Raynara Cintia Coelho Ribeiro


IMAGENS E CONSTRUÇÕES: AS REPRESENTAÇÕES DO TRÁFICO NEGREIRO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
                                                                                                 
Neste artigo pretendo empreender uma análise dos livros didáticos anteriores e posteriores a lei 10639/03, que tornou obrigatório o ensino da África nos bancos escolares, buscando através deste estudo compreender como o tráfico negreiro tem sido representado nos livros didáticos do ensino fundamental visto que, durante muito tempo se cristalizou na mente da sociedade brasileira uma visão distorcida e preconceituosa sobre o continente africano, o qual era retratado somente como um continente onde predominava a miséria e a fome, sendo o seu povo vitimizado por uma representação em que o negro se tornava apenas coadjuvante de sua própria história. Esquecendo-se de ressaltar sua heterogeneidade e seu passado de desafios, lutas, resistências pelo qual o povo africano percorrer durante anos até alcançarem sua liberdade, além de ocultarem dos alunos o aprendizado acerca da diversidade cultural afro-brasileira do qual devemos ser eternamente gratos, pois a formação do povo brasileiro se deu a partir da união de três povos: branco, índio e negro, portanto o continente africano teve uma grande contribuição à construção de nossa identidade brasileira. Além disso, irei realizar um breve panorama do tráfico negreiro, diáspora e outros aspectos relevantes para nossa pesquisa.

Imagens e construções
A temática do tráfico negreiro em relação à forma como eles vem sendo representados nos livros didáticos gera no decorrer do tempo uma série de debates e questionamentos que acarretam em serias repercussões. Pois, a visão que tínhamos sobre o negro era algo bastante restrito que nos levava a ver os povos africanos apenas como um mero objeto ou uma mão de obra rentável. Por isso, tenho a plena convicção da importância de estudarmos o tráfico negreiro, suas resistências e a formação de quilombos nas escolas brasileiras, trazendo este assunto para sala de aula podemos conhecer e aprender a valorizar muito mais as nossas raízes afro-brasileiras das quais recebemos muitas influências no decorrer de nossa vida.

Num contexto, que ao longo dos séculos a História dos povos africanos, foi marcada por constantes transformações, sendo o que sabemos hoje sobre a historiografia da cultura afro-brasileira é ainda muito pouco diante do enriquecimento, em termos culturais, que a presença destes povos trouxe para nos. Deste modo, é de grande relevância a contribuição que os estudos em torno da diversidade, resistência e formação de quilombos trouxe para a história dos povos africanos. Dessa forma, este trabalho busca entender as representações que foram se perpetuando ao longo dos anos em torno do tráfico negreiro tendo como objeto de pesquisa os livros anteriores e posteriores a lei 10639/03, que tornou obrigatório o ensino da África nos bancos escolares.
Ao nós debruçarmos em torno do tráfico negreiro observarmos que a escravidão oriental e ocidental, tanto sob sua forma mais antiga, como sob sua forma colonial se expandiu na África no século XIX buscando, em sua essência, formar um modo de produção que fizesse do escravo, praticamente privado de direitos, um bem imobiliário ou uma mercadoria negociável e cedível. Os escravos constituíam, na maioria das vezes, o grosso da população ativa de uma sociedade, como ocorria no sistema ateniense e nas plantações coloniais da Arábia medieval, ou mesmo na América pós-colombiana. Esse fenômeno contribui para um conflito que continuaria a afligir o continente africano até o século XX. [Ajayi, 6 ]

Tráfico negreiro: problemas e perspectivas
Antes de iniciarmos a análise das fontes iremos fazer um pequeno panorama do tráfico negreiro em torno do mundo, no qual pode ser identificado que na maior parte do século XV, o tráfico negreiro, por estar ligado ao desenvolvimento das plantações portuguesas no Brasil, e holandesas nas Guianas, permaneceu necessariamente limitado ao Caribe e à América Central e do Sul. No século XVI, coincidiu com a participação africana na exploração das Américas.

Em 1415, com a tomada de Ceuta pelos portugueses inaugurou-se o período de penetração europeia no continente africano. Em 1435, os portugueses alcançaram o Senegal e, em 1483, o Congo, a partir de 1441, houve deportações de africanos para Lisboa, marcando assim o início da imigração forçada de africanos, ou seja, do tráfico negreiro que continuaria até a época moderna. [Ajayi, 6 ]

Segundo Harris, na França a partir do século XV, começou-se a prestar mais atenção na presença africana no território nacional. Na França o desenvolvimento da escravidão não se deu, no início, de forma deliberada, um tribunal real chegou a proclamar, no ano de 1571: “A França, mãe da liberdade, não permite nenhum escravo”. [Harris, 8 ] Porém, na prática havia uma variação em função dos casos: alguns africanos eram escravizados, ao passo que outros permaneciam teoricamente livres, ainda que num meio hostil. A partir do fim do século XVII e, durante o século XVIII, a política real permitiu aos franceses donos de escravos na Américas trazê-los de volta para a França, com isso os franceses começaram a acostumar-se à presença dos negros entre eles.

