IMAGENS
E CONSTRUÇÕES: AS REPRESENTAÇÕES DO TRÁFICO NEGREIRO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Neste artigo pretendo empreender uma
análise dos livros didáticos anteriores e posteriores a lei 10639/03, que
tornou obrigatório o ensino da África nos bancos escolares, buscando através
deste estudo compreender como o tráfico negreiro tem sido representado nos
livros didáticos do ensino fundamental visto que, durante muito tempo se
cristalizou na mente da sociedade brasileira uma visão distorcida e
preconceituosa sobre o continente africano, o qual era retratado somente como
um continente onde predominava a miséria e a fome, sendo o seu povo vitimizado
por uma representação em que o negro se tornava apenas coadjuvante de sua
própria história. Esquecendo-se de ressaltar sua heterogeneidade e seu passado
de desafios, lutas, resistências pelo qual o povo africano percorrer durante
anos até alcançarem sua liberdade, além de ocultarem dos alunos o aprendizado
acerca da diversidade cultural afro-brasileira do qual devemos ser eternamente
gratos, pois a formação do povo brasileiro se deu a partir da união de três povos:
branco, índio e negro, portanto o continente africano teve uma grande
contribuição à construção de nossa identidade brasileira. Além disso, irei
realizar um breve panorama do tráfico negreiro, diáspora e outros aspectos
relevantes para nossa pesquisa.
Imagens e construções
A
temática do tráfico negreiro em relação à forma como eles vem sendo
representados nos livros didáticos gera no decorrer do tempo uma série de
debates e questionamentos que acarretam em serias repercussões. Pois, a visão
que tínhamos sobre o negro era algo bastante restrito que nos levava a ver os
povos africanos apenas como um mero objeto ou uma mão de obra rentável. Por
isso, tenho a plena convicção da importância de estudarmos o tráfico negreiro,
suas resistências e a formação de quilombos nas escolas brasileiras, trazendo
este assunto para sala de aula podemos conhecer e aprender a valorizar muito
mais as nossas raízes afro-brasileiras das quais recebemos muitas influências
no decorrer de nossa vida.
Num
contexto, que ao longo dos séculos a História dos povos africanos, foi marcada
por constantes transformações, sendo o que sabemos hoje sobre a historiografia
da cultura afro-brasileira é ainda muito pouco diante do enriquecimento, em
termos culturais, que a presença destes povos trouxe para nos. Deste modo, é de
grande relevância a contribuição que os estudos em torno da diversidade,
resistência e formação de quilombos trouxe para a história dos povos africanos.
Dessa forma, este trabalho busca entender as representações que foram se
perpetuando ao longo dos anos em torno do tráfico negreiro tendo como objeto de
pesquisa os livros anteriores e posteriores a lei 10639/03, que tornou
obrigatório o ensino da África nos bancos escolares.
Ao
nós debruçarmos em torno do tráfico negreiro observarmos que a escravidão
oriental e ocidental, tanto sob sua forma mais antiga, como sob sua forma
colonial se expandiu na África no século XIX buscando, em sua essência, formar
um modo de produção que fizesse do escravo, praticamente privado de direitos,
um bem imobiliário ou uma mercadoria negociável e cedível. Os escravos
constituíam, na maioria das vezes, o grosso da população ativa de uma
sociedade, como ocorria no sistema ateniense e nas plantações coloniais da
Arábia medieval, ou mesmo na América pós-colombiana. Esse fenômeno contribui
para um conflito que continuaria a afligir o continente africano até o século
XX. [Ajayi, 6 ]
Tráfico negreiro: problemas e
perspectivas
Antes
de iniciarmos a análise das fontes iremos fazer um pequeno panorama do tráfico
negreiro em torno do mundo, no qual pode ser identificado que na maior parte do
século XV, o tráfico negreiro, por estar ligado ao desenvolvimento das
plantações portuguesas no Brasil, e holandesas nas Guianas, permaneceu
necessariamente limitado ao Caribe e à América Central e do Sul. No século XVI,
coincidiu com a participação africana na exploração das Américas.
