Manoel Adir Kischener


ENSINO DE HISTÓRIA A DISTÂNCIA: OLHARES CRÍTICOS E APONTAMENTOS PRELIMINARES DE UM TUTOR DE PRIMEIRA VIAGEM


1. Introdução

A Educação a Distância (EAD) está em evidência. Faz parte do discurso dos gestores de políticas públicas, daqueles que se dizem preocupados com a educação da população e também está nas falas da comunidade em geral, mesmo os trabalhadores que, em conversas no dia a dia comentam de seus planos de continuar a estudar. Nesse sentido, ela veio para auxiliar setores sociais na busca por formação constante e aperfeiçoamento, em especial àqueles que possuem poucos recursos financeiros ou de outro lado, com tempo escasso, que também ficaram pelo caminho no calendário da educação formal, por razões diversas. Segundo Vianney (2008) no Brasil ela está estruturada (pelo menos até o ano de 2008, o recorte dele) em seis formas de atendimento aos alunos, dependendo da região e da universidade, com umas tendo mais de uma das possibilidades seguintes: tele-educação via satélite, polos de apoio presencial (semipresencial), universidade virtual, vídeo-educação e unidade central.

Um olhar crítico se faz necessário sobre as práticas dos atores que estão presentes nesse exercício que cada vez mais se dissemina e rende dinheiro, afinal se transformou em filão de mercado, corporações estão cada vez mais envolvidas nesse produto. O capitalismo a tudo mercantiliza, conforme expõe Streeck (2012), em consórcio com seu entendimento, inclusive a educação se transformou em mais uma mercadoria. Esse texto, no entanto, não tem a intenção de ser uma varredura e expor pontos negativos, a ideia é trazer elementos para uma análise crítica, pois os resultados positivos da Educação a Distância são muitos e bastante destacados. Tampouco, essa não será uma história da Educação a Distância no Brasil, há desde aqueles que enxergam sua origem desde os cursos por correspondência ou mesmo via rádio, pois no país já havia “(...) a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, que transmitia programas educacionais” (FARIA, SALVADORI, 2010, p. 18), mas há quase um consenso que essa se dissemina a partir dos anos 1960.

No tocante a crítica a Educação a Distância, busca-se se associar ao que defende Alonso (2014) pois “(...) é essencial que se confronte o instaurado frente ao que se preconizou como objetivos, fazendo valer direitos, responsabilidade social e transparência na discussão sobre a EaD de forma mais global, orgânica, provocando/contribuindo para a democratização da educação superior” (ALONSO, 2014, p. 50) e, àquilo que Marx defende: “(...) na ciência, os antagonismos se resolvem por meio da própria ciência” (MARX, 2013, p. 34), donde e a partir de então, se espera o diálogo com os pares.

Entre a crítica dos entes externos e, a pouca criticidade daqueles que a praticam, frente a esse impasse e desafio de pesquisa, deixam-se como questões-problema: na forma que a Educação a Distância tem sido praticada, seja por tutores, seja por professores, há diferenças significativas no trato dessa em relação a educação presencial? Como os alunos se portam, aproveitam a oportunidade educacional propiciada por esse tipo de ferramenta educacional? Qual o grau de aprendizagem que comporta essa iniciativa e ela está associada a que fatores (se mais de ação pessoal ou da estrutura que a propicia)?

Objetiva-se assim, problematizar algumas dessas questões a partir do olhar de tutor do autor), como participante de um curso há cerca de um ano, em nível de Especialização (pós-graduação).

2. O ensino de História através da Educação a Distância a partir do olhar do tutor

Como alertado a escrita é tributária da análise da experiência, e entre a prática dos professores que foram observados e a dos alunos, é óbvio que a mea culpa do tutor se faz presente, já nas análises preliminares que se ensaia, até por questão de ética e de não se furtar aos limites que tenha contribuído nessa experiência. Saliente-se que outros aspectos poderão dizer mais a respeito da Educação a Distância do que propriamente apenas a prática de dois dos que compõem o tripé visível que a sustenta: professores-tutores-alunos. Outros estudos poderão perceber a importância e mesmo detectar as falhas da equipe externa, a Secretaria técnica dos cursos, que também apresentou falhas na experiência exposta.