No que diz respeito às revoltas de escravos, nas Américas as mais graves foram aquelas que ocorreram na Jamaica e na Guiana. Está formada pelas regiões de Essequibo, Berbice e Demerara, sofreu uma série de grandes revoltas nos séculos XVIII e XIX, as quais atingiram seu ápice em 1823. Nos séculos XVI e XVII, no México, importantes revoltas foram fomentadas por escravos africanos, a fim de provocar a emergência de comunidades africanas. É importante percebermos que antes da revolta de São domingos, foi no Brasil que a luta armada teve maior relevância, em termos de amplitude e duração, sendo que as revoltas de pequeno alcance sempre marcaram a história da escravidão no Brasil; contudo, foi no Estado de Palmares que se manteve, durante quase todo o século XVIII, uma comunidade africana autônoma estimada em vinte mil membros.

De acordo Harris, estas lutas de libertação testemunham o despertar do nacionalismo no seio da diáspora africana do Caribe e da América Latina. Para os africanos, não se tratava apenas de uma necessidade de vingança ou de fuga nas montanhas, mas também, e, sobretudo, de criar zonas politicamente autônomas, permitindo-lhes defenderem-se contra seus inimigos. [Harris, 9 ]

Os africanos da diáspora americana eram integrantes de um mundo dominado pela supremacia europeia, no qual potentes forças econômicas e intelectuais procuravam reorganizar as estruturas políticas e sociais. Alguns africanos eram convencidos que salvação passava pela assimilação dos valores e dos ideais europeus, enquanto que outros, pelo contrário queriam afirmar sua africanidade, sendo por isso prestes a arriscar suas vidas, a fim de protestar e resistir à repressão a eles imposta pelos europeus.

Para Harris, foi na América que a luta de libertação adquiriu uma dimensão realmente internacional, sendo que em toda América, pequenos grupos de negros conquistaram sua liberdade. Neste cenário o sucesso do movimento de libertação africano no Haiti provocou um sentimento de pânico junto aos brancos dos Estados Unidos, que temiam que os afro-americanos também reivindicassem eles mesmos sua liberdade. Assim, tanto o Haiti como Toussaint Louverture, que era um escravo culto e cristão, tornaram-se símbolos para os negros que, em outras regiões das Américas e do Caribe, almejavam a liberdade, e até mesmo a independência.

Na Ásia o comércio de escravos de acordo com Harris, foi um fenômeno histórico permanente muito mais antigo. A maioria dos escravos importados para a Ásia eram crianças, com um número maior de meninas do que meninos. O avanço do tráfico negreiro no século XIX favoreceu o desenvolvimento das comunidades africanas das ilhas Mascarenhas, porém, antes desse período, constituíra-se uma comunidade de crioulos, de notável influência, no decorrer dos séculos XIX e XX.

Neste cenário Harris ressalta que a presença de escravos africanos parece ter sido um pouco mais substancial na Ásia do Sul do que nas outras regiões do continente. Isto ocorreu provavelmente pelas relações comerciais com a África serem mais antigas e intensas, comparativamente a qualquer outra região. A partir do século XIII, houve muitos escravos africanos na Índia. Na segunda metade do século XV ocorreu o estabelecimento da presença africana em Bengala, no norte da Índia.

Em 1530, os portugueses desempenharam um domínio político e econômico sobre várias regiões da costa ocidental da Índia, notadamente na costa do Concan, onde um grande número de escravos africanos foi importado. Dessa forma, é importante entendermos que em todo o território da Índia portuguesa, os escravos negros executavam as tarefas domésticas, inclusive transportar água em imensos vasos. Os portugueses usavam-nos também como carregadores e guardas de suas escoltas. Com relação às mulheres escolhiam-nas muitas vezes como amantes.

Para Harris, os africanos desempenharam, como indivíduos, um papel importante na história da Índia, além de conseguirem o apoio e a estima de vários indianos, sem perder suas especificidades.

Nessa perspectiva, entende-se de acordo com Harris, que é de suma importância este estudo, pois nos possibilita perceber a presença do negro no mundo inteiro, ao que tudo indica isto se deve principalmente ao tráfico intercontinental de escravos. Sendo que, a natureza de tal tráfico e suas consequências, mais especificamente na América e nos Caribes, levaram os africanos a travarem diversas lutas por sua liberdade.

Uma vez que, essas lutas com o passar do tempo, despertaram nas consciências a preocupação generalizada da redenção da África e da libertação dos negros do mundo inteiro. Dessa forma este processo constituiu-se no início da época moderna e demonstrou-se, em 1880, uma real influência em escala mundial. De fato, Toussaint Louverture surgiu, como um símbolo internacional da liberdade dos negros. Porém apesar da dominação colonial, tal processo seguiu seu curso, tratando-se possivelmente da mais importante consequência histórica da diáspora africana.

