“EM
LINGUAGEM CHAN, CLARA, CORRECTA”: A PROPOSTA DE ENSINO DE HISTÓRIA DE BALTHAZAR
GÓES
Importante nome do movimento republicano, o
intelectual Balthazar Góes destacou-se no cenário sergipano como um dos
principais entusiastas das reformas educacionais pautadas no método
intuitivo entre o final do século XIX e
o alvorecer do XX. Com a paulatina perda de espaço na arena política e as
decepções com os governos republicanos, Góes passou a atuar exclusivamente no
campo educacional, transitando entre a docência e os cargos administrativos em
instituições como a Diretoria de Instrução Pública, a Escola Normal e o Colégio
Atheneu Sergipense. Ocupando estes cargos, ele escreveu importantes obras
históricas e, principalmente, de cunho educacional, nas quais elucidavam suas
propostas voltadas para o ensino.
Neste sentido, proponho a discutir as propostas de
ensino de história pensadas por Balthazar Góes, considerando como fontes
centrais o livro “Apostilas de Pedagogia”, publicado em 1905 e o “Programa para
o Ensino Primário”, publicado nos idos de 1912. Tenho o intuito de pensar a
concepção do autor atinente à história ensinada e sua articulação com a cultura
política republicana gestada pelos intelectuais vinculados ao movimento
republicano de Sergipe, ou seja, os chamados republicanos históricos. É
importante salientar que Balthazar Góes, além de ter sido um sujeito que
protagonizou o processo de transição entre a monarquia e a república, também
foi um dos seus primeiros intérpretes, com o livro “A República em Sergipe:
apontamentos para a História”, publicado em 1891. Com isso, é possível afirmar
que o lente de Geografia do Atheneu Sergipense também se tornou um intérprete
do seu tempo, com a escrita de uma obra que historiava as experiências no tempo
presente e elucidava um direcionando para o futuro. Desse modo, o cotejo entre
as diferentes obras possibilitam a compreensão das possíveis articulações entre
as demandas políticas e a construção das propostas voltadas para o ensino de
História.
Se na virada do século XIX para o XX Balthazar Góes
aparecia como um intelectual relutante em expor seus escritos, nos anos
posteriores a publicação da biografia de Horácio Hora a situação mudou
drasticamente. As causas para essa mudanças são difíceis de serem explicadas.
Uma hipótese é pautada na boa recepção de sua obra inaugural, que pode ter
contribuído para a superação da insegurança e mobilizado para retirar da gaveta
parte dos manuscritos. Outra parte de seu estado de saúde, no qual esteve por
um período afastado de suas funções docentes e, assim, com as publicações pode
ter sanado a ânsia de professor e a necessidade de diálogo.
O seu segundo livro foi publicado em 1905. Era um
trabalho de cunho metodológico, intitulado “Apostillas de Pedagogia” e reunia
preceitos do método intuitivo dos chamados “bons mestres”. No entender de Góes,
a educação tinha como intuito promover “o estudo que procura os meios próprios
para desenvolver e aperfeiçoar as faculdades e inclinações do homem para lhe
tornar a vida mais fácil” (GÓES, 1905, p. 14). Neste sentido, a educação estava
voltada para a preparação para a vida e a pedagogia, tida como “a arte de
educar creanças” (GÓES, 1905, p. 13), seria o caminho para se pensar a
aplicabilidade desse intuito.
As “Apostillas de Pedagogia” de Balthazar Góes
tornou-se um instrumento de formação utilizado na Escola Normal de Aracaju.
Assim como era recorrente na época, obra era resultante das anotações
realizadas pelo professor em sala de aula e do planejamento das disciplinas
lecionadas. Neste sentido, o manuscrito foi avaliado por uma comissão do
Conselho Superior de Instrucção, constituída por Severiano Cardoso, José
Moreira de Magalhães e Francisco Monteiro de Carvalho Filho. Eles produziram
assinaram o parecer que elucidava a utilidade do texto, ao registrar que era
“um trabalho utilíssimo; e sua adopção impõe-se. Riquissimo de proposições
syntheticas, ornado de conceitos que muito revelam a erudição do auctor é,
sobretudo, o que se poderá chamar um livro pratico (GÓES, 1905, p. 9).