Em 1415, com a tomada de Ceuta pelos portugueses
inaugurou-se o período de penetração europeia no continente africano. Em 1435,
os portugueses alcançaram o Senegal e, em 1483, o Congo, a partir de 1441,
houve deportações de africanos para Lisboa, marcando assim o início da
imigração forçada de africanos, ou seja, do tráfico negreiro que continuaria
até a época moderna. [Ajayi, 6 ]
Segundo
Harris, na França a partir do século XV, começou-se a prestar mais atenção na
presença africana no território nacional. Na França o desenvolvimento da
escravidão não se deu, no início, de forma deliberada, um tribunal real chegou
a proclamar, no ano de 1571: “A França, mãe da liberdade, não permite nenhum
escravo”. [Harris, 8 ] Porém, na prática havia uma variação em função dos
casos: alguns africanos eram escravizados, ao passo que outros permaneciam
teoricamente livres, ainda que num meio hostil. A partir do fim do século XVII
e, durante o século XVIII, a política real permitiu aos franceses donos de
escravos na Américas trazê-los de volta para a França, com isso os franceses
começaram a acostumar-se à presença dos negros entre eles.
No
que diz respeito às revoltas de escravos, nas Américas as mais graves foram
aquelas que ocorreram na Jamaica e na Guiana. Está formada pelas regiões de
Essequibo, Berbice e Demerara, sofreu uma série de grandes revoltas nos séculos
XVIII e XIX, as quais atingiram seu ápice em 1823. Nos séculos XVI e XVII, no
México, importantes revoltas foram fomentadas por escravos africanos, a fim de
provocar a emergência de comunidades africanas. É importante percebermos que
antes da revolta de São domingos, foi no Brasil que a luta armada teve maior
relevância, em termos de amplitude e duração, sendo que as revoltas de pequeno
alcance sempre marcaram a história da escravidão no Brasil; contudo, foi no
Estado de Palmares que se manteve, durante quase todo o século XVIII, uma
comunidade africana autônoma estimada em vinte mil membros.
De
acordo Harris, estas lutas de libertação testemunham o despertar do
nacionalismo no seio da diáspora africana do Caribe e da América Latina. Para
os africanos, não se tratava apenas de uma necessidade de vingança ou de fuga
nas montanhas, mas também, e, sobretudo, de criar zonas politicamente
autônomas, permitindo-lhes defenderem-se contra seus inimigos. [Harris, 9 ]
Os
africanos da diáspora americana eram integrantes de um mundo dominado pela
supremacia europeia, no qual potentes forças econômicas e intelectuais
procuravam reorganizar as estruturas políticas e sociais. Alguns africanos eram
convencidos que salvação passava pela assimilação dos valores e dos ideais
europeus, enquanto que outros, pelo contrário queriam afirmar sua africanidade,
sendo por isso prestes a arriscar suas vidas, a fim de protestar e resistir à
repressão a eles imposta pelos europeus.
Para
Harris, foi na América que a luta de libertação adquiriu uma dimensão realmente
internacional, sendo que em toda América, pequenos grupos de negros
conquistaram sua liberdade. Neste cenário o sucesso do movimento de libertação
africano no Haiti provocou um sentimento de pânico junto aos brancos dos
Estados Unidos, que temiam que os afro-americanos também reivindicassem eles
mesmos sua liberdade. Assim, tanto o Haiti como Toussaint Louverture, que era
um escravo culto e cristão, tornaram-se símbolos para os negros que, em outras
regiões das Américas e do Caribe, almejavam a liberdade, e até mesmo a
independência.
Na
Ásia o comércio de escravos de acordo com Harris, foi um fenômeno histórico
permanente muito mais antigo. A maioria dos escravos importados para a Ásia
eram crianças, com um número maior de meninas do que meninos. O avanço do
tráfico negreiro no século XIX favoreceu o desenvolvimento das comunidades
africanas das ilhas Mascarenhas, porém, antes desse período, constituíra-se uma
comunidade de crioulos, de notável influência, no decorrer dos séculos XIX e
XX.
Neste
cenário Harris ressalta que a presença de escravos africanos parece ter sido um
pouco mais substancial na Ásia do Sul do que nas outras regiões do continente.
Isto ocorreu provavelmente pelas relações comerciais com a África serem mais
antigas e intensas, comparativamente a qualquer outra região. A partir do
século XIII, houve muitos escravos africanos na Índia. Na segunda metade do
século XV ocorreu o estabelecimento da presença africana em Bengala, no norte
da Índia.
Em
1530, os portugueses desempenharam um domínio político e econômico sobre várias
regiões da costa ocidental da Índia, notadamente na costa do Concan, onde um
grande número de escravos africanos foi importado. Dessa forma, é importante
entendermos que em todo o território da Índia portuguesa, os escravos negros
executavam as tarefas domésticas, inclusive transportar água em imensos vasos.
Os portugueses usavam-nos também como carregadores e guardas de suas escoltas.