Dessa forma, as mudanças ocorridas na África durante o “século pré-colonial” em função da intensificação da atividade dos europeus coloca em evidencia o segundo problema característico deste período, a crescente integração da África ao sistema econômico mundial é considerada, não somente como um elemento importante, mas antes como o principal acontecimento da história da África no século XIX. A África no início do século XIX se destaca pelas características e tendências deste período e pelas inovações e outros elementos novos. [Ajayi, 10 ] De acordo com Ajayi, a pressão demográfica ligada ao tipo de uso das terras, muitas vezes resultante de um crescimento populacional normalmente durante um período de relativa prosperidade, ou a imigração provocada por vários fatores como, guerra, desmoronamento dos sistemas políticos, seca prolongada, epidemia ou outra catástrofe natural que podiam ocasionar processos de expansão progressiva. Foi o que ocorreu no século XIX um grande número dessas expansões.

 Dessa maneira, no início do século XIX, estimava que a população africana possuísse 100 milhões de habitantes, com a organização da agricultura, do grau de desenvolvimento das técnicas e da higiene, bem como da forte mortalidade infantil causada pelas doenças, os demógrafos supõem geralmente que a população total não podia aumentar. Na África do Norte, a população permanecia estável e que se praticava uma agricultura intensiva, e a irrigação nas regiões férteis, principalmente nos oásis, a população aumentava regularmente durante os períodos de prosperidade.

Segundo Ajayi, ás catástrofes naturais, o tráfico de escravos e as guerras mortíferas causaram perdas demográficas de grande escala e, notadamente, a diminuição, durante um longo período, do número de mulheres em idade de procriar, tais perda fizeram com que a população total da África diminuísse nos séculos XVII e XVIII. O século XIX não alterou de vez a situação demográfica em seu conjunto, no início do século XIX e no século XVII, a população tendeu a crescer no conjunto do continente. O crescimento demográfico no início do século XIX ocorreu por diversos fatores tanto internos quanto externos, foi por si mesmo, um importante fator de mudança, particularmente em regiões que, como a África Oriental e Austral setecentista, não foi atingida, ou muito pouco, pelo tráfico de escravos.

Segundo Ajayi, no início do século XIX além das consequências do crescimento demográfico, houve um crescente interesse dos europeus pela África. Interesse este que levaram de início os europeus a empreenderem, aproximadamente a partir do fim do século XVIII, expedições visando recolher informações mais precisas sobre as principais características geográficas do continente africano, procuravam também conhecer quais eram os maiores Estados, os mais importantes mercados e as principais produções agrícolas e industriais.

  Na África, as missões cristãs constituíram um fator de mudanças mais importante na segunda metade do século XIX do que na primeira. Na primeira metade do século XIX, a atividade dos comerciantes europeus expandiu-se de forma muito rápida e alcançou territórios muito maiores do que a influência dos missionários. O comércio europeu crescia rapidamente, mas tal expansão só foi possível em virtude do sistema existente das relações comerciais locais e regionais.
No início do século XIX, a economia de todas as comunidades africanas se baseava na produção de alimentos por meio de uma ou mais atividades, tais como: cultivo do solo, criação de animais, pesca e caça. Outras atividades como, comércio, política, religião, produção artesanal e industrial, construção, exploração de minas eram secundárias em relação à agricultura. Além de a agricultura ocupar, neste período, um lugar essencial na vida econômica da imensa maioria dos africanos, os diversos sistemas de produção agrícola permitem, em grande parte, entender a estrutura das relações sociais e políticas no seio das comunidades e as relações das comunidades entre si.

Para Ajayi, é importante destacarmos a diversidade dos modos de produção agrícola, apresentada pelas diferentes áreas ecológicas da África, quer se trate dos sistemas de propriedade e de sucessão, das ferramentas básicas, dos tipos de culturas, do uso do solo, da divisão das tarefas entre homens e mulheres, ou ainda, da especialização das diferentes comunidades no que concerne à escolha das culturas, ás técnicas agrícolas ou à criação de animais. [Ajayi, 10]

Com a notória expansão da agricultura extensiva praticada pela classe dirigente e os principais negociantes agravou a escassez de terras, particularmente a proximidade de Kano e das outras cidades, o que levou os pequenos agricultores a estabelecerem-se em regiões mais afastadas, a abandonarem a agricultura para a fabricação artesanal e industrial, ou a submeterem-se totalmente aos grandes proprietários, juntando-se a sua clientela.

De acordo Ajayi, os exemplos de Kano e do Bunafu mostram, sob duas formas diferentes, a influência que a estrutura política podia ter sobre o desenvolvimento da agricultura na África no início do século XIX. Em Kano, o sistema político era centralizado e amplamente estruturado, já os habitantes de Bunafu tinham a impressão de viver sob a autoridade de um governo. As mudanças ocorridas no século XIX agiram nas estruturas de poder, não somente ao modificar a estrutura dos Estados, como também ao reforçar, em vários casos, as estruturas não políticas que já abrangiam o conjunto da sociedade.