Em relação ao ensino, Balthazar Góes se preocupou
em articular as disciplinas escolares com as propostas metodológicas do método
intuitivo. Tratava-se de um guia para orientar a formação de professores e de
construção dos elementos norteadores de cada disciplina escolar. Para António
Viñao Frago,
“A disciplina é o elemento chave da
profissionalização do docente, o que define o conteúdo e o espaço acadêmico de
sua profissionalização. Daí, que não se pode estudá-los separadamente, como se
fossem dois campos sem relação alguma, a história das disciplinas escolares e a
do processo de profissionalização dos docentes. Quer dizer, a história de sua
formação e titulação, de sua seleção, das matérias que ensinam, dos temas sobre
os quais trabalham ou investigam e do controle que exercem tanto sobre a
formação e seleção dos futuros professores de seu campo disciplinar – ou outros
campos – como sobre o trabalho profissional de quem já pertence ao mesmo (o quê
e como ensinam, o quê e como investigam, com quem e como se relacionam
profissionalmente em seu campo disciplinar ou fora do mesmo)”. (VINÃO, 2008, p.
205).
Neste sentido, tanto a Apostilla de Pedagogia, como
o Programma de Ensino, escritos por Góes, reverberam as características pensadas
para as disciplinas escolares, com a construção de um perfil docente e a
caracterização metodológica do ensino. O propósito era tornar o ensino
significativo, deixando de ser uma inútil enunciação de nomes que só
contribuíam para a memorização. A ênfase recaia em ações como conhecer,
especialmente em disciplinas como Geografia, Corografia e História. Em relação
ao ensino de Corografia ele destacou:
“O ensino de Chorogrphia não deve ter por mira o
conhecimento exclusivo e, pois, inútil dos nomes das localidades e rios. A
Chorographia tende a dar conhecimento da conformação do terreno; das direcções
em que estão localizadas e seguem os rios, as estardas, os cannaes, etc. É ella
que nos faz conhecer as riquezas do solo, os monumentos, os pontos commerciaes,
os meios de transportes e as distancias” (GÓES, 1904, p. 93).
Duas questões se destacam na explanação do docente.
A primeira é a conjunção entre o que não deveria ser feito e o modelo potencial
a ser aplicado. Possivelmente, o início de cada definição metodológica para as
especificidades disciplinares elucidavam elementos que norteavam a prática
vigente, ou seja, são indícios para a compreensão do que era combatido e que acabava
por vigorar nas escolas públicas sergipanas. A segunda questão é atinente ao
campo metodológico. Cada disciplina escolar foi pensada segundo os princípios
básicos do método intuitivo, partindo do simples para o complexo, do concreto
para o abstrato, do próximo para o distante.
Diante dessa concepção, o ensino de história
tornava-se um desafio, quase sempre apresentado como um problema de difícil
solução. Afinal, como deveria ser lecionada para crianças uma disciplina que
tinha a sua identidade pautada em conteúdos abstratos, espacial e temporalmente
distantes e em relações sociais e políticas complexas? Balthazar Góes tentou
solucionar o enigma da esfinge e apresentou breves considerações atinentes á
história ensinada:
“O ensino da História, nas escholas primarias,
tomado como resenha dos factos, que meninos não compreendem, é um saber inútil:
em relação ao tempo e ao trabalho perdido, um grande prejuízo; e em relação ao
tédio e perda de amor ao estudo que o ensino assim feito produz no espírito das
creanças, elle é um grande mal” (GÓES, 1905, p. 94).