Com relação às mulheres escolhiam-nas muitas vezes como amantes.
Para
Harris, os africanos desempenharam, como indivíduos, um papel importante na
história da Índia, além de conseguirem o apoio e a estima de vários indianos,
sem perder suas especificidades.
Nessa
perspectiva, entende-se de acordo com Harris, que é de suma importância este
estudo, pois nos possibilita perceber a presença do negro no mundo inteiro, ao
que tudo indica isto se deve principalmente ao tráfico intercontinental de
escravos. Sendo que, a natureza de tal tráfico e suas consequências, mais
especificamente na América e nos Caribes, levaram os africanos a travarem
diversas lutas por sua liberdade.
Uma
vez que, essas lutas com o passar do tempo, despertaram nas consciências a
preocupação generalizada da redenção da África e da libertação dos negros do
mundo inteiro. Dessa forma este processo constituiu-se no início da época
moderna e demonstrou-se, em 1880, uma real influência em escala mundial. De
fato, Toussaint Louverture surgiu, como um símbolo internacional da liberdade
dos negros. Porém apesar da dominação colonial, tal processo seguiu seu curso,
tratando-se possivelmente da mais importante consequência histórica da diáspora
africana.
Dessa
forma, as mudanças ocorridas na África durante o “século pré-colonial” em
função da intensificação da atividade dos europeus coloca em evidencia o
segundo problema característico deste período, a crescente integração da África
ao sistema econômico mundial é considerada, não somente como um elemento
importante, mas antes como o principal acontecimento da história da África no
século XIX. A África no início do século XIX se destaca pelas características e
tendências deste período e pelas inovações e outros elementos novos. [Ajayi, 10
] De acordo com Ajayi, a pressão demográfica ligada ao tipo de uso das terras,
muitas vezes resultante de um crescimento populacional normalmente durante um
período de relativa prosperidade, ou a imigração provocada por vários fatores
como, guerra, desmoronamento dos sistemas políticos, seca prolongada, epidemia
ou outra catástrofe natural que podiam ocasionar processos de expansão
progressiva. Foi o que ocorreu no século XIX um grande número dessas expansões.
Dessa maneira, no início do século XIX,
estimava que a população africana possuísse 100 milhões de habitantes, com a
organização da agricultura, do grau de desenvolvimento das técnicas e da
higiene, bem como da forte mortalidade infantil causada pelas doenças, os
demógrafos supõem geralmente que a população total não podia aumentar. Na
África do Norte, a população permanecia estável e que se praticava uma
agricultura intensiva, e a irrigação nas regiões férteis, principalmente nos
oásis, a população aumentava regularmente durante os períodos de prosperidade.
Segundo
Ajayi, ás catástrofes naturais, o tráfico de escravos e as guerras mortíferas
causaram perdas demográficas de grande escala e, notadamente, a diminuição,
durante um longo período, do número de mulheres em idade de procriar, tais
perda fizeram com que a população total da África diminuísse nos séculos XVII e
XVIII. O século XIX não alterou de vez a situação demográfica em seu conjunto,
no início do século XIX e no século XVII, a população tendeu a crescer no
conjunto do continente. O crescimento demográfico no início do século XIX ocorreu
por diversos fatores tanto internos quanto externos, foi por si mesmo, um
importante fator de mudança, particularmente em regiões que, como a África
Oriental e Austral setecentista, não foi atingida, ou muito pouco, pelo tráfico
de escravos.
Segundo
Ajayi, no início do século XIX além das consequências do crescimento
demográfico, houve um crescente interesse dos europeus pela África. Interesse
este que levaram de início os europeus a empreenderem, aproximadamente a partir
do fim do século XVIII, expedições visando recolher informações mais precisas
sobre as principais características geográficas do continente africano,
procuravam também conhecer quais eram os maiores Estados, os mais importantes
mercados e as principais produções agrícolas e industriais.
Na África, as missões cristãs constituíram um
fator de mudanças mais importante na segunda metade do século XIX do que na
primeira. Na primeira metade do século XIX, a atividade dos comerciantes
europeus expandiu-se de forma muito rápida e alcançou territórios muito maiores
do que a influência dos missionários. O comércio europeu crescia rapidamente,
mas tal expansão só foi possível em virtude do sistema existente das relações
comerciais locais e regionais.