Os acontecimentos ocorridos no início do século XIX revelavam uma tendência à centralização dos sistemas políticos e à consolidação da autoridade real. A introdução do milho no século XVIII e a substituição das culturas tradicionais como base da alimentação no início do século XIX foram um dos fatores que parecem ter acarretado uma relativa prosperidade e um crescimento demográfico que, ao agravar a concorrência em torno da posse das terras, provocaram, por sua vez, novas tensões sociais e políticas.
No século XIX o Mfecane foi considerado uma das principais causas das grandes mudanças na África, explica-se em primeiro lugar pela maneira com que o desenvolvimento social e econômico se adaptou, antes do século XIX, a evolução histórica. Os impulsos na base do Mfecane vinham principalmente da própria África, isso também se verifica no que diz respeito a outros grandes acontecimentos do início do século XIX, tais como as reformas de Mauhammad Ali e as jihad da África Ocidental.

Segundo Ajayi, a jihad recebeu seu impulso dos próprios africanos, os soberanos que tomaram parte da jihad esforçaram-se para desenvolver a produção agrícola, tanto nas explorações familiares tradicionais, quanto nos grandes domínios explorados por escravos ou por clientes. Também incentivaram a indústria e comércio, melhoraram as rotas comerciais e a segurança dos comerciantes. Os soberanos africanos tentaram tirar partido da atividade crescente dos europeus, mas, vítimas dessa atividade, acabaram vendo frustrada sua esperança de renovação.

Nota-se neste contexto segundo Serge Daget, que se propôs a discutir o tráfico negreiro e toda a extensão desse fenômeno, mostrando como o tráfico provocou no continente africano mudanças e transformações nas estruturas socioeconômicas e políticas. Explicando no decorrer deste processo a profundidade de cada uma das inovações que o século XIX proporcionou à África, além de destacar as grandes dificuldades encontradas pelas nações do mundo ocidental para abolir o tráfico de escravos negros. [Diagne, 12]
Como também nos textos “África no início do século XIX: problemas e perspectivas” e “Conclusão: a África as vésperas da conquista europeia” de Ajayi, no qual o autor apresenta as transformações ocorridas no século XIX no continente africano, período este cercado de modificações no cenário africano como a intensidade da atividade dos europeus e à crescente integração da África ao sistema econômico mundial, bem como a organização das rotas comerciais e o desenvolvimento das trocas, destinadas a alimentar o comércio interno, eram os principais fatores que contribuíram para a mudança na história da África.

Portanto, podemos entender que o texto “África no início do século XIX: problemas e perspectivas” de Ajayi, é de essencial importância uma vez que fornece mecanismos para compreendermos o surgimento de novos fatores de mudanças na história da África, sendo o principal deles o maior desejo dos europeus de não apenas fazer comércio na África, mas também intervir na vida social e econômica das populações africanas. Contudo é importante lembrar que o comércio praticado no século XIX era o prolongamento do que existia antes; que os homens que o inauguraram e as estruturas que o sustentaram eram os mesmos da época do tráfico negreiro; que este comércio se baseava, em grande medida, no tráfico interno e no trabalho dos escravos; e, portanto, nos sistemas políticos, na rede de rotas comerciais, nas relações sociais e econômicas e, antes de tudo, no sistema de produção agrícola preexistentes.

Dessa maneira, podemos relacionar este texto com “as estruturas políticas, econômicas e socais africanas durante o período considerado” de Diagne, no qual é descrito o processo de mudanças ocorrido entre os séculos XVI e XIX no continente africano, proporcionando transformações nas estruturas sociais ocasionadas pelo o Islã e o cristianismo; econômicas provocadas pelo sistema de castas que substituiu o sistema de guildas ou corporações e a economia de pilhagem; e por fim políticas que causaram uma modificação na própria natureza do Estado africano. Como também o texto “Conclusão: a África as vésperas da conquista europeia” de Ajayi, no qual o autor aborda a história da África antes da partilha, além de ressaltar o período de profundas transformações no século XIX, uma vez que estas modificações tiveram uma dimensão intensa, na qual estiveram ligadas tanto a fatores de ordem interna, como a fatores que foram produzidos em grande parte sob a influência ou mesmo provocados pela incidência das atividades dos negociantes.

O tráfico negreiro e suas representações didáticas
Ao iniciaremos nosso debate em torno da análise das fontes devemos tomar o cuidado de não generalizar o povo africano visto que, a África é um continente repleto de diversidade e por isso tornasse relevante pensarmos a ideia de multiplicidade. Assim nosso estudo tem como objeto de estudo os livros didáticos anteriores a lei das autoras Bruna R. Cantele e M’ Bakolo, no livro “História e Dinâmica do Brasil” de Bruna Cantele, no qual a autora aborda o tráfico negreiro, representando o negro apenas como um mero objeto de venda, no qual o povo africano é visto como principal elemento ou mercadoria utilizado pelo comércio de escravos, sendo que, ela ainda trás para a discussão as diferentes motivos pelos quais os negros se tornavam prisioneiros. [Cantele, 83] É importante percebemos que nem todo escravo resistiu a escravidão uns haviam passivamente enquanto que outros utilizavam das mais diversas formas de resistências para tentar se livrar do cativeiro.