Neste primeiro momento, Balthazar Góes explicitou
os problemas atinentes ao ensino da História no ensino primário ao longo dos
primeiros decênios do século XX. Ele sintetiza os defeitos que permeavam o ensino
da disciplina escolar: resenha de fatos, perda de tempo, inutilidade do
trabalho docente, tedio e perda do amor à disciplina. Em poucas disciplinas
escolares o docente elucidou um quantitativo tão vasto de problemas acerca do
ensino. Isso não implica em afirmar que ele entendesse que a história não fosse
relevante para a formação do cidadão republicano. Pelo contrário, ele
reconhecia o papel da história no fortalecimento dos sentimentos cívicos, mas
criticava a forma pela qual a disciplina era operacionalizada nas escolas
publicas. Para Góes, a história ensinada deveria priorar:
“É necessário que a História para as creanças seja
na eschola primaria, o que lhes for na família o conto da boa fada: um conto
moral mais extenso que de ordinário; mas com principio, razão e fim, que sirva
de espelho da vida” (GÓES, 1905, p. 94).
Na explicitação de como a história deveria ser
ensinada para crianças nas escolas primárias, Balthazar Góes se aproxima de
Graça Affreixo, com a busca das narrativas do lar, com as historietas, sem uso
de livros didáticos e pautados na exposição dos docentes. A história deveria
partir do sensível, da linguagem conhecida dos alunos a partir da experiência
das narrativas familiares. Essa ideia foi complementada na apresentação da
história no Programa de ensino das escolas primárias de Sergipe, publicado em
1912. Nele o então diretor da Instrução Pública de Sergipe estimula os docentes
a iniciarem o ensino da disciplina pautado nas narrativas dos homens da terra,
por meio da história local.
“Os acontecimentos mais importantes de influência
feliz ou nefasta na vida da população do logar a que pertence a eschola;
biografia dos homens que se celebrizaram na localidade, por bons ou maus. Estes
exercícios devem ser feitos em linguagem chan, clara, correcta, em tom de
narrações de lar, que o professor fará repetir por seus discípulos,
ajudando-lhes a memória e corrigindo-lhes os defeitos de exposição e de
linguagem. Attender à moralidade dos factos” (GÓES, 1912, p. 3).
É interessante perceber como, em diferentes
momentos, Balthazar Góes, um exímio biógrafo, se preocupa com o ensino de
história pautado na apresentação dos homens que se celebrizaram na localidade.
A biografia era entendida como o espelho, no qual os jovens do presente viam os
homens do passado como exemplos a serem seguidos ou condutas a serem evitadas.
Um espelho que orientava nas escolhas do presente, que guiava a juventude na
vida no tempo presente. Nessas escolhas, a ênfase na história local e nos
homens notáveis do lugar não pode ser entendida apenas como uma questão
metodológica do ensino ou uma concepção teórica da história pautada na ideia de
ser a mestra da vida. Reverbera também a cultura política republicana da qual o
próprio Balthazar Góes foi um dos inventores e difusores, que tinha como eixo a
ênfase nos heróis republicanos e a defesa da contribuição de Sergipe para a
história pátria a partir dos expoentes intelectuais. Ao contrário do Rio Grande
do Norte, que tinha o sacrifício em defesa da liberdade, da religião, da república
e da pátria como pilar, Sergipe tinha como eixo central na cultura política
republicana o envio de mentes pensantes para os grandes centros do país.
Os conteúdos de história estabelecidos pelo seu
Programa de Ensino também reverbera as escolhas politicas de episódios que
conectavam o passado ao presente. Tudo deveria ser ensinado a partir da leitura
e das exposições dos professores. No
primeiro ano de ensino de história, ou seja, na segunda série, os conteúdos
eram:
“História
(Nada decorado: leitura e explicações)
I. a) Descobrimento do Brasil; seus primeiros
habitantes; colonização pelos portugueses. b) Reinado de D. João VI; sua volta
a Portugal.
II. a) D. Pedro I, sua regência, perturbações do
paiz; projecto de retirada; o fico, a independência, principaes personagens
desses acontecimentos. b) D. Pedro I resolve retirar-se; a abdicação; D. Pedro
II na menoridade; a Regência. c) Maioridade de D. Pedro II e seu reinado até a
proclamação da República.
