméticos, acreditavam na imortalidade e por isso produziam para ser eternizado. No Brasil por sua vez, como diria o filósofo Bauman, com o advento da sociedade na modernidade líquida, onde nada encontra solidez, tudo é delével, sem profundidade e cheio de jeitinhos. É necessária a reflexão, o diálogo, e a produção de saberes estrategicamente pensados para a evolução, o desenvolvimento e a preparação das novas gerações para os desafios da modernidade.


Fig. 17

Referências
Jean Carlo Lima de Moura é acadêmico do último ano do curso de História da Universidade Norte do Paraná.

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4 comentários:

  1. Olá, Jean Carlo Lima de Moura, gostei da construção do seu texto, mas fiquei um tanto contrariado com suas conclusões. No ensaio, você afirma que: “A arte e escrita egípcias representam fantasticamente sua cosmogonia, deuses, rituais e simbologias”, e logo em seguida: “O ensino e a educação no Egito Antigo não eram reservados apenas à elite, houve registro na história egípcia de escribas que eram escravos, estrangeiros, como toda sorte de gentes do povo e da nobreza”. Nessas duas passagens, aparentemente, não há qualquer contradição, contudo, de acordo como o historiador Pierre Montet (1989), no livro O Egito no tempo de Ramsés: “Era no templo, e no templo somente, que se podia ter a sorte que teve Platão de encontrar sábios e filósofos” (p. 308). Diante desse referencial, te pergunto: Por que não há na historiografia uma relação entre a religião egípcia e a filosofia? Dito de outro modo, por que se interpreta a cosmovisão egípcia como fruto da religião e a filosofia platônica como fruto do lógos, sendo que ambas parte da ideia de transmigração da alma?
    Álvaro Ribeiro Regiani

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  2. Olá Álvaro, obrigado por seu comentário. Meu texto buscou enfatizar de modo sucinto várias das maravilhas do mundo egípcio, foram apenas algumas pinceladas, seria inviável em um texto traduzir o que foi uma civilização com mais de três mil anos. Com altos e baixos, reveses, que é natural ao longo da história, um certo faraó ter sido mais tolerante, enquanto outros mais cruéis. Akhenaton, por exemplo, tentou trazer o culto ao deus único Aton, e após sua morte o faraó Ay buscou voltar aos cultos ortodoxos religiosos. Em meu ponto de vista a filosofia e a religião se desenvolvem conforme as experiências experimentadas por cada povo. Em momentos de seca e fome, muitos povos (como os do Levante e inclusive Anatólia) encontraram morada no Egito, pois a fertilidade do Nilo garantiria sua sobrevivência, era dever do faraó expelir os estrangeiros, mas muitos deles receberam com certa liberdade aos chamados asiáticos. É importante não se confundir a Filosofia moderna com a Filosofia dos Tempos de Sócrates, Platão e Aristóteles, pois a mesma Grécia que nos brindou com a democracia, julgou à morte Sócrates por suas ideias (em acusações como não acreditar nos deuses gregos, corromper os jovens), possuía tratamento bastante desigual, diferenciado às mulheres (que em épocas Ptolemaicas do Egito, perderam status e regrediram em direitos), e ainda expulsavam por 10 anos, através do ostracismo, cidadãos que pudessem ser ameaça, em votações que por vezes ocorriam de modo articulado nas Assembleias de Atenas. Arqueólogos continuam a desvendar as maravilhas do Egito Antigo, tumbas, pergaminhos, continuam a serem descobertos e precisarão de mais décadas para serem perfeitamente estudados, de modo que ainda teremos bastante material para nos debruçar.

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  3. Jean Carlo, parabéns pela pesquisa e por ilustrá-la com imagens tão representativas.

    Não há de haver questionamentos que a valorização da educação faz diferença numa sociedade, e você apresenta a sociedade egípcia, quase como um grupo perfeito, para elucidar essa ideia, trazendo luz a crônicas como a Kheti e seu filho Pepi, onde a função do escriba, e paralelamente a educação, é vista como superior e de grande importância no Egito.

    No entanto, Ciro Flamarion (1982), no livro O Egito Antigo, apresenta a sociedade egípcia como possuidora de uma mobilidade horizontal, onde apenas o cargo do Faraó era tido como vitalício e hereditário, enquanto nos demais cargos essa mobilidade social existia de maneira esporádica, sendo realizado através da carreira de escriba ou militar. Contudo, em geral, tendia-se a construção de verdadeiras castas hereditárias em todos os níveis do corpo social.

    Além disso, também não há dúvidas de que a função do escriba era essencial para a manutenção do Egito Antigo, em todos os seus âmbitos, uma vez que eles eram possuidores de conhecimentos em diversas áreas, como por exemplo: astronomia, matemática e anatomia. Entretanto, estudos históricos apontam para como de fato essa profissão se reproduzia: alunos que aprendiam a repetir as inscrições enquanto apanhavam e escribas que sabiam escrever, mas não sabiam ler e vice versa. Cabe salientar também, que as habilidades do escriba, em sua maioria, eram voltadas para utilização das grandes famílias provinciais, funcionários de alta hierarquia, grandes sacerdotes, a família real e, principalmente, o Faraó.

    Por fim, você traz luz a infeliz realidade dos péssimos índices da educação brasileira, onde ocupamos quase as últimas posições em todos os campos avaliados. Com base no exposto na obra de Ciro Flamarion, acrescido dos estudos que expõem a formação do escriba no Egito Antigo, a realidade brasileira, onde o estudo está cada vez mais deficiente em suas bases, e somente as classes mais altas conseguem se desenvolver e alcançar as melhores condições de vida, podemos afirmar, sem contar com casos esporádicos, que estamos mais próximos dessa repetição de mobilidade horizontal egípcia?

    Muito obrigado pelo trabalho apresentado.

    At.te,
    Caio Filipe dos Santos Negreiros

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  4. Olá Ciro, obrigado por seu comentário. Realmente é importantíssimo realçar o papel da educação no desenvolvimento de uma sociedade e foi este o intuito de meu texto. Não há discordância à sua afirmativa de que ao longo da história do Egito a instrução foi algo baseado ao benefício da alta casta egípcia. Compactuo de suas palavras no que tange ao rigor dos professores no Egito Antigo, inclusive dizia-se que "o aluno tinha a orelha nas costas, que só ouvia o professor quando recebia umas varadas nas costas para assim ficar quieto". Mas esse texto não prima por fazer comparativos entre realidades, eu fujo de anacronismos, pois como mesmo diz o prof. Leandro Karnal, antes do advento do iluminismo, nem as mães amavam seus filhos, muitos eram vendidos inclusive. Aos mais de três mil anos de história egípcia, eu busquei fontes atuais e fidedignas que nos brindam com as possibilidades de que mesmo sólidas, as castas egípcias podiam sim ter pequena mobilidade, mesmo que a população letrada tenha sido de no máximo 5% da população em seu auge, a educação (ou seja, aqueles que se esforçavam, em que os pais conseguiam pagar é claro, conseguiam se tornar escribas mesmo que fossem escribas regionais), apesar de que realmente, escribas reais, oficiais, eram apenas pertencentes às famílias aristocratas. No campo da arqueologia temos estas possibilidades em aberto, hoje pensamos de uma forma, amanhã encontramos algo de outra época pra dizer o contrário, ou pra nos mostrar que nem que seja por um breve momento situações diferentes aconteceram.

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