No livro “África Negra” de M’ Bakolo, o tráfico de escravos, ou melhor, dizendo o comércio regular de seres humanos, também é representando de uma forma restrita, no qual o negro é apresentado apenas como uma das mercadorias mais procuradas e acompanhada de outros objetos como: o marfim, couro e até madeira. Além, disso é importante ressaltar que antes mesmo do negro se tornar um objeto para o comércio mais ou menos regular, ele era adquirido mediante os métodos mais primitivos e violentos como o rapto. [M’ Bokolo, 211] Nota-se através dessas informações a forma como negro e o continente africano é representado pelos livros didáticos apagando sua heterogeneidade e seu passado de lutas e resistências diversos que ressalta sua multiplicidade.
Para Cantele, em relação ao comércio de escravos, os africanos eram vistos apenas como um bom negócio para seus senhores, especialmente porque o preço de um negro era de três a quatro vezes mais alto do que um índio. Deste modo, com a escravidão negra forçava-se ainda mais a saída de produtos do Brasil para a compra de escravos. [Cantele, 88] O que identificamos trata-se de um distanciamento de discursos entre os livros didáticos e os acadêmicos, no qual a maior parte dos livros didáticos tentam repassar uma visão distorcida em torno do continente africano impregnada pelas mídias que expõe a representação de um país devasto pela miséria, fome e doenças.

De acordo com M’ Bakolo a utilização da mão-de-obra servil era realmente um bom negócio, mas que logo no começo iniciou-se em pequena escala, sendo empregada principalmente pelos europeus, mais em pouco tempo ela rapidamente se ampliou tornando assim uma mão-de-obra quase que exclusiva. [M’ Bokolo, 273] Com essas informações observa-se que diversos livros buscam expor uma visão restrita do continente africano ressaltando apenas o tráfico negreiro nas páginas de seus livros dando assim, pouca ênfase para as formas de resistências que africanos utilizavam para escapar da servidão.

Neste contexto, a mão-de-obra africana, era considerada ótima, visto que o negro desempenhava diversas atividades importantes como: lavrador, construtor, artifício, pedreiro, oleiro, vaqueiro, criado doméstico, ferreiro, além desenvolver até trabalhos de fundição e forja de metais. [Cantele, 88] Observa-se que em todo o momento o negro é apenas retratado como uma mão de obra relevante para o comércio porém, é necessário atentarmos para diversidade de estratégias para fugir da escravidão como a fuga para os quilombos e até o suicido. Além disso, haviam aqueles escravos que não resistiam a essa condição aceitando passivamente a servidão.

Segundo M’ Bokolo, a utilização desses africanos eram múltiplas, sendo que três dentre elas se destacavam como: a domesticidade, de onde eram empregadas principalmente mulheres que participavam de preferência nos serviços domésticos, seja como criadas ou diaristas; já no serviço das armas, eram os negros que participavam de maneira regular na história militar, visto que o principal trabalho desses africanos estava veiculado agricultura onde eram considerados como mão-de-obra altamente produtiva. [M’ Bokolo, 223-230] Observamos através dessas informações a construção que foi forjada ao longo dos anos  em torno do povo africano, no qual o olhar que se lança para ele é apenas do ponto de vista de uma mercadoria, força de trabalho ou de mão de obra necessária, restringindo assim, nossos alunos a conhecer a diversidade cultura, resistência e formação quilombola.

Dando continuidade à nossa discussão, será analisado o livro didático posterior à lei dos autores Gilberto Cotrim e Jaime Rodrigues, fazendo-se assim um paralelo entre os livros anteriores e posteriores a lei. No livro “Saber e fazer História” os autores continuam apresentando o tráfico negreiro de maneira restrita, no qual o negro é representado apenas como figurante de sua própria trajetória, onde eles expõem em seu texto a forma como surgiu à escravidão a partir da expansão marítima, além de ressaltar que foram os europeus os primeiros a participarem no comércio de escravos. [Cotrim, Rodrigues, 144] Ao empreendermos uma análise em torno dos livros anteriores identifica-se que houve pouca mudança com relação à forma como o continente africano é representado no material didático, haja vista que a história do povo africano é retratada com apenas algumas páginas reforçado assim, a pouca ênfase que é dada a historiografia negra.