Aqui não se traz a análise dos conteúdos de História propriamente ditos, e sim a prática dos professores, tutores e alunos no ensino dessa área. Em outra oportunidade poderá se averiguar essa questão, mas grosso modo atestou-se revisão de literatura apurada e pautada em edições recentes, o que é salutar, em geral há uma amplitude de temas dentro da temática das disciplinas, em que pese o direcionamento, normal em se tratando de pessoas, pois não há neutralidade. Se ofertou amplas possibilidades aos alunos e, mesmo tutores, dependia do apetite de ambos, aliás, como ocorre em qualquer curso presencial, geralmente o professor se esforça mais, até por sua bagagem e idade, na busca de levar aquele que estuda o que há de clássico e novo na área.

2.1 A Educação a Distância: a prática dos professores

         Umas questões são postas de início: i) a ação, a prática dos docentes que adentram a Educação a Distância tem sido de que forma? ii) ela é diferenciada em relação a presencial? iii) os professores que estão nela, estão nas duas formas de ensino? iv) e estando, há preparação para a aventura do ensino online (já que ambas se diferem em prática e sentido)?

         Um dos problemas que se põe as práticas ruins de professores na Educação a Distância provavelmente se associa que há aqueles que estão nas duas formas de educação, presencial ou a distância e as tratam como formas de aprendizado iguais. Mantêm as mesmas formas de ação educacional da presencial, daquilo que já se evidencia não estar dando certo (tive a experiência de ter um professor de forma presencial – fui seu aluno – e, pude observá-lo enquanto professor nesse curso a distância – agora eu era tutor), esse não alterou a forma de conduzir sua prática pedagógica. Descumpriu prazos, demorou a abrir fóruns de comunicação, ficou incomunicável com seus tutores (a coordenação tentou resolver), na hora de postar a avaliação aos alunos não fez, também a chave de correção aos tutores, pelo que soube, demorou a ser entregue. Impera a incomunicabilidade. Há professores que praticamente não acessam o ambiente virtual.

         Talvez uma das razões disso ter ocorrido é que esses professores não tenham recebido alguma forma de treinamento para tanto. Uma hipótese. Mas sei que há entre nós professores aqueles que agem com desdém às formações que as coordenações pedagógicas ofertam, como se a formação fosse algo acabado e mensurável no período a que se dedica a um curso, em geral, quatro anos. Arrogantes que não aceitam correção alguma e, que ao final sempre tem razão, e se culpabiliza a crise da educação. Mas quem faz a sua parte?

         Há casos de professores desse tipo de ensino que estão em férias, pois muitas vezes esses cursos se iniciam na parte final do ano letivo regular (presencial) nas universidades. E estes atuam em ambos. Viajam e por isso não acessam o ambiente virtual do curso. Irresponsabilidade, pois se levassem a sério não teriam aceitado a empreitada. Há recursos públicos sendo utilizados e pouco zelo por isso. Poderá ter outra hipótese para o caso de professores não considerarem aqueles cursos como algo desafiante? A maioria doutores, consolidados, ávidos por publicações e, de repente são obrigados a uma série de tarefas mais mecânicas e com certa regularidade. A Educação a Distância exige dinamicidade por parte daqueles que estão envolvidos nela, pois tudo é rápido, as atividades em geral ocorrem de forma semanal, a entrada de alunos nos fóruns é diária, os problemas de acesso (mais de técnica, do site, dos alunos que não se encontram etc.) podem ocorrer constantemente. A ausência dos responsáveis pode conduzir a uma má-formação aos alunos.

         Dado que o curso é a distância e que as pessoas estão dispersas pelos mais distantes locais e apenas estão juntas virtualmente, que os contatos de e-mails os aproximam ou nos chats de troca de mensagens, “tira dúvidas”, mas efetivamente o contato pessoal é quase impossível. O professor pode estar no exterior, a passeio de férias, como ocorreu, o tutor desesperado por uma direção, orientações a respeito das inquietações do aluno e que não está dando conta. Os alunos impacientes esperam respostas prontas e diretas. Mas a dinamicidade não ocorre. Apesar da conexão que deveria funcionar, às vezes impera e, passam-se dias em que problemas, dúvidas básicas, ficam insolúveis por problemas de comunicação entre as partes, professores com tutores e, tutores com alunos. Se uma parte falha, compromete as demais.