III. a) O 15 de Novembro; Benjamin Constant, marechal
Deodoro da Fonseca; b) O governo provisório, a constituição republicana, a
bandeira; c) Os presidentes da República até nossos dias. – Este ensino deve
ser feito como as histórias do lar, escrevendo e fazendo escrever no quadro a
summa dos acontecimentos, especialmente o nome dos protagonistas” (GÓES, 1912,
p. 10-11).
A história do Brasil foi dividida em três partes,
regidas pela dimensão política. É interessante perceber a ênfase nos
protagonistas, na apresentação dos nomes dos presidentes e, principalmente,
como a República, um regime com uma trajetória de 23 anos ocupava o mesmo
espaço dos demais períodos. Considerando que a segunda fase, o Império, ainda
contava com o ensino sobre o movimento republicano, é plausível afirmar que a
proposta de ensino apresentada por Góes era predominantemente presentista
(MAGALHÃES; GONTIJO, 2013). O tempo presente norteava o ensino. A experiência
republicana protagonizava a história escolar. Na terceira série apareciam os
conteúdos atinentes a História de Sergipe:
“História
Revisão e
ampliação do anno anterior, especialmente quanto ao período republicano.
a) Divisão
da história de Sergipe. b) Resumo do período colonial até a capitania
independente. c) Sergipe sob o regime imperial. d) Sergipe desde a proclamação
da República até nossos dias” (GÓES, 1912, p. 11).
Novamente, é visível o predomínio da experiência
republicana, que deveria ser a ênfase da revisão dos conteúdos do ano anterior.
Em relação ao ensino da história estadual, ocorre uma tentativa de delimitar os
conteúdos também a partir dos parâmetros da política nacional. O início do
ensino de história pelo distante e complexo nacional pode ser entendido como
uma tentativa de atenuar o problema da evasão. Neste caso, mesmo com a evasão,
a criança sairia da escola com algum conhecimento sobre o passado nacional. Por
esse motivo, a história de Sergipe só aparecia na terceira série e era repetida
na série seguinte, quando ocorria a “revisão e ampliação do programma do 3º
anno” (GÓES, 1912, p. 12).
Se a evasão era compreendida como um dos maiores
entraves para a educação brasileira, o civismo disseminado nas escolas era o
instrumento ideal para edificar uma pátria civilizada. Para Baltazar Góes, “o
patriotismo não mata o altruísmo. Amar a pátria, exforçar por seu progresso, é
um sentimento mui nobre de emulação, que nos leva a igualarmos as nações que
admiramos e aplaudimos em suas altas conquistas” (GÓES, 1912, p. 15). Neste
cenário, os símbolos nacionais eram espelhos que refletiam o patriotismo, pois
“a bandeira nacional, deixa de ser uma tela, convertendo-se em symbolo de nosso
valor, de nosso mérito; o seu aspecto afflagará sempre o nosso amor, o nosso
enthusiasmo pela pátria” (GÓES, 1912, p. 15).
O civismo proposto extrapolava os conteúdos
disciplinares de História, Corografia e Educação Moral e Cívica. O espaço
escolar das escolas primárias (SANTOS, 2013) deveria ser transformado em
espaços de culto às personalidades nacionais e locais, especialmente, os heróis
republicanos. Góes propôs:
Serão organisados previamente, de accordo entre
professores e o director dos grupos (ou entre os professores e a auctoridade da
instrucção, nas escholas isoladas) programas próprios para a celebração das
principaes festas nacionaes: o 7 de Septembro – a independência; o 13 de Maio –
remissão dos captivos; o 15 de Novembro – proclamação da República; a Bandeira
Nacional; o 24 de Outubro – independência de Sergipe.
Os professores procurarão formar em suas aulas
pantheons ou galerias de retractos dos homens célebres nas letras, artes,
indústrias, armas, na pedagogia, de preferencia os grandes homens de nossa
pátria (GÓES, 1912, p. 15).