Assim, as informações que encontramos nos livros didáticos posteriores a lei a lei 10639/03, que tornou obrigatório o ensino da África nos bancos escolares sempre reforçam as seguintes ideias, de acordo com M’ Bokolo o tráfico negreiro já existia, mas foi a partir do tráfico europeu que ele começou a se expandir por diversos países e assim começou a ganhar dimensões e amplitudes sem precedentes, expandindo-se como um comércio altamente produtivo. [M’Bokolo, 252] Mostrando apenas o negro como mercadoria de venda, apagando assim, sua história de lutas, desafios, resistências e confrontos ao se depararem com uma outra realidade a qual lhe foi imposta. Entretanto também se faz necessário salientar sua heterogeneidade, sua diversidade haja vista que nem todos resistiram a sua condição.

No livro dos autores Cotrim e Rodrigues também são colocadas às formas como os africanos eram vendidos para América e como acontecia quase todo esse processo, como por exemplo: por onde os africanos passavam para serem transportados a outros países e assim chegarem ao seu destino nos mercados onde seriam vendidos. [Cotrim, Rodrigues, 145] O que observamos é apenas uma narrativa vista do ponto do outro sobre o continente africano, carregada de uma visão restrita em torno de riqueza tão grande de diversidade cultura.

Nas representações trazidas pelo autor M’ Bokolo, o processo pelo qual os negros passavam para serem transportados a outros mercados onde seriam vendidos compreendia-se em uma longa viagem em que muitos negros acabavam morrendo devido à precariedade dos transportes e aglomeração de negros em um único lugar. [M’Bokolo, 320-321] Nesse contexto, as construções giram sempre em torno de uma visão que foi imposta a sociedade como um continente onde impera a pobreza, a miséria e a fome. Além de um povo que terrivelmente escravizado, sofrendo as mais terríveis atrocidades, chegado a ser transportado como uma simples mercadoria lançada no fundo de um porão.
De acordo com Cotrim e Rodrigues, o tráfico negreiro proporcionou a diversos países um lucrativo negócio, sendo que este fato se comprova no século XVIII onde o tráfico chegou a dar mais lucro para metrópole portuguesa do que o próprio açúcar, uma vez que não foi só Portugal que aderiu a está visão, muitos outros países entraram no tráfico entre os quais podemos observar a presença de vários países como: a Espanha, Inglaterra, Holanda e França. [Cotrim, Rodrigues, 147] Nota-se que mesmo depois da instituição do ensino obrigatório da história da África há muita coisa que precisa ser mudada com relação à forma como os negros são representados nos livros didáticos, para que ocorra mudanças nas estruturas pedagógicas de ensino que ao selecionar os assuntos que serão debatidos em sala de aula tão pouca ênfase a diversidade cultural do povo africano, além da falta de cuidado ao selecionar livros que contemple todas culturas e povos pertencentes ao formação da sociedade brasileira.

Nesse contexto, entre suas linhas argumentativas M’ Bokolo expõe, que não devemos colocar esse processo como o tráfico negreiro, mas sim como os “tráficos negreiros”, sendo que está pluralidade não apenas nos remete a diversidade das épocas que isso ocorreu e nem pelos explícitos ou não pelo qual aconteceu, mas isto se refere aos atores desse tráfico entre os quais encontramos todos os vizinhos de continente africano, assim como os povos da Ásia, em particular os árabes e europeus cristãos, assim como muçulmanos.

Portanto, a partir dos elementos aqui explicitados com base nos livros didáticos de antes e depois da lei 10639/03, podemos perceber que com relação à implantação da lei pouco se notou de diferença no material didático do ensino fundamental. Deste modo, entendemos que essa pouca relevância que é dada ao continente africano está associada à falta de informação sobre a diversidade cultural da África e a visão preconceituosa e distorcida em torno do povo africano. No qual o continente africano é representado apenas como um ponto geográfico e os africanos como mão-de-obra necessária para o tráfico. Assim como descreve Mattos:

“Não haja nem uma palavra sequer sobre a África, os africanos ou os diversos povos daquele continente e de como participaram destes desencontros. Elas entraram em cena na terceiras unidade, para caracterizar “a construção da sociedade colonial”, basicamente como força de trabalho”. [Olavia, 427]

Nesse contexto, compreendemos que nos livros didáticos continuam sendo incorporada uma visão racista e preconceituosa sobre o continente africano, no qual ele é representado da maneira em que é reproduzido pela média. Como aponta Anderson:
“Reproduzimos em nossas ideias as noticias que circulam pela mídia e que revelam um continente africano marcado pelas misérias guerras etnias, instabilidade política, AIDS, fome e falência econômica. As imagens e informações que dominam os meios de comunicação”. [Olavia, 421]

Além disso, podemos observar que nos livros didáticos o negro é sempre representado por figuras inferiores, sendo apresentado em “imagens reproduzidas nos livros didáticos sempre mostrando o africano e a História da África em uma condição negativa.” [Olavia, 431-432] Reforçando uma imagem construída pela mídia e pelos livros didáticos que constrói representações forjada numa visão restrita do processo, dando pouca visibilidade a diversidade cultura dos povos afro-brasileiros.