         A maioria dos tutores está pouco comprometida em desenvolver de fato a condução das discussões que os fóruns abertos deveriam alimentar. Muitos alunos são de baixo nível educacional, incapazes de reagir a provocações educacionais mínimas. Mas há outros sedentos. E esses como ficam? Se nivela por baixo. Uma das razões, talvez é que a tutoria é um quebra-galho, uma forma de incrementar a renda nesse mundo de tarefas infindáveis e precarização das relações de trabalho, com baixa remuneração e extrema competitividade, as pessoas devem se desdobrar para sobreviver. Nesse sentido, Alonso (2014) defende a profissionalização do tutor e o não enfrentamento dessa questão, segundo a autora “(...) implicará, sem dúvida, como vem ocorrendo, a precarização do trabalho dos envolvidos com a docência na EaD e da qualidade da formação dos alunos que, por várias razões, optaram por cursos ofertados nessa modalidade de ensino” (ALONSO, 2014, p. 47). Um preço alto à Educação a Distância e aos seus adeptos (os alunos ou clientes como muitas instituições nominam) que têm de sobreviver a esses impasses. Como poderão competir com os alunos das presenciais?

2.2 A Educação a Distância: a prática dos alunos

         Outras questões são postas, dessa feita em relação ao olhar que se pode ter a respeito da prática dos alunos na Educação a Distância: i) os alunos que se inscrevem em cursos de Educação a Distância estão preparados para o desafio (tem conhecimentos mínimos de internet, por exemplo)? ii) como tem sido a sua prática, ela é responsável para com a formação que aderiram? iii) porque razão estão na Educação a Distância? iv) esses alunos têm tido uma prática condizente com as normas e aquilo que se espera do ensino online?

         A maior parte dos alunos está em sala de aula como professor na educação básica, ao menos nesse curso que participei. E como isso já se forma espécie de bengala, pois quando o tutor pensa em cobrar algo com maior exigência de autorresponsabilidade para com a própria formação, vem o alerta da coordenação, “Eles estão a tanto tempo longe da Universidade, não dá para exigir muito”. Não deveria ser um argumento se as pessoas se questionassem antes de adentrar a essa aventura que é a Educação a Distância. “Ah, é a distância, serve qualquer coisa”, “Não vale exigir demais, professor” (os alunos em geral chamam os tutores de professores) e assim se vai ao longo dos dois anos de convívio virtual. Uns querendo menos responsabilidade, outros procurando atalhos e, ao final, a maioria é beneficiada.

         Então, a maioria não está preparada. Não tem noção mínima do que deverá fazer. De como deve agir frente aos espaços que se apresenta, que exigem sua participação, pois tudo é (ou deveria ser) avaliado. A superficialidade impera. Por exemplo, quando se abrem os fóruns se exige uma postagem ou duas em cada um, como estratégia de certa forma obrigar o aluno a participar. E aí está, talvez um dos problemas, a forma como os professores planejam as suas disciplinas e, no anseio da inclusão, do viés populista que têm dominado os professores das áreas de humanidades e sociais, todo mundo é coitadinho e se tem que flexibilizar, ao extremo, as formas de avaliação. Então, o aluno de forma mecânica passa a postar qualquer coisa e a qualquer hora. Assim, muitas vezes é a dinâmica da Educação a Distância. Com a disseminação de celulares, muitas vezes o aluno em tela menor e, na pressa, no intervalo do trabalho ou fazendo outra atividade (as duas ao mesmo tempo) se arroga a condição de poder participar do fórum que o professor ou o tutor abriu. Algumas questões são postas: a) qual a qualidade dessa postagem? b) de que vale o postar por postar? c) que tipo de avaliação será possível a partir dessa forma de mensurar a aprendizagem?

         O que pensará o aluno que agrega ao seu fazer de aprendizagem essas práticas? Como poderá cobrar a dita aprendizagem, a formação ao curso que se escreveu? Por estas ações, intencionais, de muitos alunos, que a Educação a Distância tem sido mal avaliada. No fundo, em qualquer forma, seja na presencial, seja na a distância, na semi, sempre haverá bons e péssimos alunos, aqueles que estão em busca de aprendizagem, acesso a informação e ao conhecimento e, os que estão atrás de um certificado apenas (o canudo), pois dele dependem para promoção, aumento de salário e mesmo justificativa para suas vidas, o autoengano a que muitos de nós se aprisionam. “Estou fazendo pós”, mas está levando a sério? Se a está bancando, com recursos próprios, até se entende. Mas, e quando há recurso público, quando foi aberto edital, com a seleção de candidatos, como foi o caso da experiência que ampara esse relato?