Nas propostas curriculares e extracurriculares de
Balthazar Góes, a sala de aula deveria se tornar um espaço de culto público e
cívico, no qual os grandes homens deveriam ser referenciados, homenageados.
Todavia, assim como ocorria em sua escrita biográfica, bem como em sua defesa
dos princípios democráticos, no qual afirmou que era de família pobre (GÓES,
1902), os grandes homens em sua acepção não eram somente os do campo da
política, mas também incluía homens de letras (condizente com a cultura
política republicana da qual foi entusiasta), artes (ele mesmo foi artista que
esculpiu o altar-mor do Senhor dos Passos na Igreja da Ordem Terceira do Carmo
de São Cristóvão e foi cunhado do pintor Horácio Hora) e pedagogia (seu
principal campo de atuação).
Neste artigo, tornou-se possível compreender como
as propostas de ensino de uma disciplina escolar atendiam a diferentes
prerrogativas, como a do método pedagógico e das preocupações atinentes ao
campo da aprendizagem, bem como às inquietações de intelectuais vinculados ao
processo de constituição de uma nova cultura política. Partindo da premissa de
que a cultura política busca construir uma leitura comum do passado e um
projeto comum de futuro, os programas de ensino podem ser entendidos como
instrumentos que extrapolam a cultura escolar e reverberam uma questão que não
pode ser negada: a cultura escolar está em constante diálogo com a cultura da
sociedade à qual pertence, incluindo projeções na política.
Referências
Magno Francisco de Jesus Santos é Professor Adjunto do Departamento de
História, do Programa de Pós-Graduação em História e do Programa de
Pós-Graduação em Ensino de História da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Integrante do
Grupo de Pesquisa Teoria da História, Historiografia e História dos Espaços.
E-mail: magnosantos@cchla.ufrn.br
GÓES, Balthazar de Araújo. Apostillas de Pedagogia: precedidas de algumas noções de Psycologia
coligidas de bons mestres. Rio de janeiro: Orosco, 1905.
GÓES, Balthazar de Araújo. Programma para o Ensino Primário: especialmente para os Grupos
Escholares. Aracaju: Estado de Sergipe, 1912.
MAGALHÃES, Marcelo de Souza; GONTIJO, Rebeca. O
presente como problema historiográfico na Primeira República em dois manuais
escolares. Revista História Hoje,
São Paulo, v. 2, n. 4, p. 81-101, 2013.
SANTOS, Magno Francisco de Jesus Santos. Ecos da Modernidade: a arquitetura dos
grupos escolares sergipanos (1911-1926). São Cristóvão/SE: EDUFS, 2013.
VIÑAO
FRAGO, Antonio. História das disciplinas escolares. In: Revista Brasileira
de História da Educação. N.18. set/dez, 2008, p.173-215.
Olá Magno. Salvo melhor juízo penso que apesar dos significativos avanços historiográficos em relação a história do Brasil, ainda constatamos narrativas históricas tradicionais, conservadoras e descontextualizadas em nossos livros didáticos. Gostaria de saber qual sua opinião sobre isso e como poderíamos resolve-lá? abraços
ResponderExcluirOlá, Everton Crema,
ResponderExcluirmuito obrigado pela pergunta. Realmente, nos últimos decênios ocorreram avanços relevantes nos conteúdos dos livros didáticos de história. Todavia, esse distanciamento de um modelo ideal perpassa por diferentes questões: os elementos que são próprios da cultura escolar e do lugar que o ensino de história ocupa na mesma; a força de determinados movimentos sociais para conseguir tornar suas demandas em políticas públicas de visibilidades; as ações de resistência à inovação e, claro, o poder do mercado editorial na sociedade brasileira. Para tentar resolver, penso que a primeira ação deve ser um amplo debate envolvendo historiadores e a sociedade para discutir o que queremos com o ensino de história, o que deve ser ensinado e, uma questão de fundamental importância, quais conteúdos podem ser excluídos. Isso acaba por exigir que todos nós pensemos que modelo de sociedade almejamos.
Um forte abraço,
Magno Francisco de Jesus Santos