Com base no que foi apresentado percebe-se que essas informações refletem o grande efeito das leituras dos livros didáticos e da mídia, pois as principais associações que eram feitas aos povos africanos eram sempre referentes a forma como eram tratados o qual apareciam na maior parte como coadjuvantes de sua própria história e não como sujeitos históricos, onde eram descritos apenas do ponto de vista dos conquistadores. Por isso algumas imagens do negro como “selvagem” e “mão de obra barata” foram no decorrer dos séculos se perpetuando.

 Porém, esta falta de entendimento dos alunos com relação aos povos africanos e a cultura afro-brasileira não se resumem apenas a ausência de informação das escolas, mas também pela grande deficiência das políticas públicas de valorização da diversidade cultural.

Por isso, o continente africano continua a ser visto somente como um figurante de sua própria história, onde é representado apenas com um olhar estrangeiro observado do lado de fora e não com um olhar de quem vivenciou todos os dias essa realidade, que são os próprios africanos. Deste modo, continua-se nutrindo uma série de interpretações e visões racistas e discriminatórias, formuladas por nós mesmo como resultado de ações e pensamentos distorcidos que vão sendo construídos ao longo dos séculos por diversos veículos de comunicação, que apresenta apenas uma visão negativa do continente africano.

Portanto, diante de diversas informações podemos compreender que durante séculos os povos africanos foram vistos apenas como mercadoria rendável ao comércio, ou seja, uma mão de obra necessária para o tráfico. Sendo assim a história do povo africano ao longo do tempo foi contada apenas sobre uma perspectiva a partir da visão do outro, mas hoje podemos entender que os povos africanos são partes, e de extrema importância não só para nossa história, mas também para nosso presente e futuro.
Deste modo, tendo como base as leituras dos textos aqui expostos, analisados e discutidos é de suma importância que a escola hoje assuma o seu papel de formadora de pessoas e adquira assim um potencial estratégico capaz de atuar para que os povos africanos deixem de ser vistos apenas como “outro”, o qual era observado somente de longe e com desprezo. E passem a ser notados com destaque e admiração que merecem, ou seja, como parte de nosso maior tesouro: a diversidade.

Referências
Raynara Cintia Coelho Ribeiro é Mestre em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará.
AJAYI, J. F. A de. “África no início do século XIX: problemas e perspectivas”. In: História geral da África, VI : África do século XIX à década de 1880/ editado por J.F Ade Ajayi. Brasília: UNESCO, 2010.

HARRIS, J. E. “A diáspora africana no Antigo e no Novo Mundo”. In: História geral da África, V: África do século XVI ao XVIII/ editado por Bethwell Allan Ogot. - Brasília: UNESCO, 2010.
AJAYI, J. F. Ade. “Conclusão: a África ás vésperas da conquista europeia”. In: História geral da África, VI: África do século XIX à década de 1880/ editado por J.F Ade Ajayi. Brasília: UNESCO, 2010.
DIAGNE, P. “As estruturas políticas, econômicas e sociais africanas durante o período considerado”. In: História geral da África, V: África do século XVI ao XVIII/ editado por Bethwell Allan Ogot. - Brasília: UNESCO, 2010.
CANTELE. R, Bruna. História e Dinâmica do Brasil (ensino fundamental), 1991.

M’ BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Salvador EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2009.
COTRIM, Gilberto e RODRIGUES, Jaime. Saber e fazer História (ensino fundamental). São Paulo, 2009
OLIVIA, Anderson Ribeiro. Estudos Afro-Asiáticos, nº3, 2003.


5 comentários:

  1. Raynara, primeiramente parabéns pelo belo texto, gostaria de saber quais algumas estratégias práticas que a escola e os professores podem adotar para desfazer esse olhar que os livros didáticos trazem mesmo depois da lei 10639/03?
    Sueli da Silva Lima

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    1. RAYNARA CINTIA COELHO RIBEIRO11 de abril de 2019 às 05:00

      Bom dia querida obrigada. Sabemos que ainda há muito o que se fazer em relação ao olhar que se tem dos livros didáticos. Mas existem estratégias que podem ajudar a escola e os professores a mudar ou amenizar essa situação, como a maneira que utilizamos os livros didáticos em sala de aula, pois o livro didático não é um material pronto e acabado, precisa ser analisado e problematizado com o intuito de compreender o que seus autores buscaram repassar através da escrita, lembrando que não existe neutralidade na história. Assim, a escrita de um livro também reflete o pensamento de seus autores sobre determinado assunto. Somado a isso, outra estratégia prática para desfazer esse olhar seria no momento de selecionar os livros que vão ser utilizados pelos alunos tomar os devidos cuidados para que esse material contribuía para o processo de ensino e aprendizagem.
      Espero que tenha contribuído com você querida... Obrigada um abraço fraternal...