         Há também aquele aluno que enxerga nos ambientes e fóruns abertos e que deveriam tratar dos conteúdos que a disciplina estipula (a partir da seleção, do recorte do professor) um espaço para a politicagem, para aquilo que não é política, é a militância político-partidária, a tentativa de doutrinar outros, o convencimento arbitrário e a invasão do local que é próprio para as tarefas e que deveria ser respeitado por todos. O que fazer? Como lidar com essa situação? Aos tutores é exigida a tal urbanidade (como se as pessoas do campo fossem todas ignorantes e desprovidas da tal qualidade que, na ausência dela é critério de demissão por justa causa, segundo o que se divulga em alguns estatutos de trabalhadores urbanos), mas, e os alunos a têm? Muitos escrevem mensagens afrontosas, com desrespeito àquilo que se imagina que deveria ser a relação entre tutor-aluno, portanto hierárquica pela necessidade que o espaço exige e, pela qualificação que se espera que o tutor deva ter. Outros, quando criticados e, de forma pedagógica, reagem usando do politicamente correto e da auto-vitimização que impera nos ambientes pedagógicos e que tem sido legitimada pelos modismos que assolam a educação, desde a básica à superior (que a é, às vezes, apenas no nome). Teve o caso de um aluno que foi irregular em todas as tarefas e de repente, sem prática que pudesse corporificar tal exigência, passou a fazer cobrança veemente e desprovida. Foi colocado em seu lugar, adotou a prática da auto-vitimização, alegou perseguição do tutor e abandonou o curso. Estamos vivendo uma sociedade que se pauta em práticas adolescentes, infantilizadas, mesmo em espaços que se espera certo profissionalismo (afinal a maioria já é professor).

         Época de fartas exigências e pouquíssimo ou nenhum comprometimento em contrapartida. É a cultura da exigência de direitos, mas deveres ninguém parece os ter ou conhecer quais são os seus, o de cada um, os nossos. Quando se adentra a um curso, que contém as suas exigências, as suas normas, as condições mínimas para que alguém possa cursar, enfim, se espera o mínimo. Mas como mensurar o mínimo? Não estará aí o problema de sempre se nivelar por baixo? Tratar as pessoas como desprovidas de condições de cumprir suas responsabilidades? O tutelamento como regra, a forma paternalista de conduzir as relações reproduzindo tudo aquilo que os políticos profissionais fazem, como se nem cidadãos fossem. Muitas vezes é o caminho e rende avaliações positivas, “O tutor me salvou”, “Ah, escrevi qualquer coisa na prova e ele considerou” ou “O meu projeto estava uma m..., mas fui aprovada” e, na reunião dos tutores com a coordenação, parece conselho de classe que, aliás, é vergonhoso a quebra de decoro que ocorre nessa ocasião, na maioria das escolas de educação básica, em desfavor dos alunos e, muitas vezes de sua família (pois “Sendo filho de fulano, esperar o quê?” Ouvi muitas vezes de sábios e éticos professores), pasmem.

         Prática recorrente é o uso de plágio por parte dos alunos e, o fechar o olho por parte de tutores e professores, como recomendação dos últimos. Manda quem pode e obedece aquele que necessita da bolsa (e é uma remuneração irrisória). E a ética? Essa é uma exigência difícil de se levar ao extremo quando quase toda a sociedade está enviesada por ausência de valores. O que espera o aluno que faz uso do recurso de copiar algo de outrem, daquilo que não é seu, que tem autoria? Como ele poderá exigir de seus alunos, sendo professor, prática diferente?


3. Considerações finais

Esse texto possui uma série de limites e, muitos poderão alegar que a forma como foi escrito não se insere plenamente naquilo que se convenciona na aceitação da comunidade acadêmica. No entanto, o fazer-se da ciência não se dá sem enfrentamento com as narrativas dominantes, assim o foi ao longo da história da ciência, com os grandes nomes que um dia perseveraram espaço e, assim faz-se justificável lançar mão de artesanatos metodológicos diversos do convencional, até para se aproveitar as brechas e galgar algum espaço no debate. Do intento da colaboração dessa escrita não está incluso a ideia de expor as pessoas que participaram, ao contrário, o intuito é a análise da prática sustentada por recursos públicos e se atentar para além do discurso.

Do exposto, se apresenta uma série de desafios, pois professores têm mantido a mesma prática da educação presencial, os alunos e tutores não ficam atrás, com a sua parte nos limites que se colocam a efetiva educação que a modalidade a distância pode concretizar. O que se fará? Poderão ser levadas a sério essas ponderações generalizantes e abertas, subjetivadas de um tutor?

Os três pilares devem estar sólidos (professores-tutores-alunos), assim a EAD funcionará e possibilitará avanços rumo a perspectivas e possibilidades de emancipação social através da educação. Em nosso caso, ressalte-se, a coordenação era exemplar e sempre esteve aberta a crítica e sugestões.

Referências bibliográficas

Manoel Adir Kischener é Bacharel e Licenciado em História, Mestre em Desenvolvimento Regional e Doutorando em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

ALONSO, Katia M. A EAD no Brasil: sobre (des)caminhos em sua instauração. Educar em Revista, Curitiba, ed. Especial n. 4, p. 37-52, 2014.

DALRYMPLE, Theodore. Qualquer Coisa Serve. Trad. Hugo Langone. São Paulo: É Realizações, 2016.

FARIA, Adriano A.; SALVADORI, Angela. A educação a distância e seu movimento histórico no Brasil. Revista das Faculdades Santa Cruz, Curitiba, v. 8, n. 1, p. 15-22, jan./jun., 2010.

MARX, Karl. Sobre a questão judaica. Trad. Nélio Schneider. 1ª ed., 1ª reimpr. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.

STREECK, Wolfgang. How to study contemporary capitalism? European Journal of Sociology, Cambridge, v. 53, p. 1-28, may./2012.

VIANNEY, João. A ameaça de um modelo único para a EAD no Brasil. Colabor@ - Revista Digital da CVA-RICESU, Porto Alegre, vol. 5, n. 17, s./p., jul./2008.

4 comentários:

  1. Olá Manoel, interessante debate proposto. Todo modelo educacional tem seus pontos fortes e pontos frágeis, dadas as suas diferenças inerentes, mas como você vê os limites e fragilidades dos professores quando em formação ou especialização por EAD, temos como resultado somente uma inadequação ao modelo? O que você pensa e qual possibilidade resolutiva para isso? Abraço

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    1. Manoel Adir Kischener

      Agradecido. Os limites e as fragilidades, com as dificuldades que se há (ou pode ocorrer) nas diferentes formas de formação, penso que são normais e entendíveis. Mas tentei tratar destas quando, em meu entendimento, são mais culturais e usados como estratégias no sentido de se conseguir um atalho, uma facilidade, às vezes não ética ou responsável com a própria formação e dissonante ao que se espera, por exemplo, de um professor em formação (e muitos estão em sala de aula e nestes cursos, se “atualizando”), e nesse sentido, não penso que há apenas uma inadequação ao modelo da Educação a Distância; por outro lado, ela precisa se transformar em alguns aspectos, um deles que deveria ocorrer maior zelo pelos recursos públicos (quando em cursos de universidades/institutos públicos), fiscalizar mesmo, a prática do professor e a correspondente responsabilidade para àquilo que foi designado, da mesma forma, maior cobrança aos alunos, em relação ao que se solicita, não respondendo a isso, que se pensasse em alguma forma que aquela vaga não ficasse ociosa, pois há muitas desistências (há alunos que não entram/postam uma única vez no Ambiente), que se pensasse em uma lista de espera, que se fizesse uma seleção com avaliação, pois há de se concordar que, a EAD é diferente, exige particularidades e habilidades que ainda estão adentrando a educação mais formal, que é a presencial, nesse caso. Também os tutores, meu caso, deveriam ser melhor avaliados e estimulados. Desafios pela frente...

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  2. Boa Noite, interessante reflexão sobre o ensino EAD. Minha pergunta gira em torno dos cursos a distância como produto do capital, assim, gostaria de saber qual sua opinião sobre as instituições de ensino a distância se preocuparem mais com o curso EAD como produto vendável do capitalismo, ou seja, uma mercadoria do que uma emancipação do cidadão para um ensino de qualidade?

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  3. Manoel Adir Kischener

    Agradecido. Bem, tenho duas respostas, em primeiro lugar penso ser normal quando tudo, absolutamente tudo tem se transformado em mercadoria em nossos tempos, aliás como informa o citado Wolfgang Streeck; então, as empresas (digo faculdades e universidades, serão mesmo?!) estão aí para lucrar, até movimenta a economia, gera empregos, mas a formação é deficitária (exige do aluno o empenho para fazer a diferença, ter uma boa formação. E com a internet, é uma baita ferramenta). Por outro lado, penso que se isso ocorre se deve também as pessoas, umas sem perceber e outras conscientes, seja pelas nossas deformidades de formação básica ou falta de acesso mesmo, seja por aquilo que se quer, para aquele momento, muitos que procuram pós em EAD estão mais interessados no “canudo” como uma forma de se aposentar melhor, qualificação (e hoje em dia só se exige o papel/diploma mesmo) e outros que desejam tudo ou qualquer parte disso e, efetivamente se comprometem mais, buscam (mesmo sem ter lido) aquilo que Marx bem define n’A questão judaica, sobre a emancipação humana. Não sei se o respondi...

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