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  2. Saudações Raynara Cintia Coelho Ribeiro,
    Primeiramente, gostaria de parabenizar pela iniciativa em trabalhar o tema da presença negra nos livros didáticos, trata-se de um tema muito importante. Porém, é meu dever para com você apontar que há problemas importantes para repensar no trabalho. À parte da formatação (texto justificado, cuidados nas referências, acentuação), questões que considero secundárias, creio que seja importante estar atenta para generalizações. Porém, o próprio texto acaba decorrendo nisso em algumas situações. Por exemplo, ao citar que o Brasil se formou de três povos: branco, índio e negro, você está se aproximando, mesmo que não concorde, com a teoria do cadinho de raças de Gilberto Freire e outros. Seria interessante, primeiramente, tratar os povos negros de forma pluralizada. Embora hoje grande parte dos povos africanos se reconheçam como africanos, até há poucos séculos, eles não se reconheciam enquanto membros de uma identidade africana. Justamente aí diálogo com a questão da diversidade, pois esses povos não se reconheciam como “povos-irmãos”. A construção da África como identidade só se consolida nos últimos séculos como forma de resistência ao colonialismo/imperialismo. Além disso, algo que considero muito importante, é repensar a ideia de que “alguns negros não resistiram”. Viver, persistir ou garantir a sobrevivência da própria família através de estabelecer relações sociais com o senhor também pode ser entendida como forma de resistência. É necessário perceber que não se trata de uma diferença tão dicotômica. Por fim, em relação ao livro didático, percebo forte problema na análise: foram usados dois livros didáticos diferentes. É necessário a compreensão de que a melhoria dos livros didáticos não é um processo linear, havendo livros que melhoram seu discurso, outros não. Selecionaste um livro de Cotrim, mas este livro, em si, não representa a complexidade da produção de materiais didáticos. O tema escolhido também limita as possibilidades, talvez a escolha de outro tema que se distancie do tráfico negreiro possa trazer visões mais positivas. Mas certamente, pelo que conheço de discussões, embarcar no navio e cruzar o atlântico era uma das piores situações para os negros em geral, ou seja, as imagens retratarão, assim, uma situação que era realmente assustadora. Muitas vezes, inclusive, preferia-se a morte a embarcar no navio. Além disso, numa compreensão cultural, mudanças não ocorrem de forma tão abrupta. A análise de conteúdo já foi bastante criticada em 1997 por Kazumi Munakata em sua tese. Creio que muitas dessas problemáticas que mencionei giram em torno do referencial utilizado: teorias com forte aporte marxista contrastadas com teorias de um viés que aponta para a diversidade de possibilidades de compreensão da sociedade, com influencias da história cultural, como em M’Bokolo. Percebo isso na forma como você tentou, em esforço louvável, dialogar os parágrafos diferentes. Porém, talvez o problema não seja a forma como apresenta as teorias, mas que as teorias realmente não sejam compatíveis. Não se sinta desconfortável em recusar o que parece inadequado para pensar os povos africanos em suas diversidades de atuação. Porém, se possível, recomendo procurar um orientador, especialmente alguém que possibilite uma compreensão renovada do continente africano. Tenho uma extensa bibliografia que me proponho a disponibilizar, sobre diversos dos temas tratados, caso for de seu interesse, basta me contatar. Reforço: não se desanime com minhas observações, são mudanças necessárias que devem ser feitas mais cedo ou mais tarde. Porém, após repensar essas concepções, nosso trabalho fica bem mais fácil e nos sentimos mais seguros. Repense, mas persista! Melhorar sim, desistir jamais!
    Minha pergunta será em relação a metodologia de análise. Quais foram os parâmetros usados para a definição de que os livros continuam, ou não, distanciados do conhecimento acadêmico?
    Agradeço e a parabenizo desde já, Rafael Fiedoruk Quinzani

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    1. Raynara Cintia Coelho Ribeiro11 de abril de 2019 às 05:21

      Bom dia Rafael, desde já agradeço muito pelas contribuições com certeza irei acatar cada observação. Bom a minha pesquisa é um artigo do tempo de minha graduação. Por isso, apresenta algumas limitações com relação a análise das fontes e o aporte teórico. Esta temática necessariamente não é o foco de minha pesquisa como historiadora. Mas acho muito interessante este tema e resolver tecer uma análise pelo fato de ter na minha graduação algumas disciplinas que me fizeram refletir sobre a visão que se tinha do continente africano e dos próprios africanos. Com relação as parâmetros que utilizei para definição dos livros que continuam ou não distanciados do conhecimento acadêmico, utilizei os livros anteriores para analisar como o continente africano era retratado nos livros didáticos e os livros posteriores a lei para compreender se esse cenário mudou ou não.
      Rafael muito obrigada por todas as contribuições, as suas sugestões me abriram o olhar para novas possibilidade e para corrigir meus erros. Grata pela ajuda, tem interesse com certeza na bibliografia.
      Um abraço fraternal...

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    2. por favor, me contate no email rafael.quinzani@bol.com.br que lhe enviarei o maerial.
      Atenciosamente, Rafael Fiedoruk Quinzani

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