No
início do século XIX, a economia de todas as comunidades africanas se baseava
na produção de alimentos por meio de uma ou mais atividades, tais como: cultivo
do solo, criação de animais, pesca e caça. Outras atividades como, comércio,
política, religião, produção artesanal e industrial, construção, exploração de
minas eram secundárias em relação à agricultura. Além de a agricultura ocupar,
neste período, um lugar essencial na vida econômica da imensa maioria dos
africanos, os diversos sistemas de produção agrícola permitem, em grande parte,
entender a estrutura das relações sociais e políticas no seio das comunidades e
as relações das comunidades entre si.
Para
Ajayi, é importante destacarmos a diversidade dos modos de produção agrícola,
apresentada pelas diferentes áreas ecológicas da África, quer se trate dos
sistemas de propriedade e de sucessão, das ferramentas básicas, dos tipos de
culturas, do uso do solo, da divisão das tarefas entre homens e mulheres, ou
ainda, da especialização das diferentes comunidades no que concerne à escolha
das culturas, ás técnicas agrícolas ou à criação de animais. [Ajayi, 10]
Com
a notória expansão da agricultura extensiva praticada pela classe dirigente e
os principais negociantes agravou a escassez de terras, particularmente a
proximidade de Kano e das outras cidades, o que levou os pequenos agricultores
a estabelecerem-se em regiões mais afastadas, a abandonarem a agricultura para
a fabricação artesanal e industrial, ou a submeterem-se totalmente aos grandes
proprietários, juntando-se a sua clientela.
De
acordo Ajayi, os exemplos de Kano e do Bunafu mostram, sob duas formas
diferentes, a influência que a estrutura política podia ter sobre o
desenvolvimento da agricultura na África no início do século XIX. Em Kano, o
sistema político era centralizado e amplamente estruturado, já os habitantes de
Bunafu tinham a impressão de viver sob a autoridade de um governo. As mudanças
ocorridas no século XIX agiram nas estruturas de poder, não somente ao
modificar a estrutura dos Estados, como também ao reforçar, em vários casos, as
estruturas não políticas que já abrangiam o conjunto da sociedade.
Os
acontecimentos ocorridos no início do século XIX revelavam uma tendência à
centralização dos sistemas políticos e à consolidação da autoridade real. A
introdução do milho no século XVIII e a substituição das culturas tradicionais
como base da alimentação no início do século XIX foram um dos fatores que
parecem ter acarretado uma relativa prosperidade e um crescimento demográfico
que, ao agravar a concorrência em torno da posse das terras, provocaram, por
sua vez, novas tensões sociais e políticas.
No
século XIX o Mfecane foi considerado uma das principais causas das grandes
mudanças na África, explica-se em primeiro lugar pela maneira com que o
desenvolvimento social e econômico se adaptou, antes do século XIX, a evolução
histórica. Os impulsos na base do Mfecane vinham principalmente da própria
África, isso também se verifica no que diz respeito a outros grandes
acontecimentos do início do século XIX, tais como as reformas de Mauhammad Ali
e as jihad da África Ocidental.
Segundo
Ajayi, a jihad recebeu seu impulso dos próprios africanos, os soberanos que
tomaram parte da jihad esforçaram-se para desenvolver a produção agrícola,
tanto nas explorações familiares tradicionais, quanto nos grandes domínios
explorados por escravos ou por clientes. Também incentivaram a indústria e
comércio, melhoraram as rotas comerciais e a segurança dos comerciantes. Os
soberanos africanos tentaram tirar partido da atividade crescente dos europeus,
mas, vítimas dessa atividade, acabaram vendo frustrada sua esperança de renovação.
Nota-se
neste contexto segundo Serge Daget, que se propôs a discutir o tráfico negreiro
e toda a extensão desse fenômeno, mostrando como o tráfico provocou no
continente africano mudanças e transformações nas estruturas socioeconômicas e
políticas. Explicando no decorrer deste processo a profundidade de cada uma das
inovações que o século XIX proporcionou à África, além de destacar as grandes
dificuldades encontradas pelas nações do mundo ocidental para abolir o tráfico
de escravos negros. [Diagne, 12]
Como
também nos textos “África no início do século XIX: problemas e perspectivas” e
“Conclusão: a África as vésperas da conquista europeia” de Ajayi, no qual o
autor apresenta as transformações ocorridas no século XIX no continente
africano, período este cercado de modificações no cenário africano como a
intensidade da atividade dos europeus e à crescente integração da África ao
sistema econômico mundial, bem como a organização das rotas comerciais e o
desenvolvimento das trocas, destinadas a alimentar o comércio interno, eram os
principais fatores que contribuíram para a mudança na história da África.
Portanto,
podemos entender que o texto “África no início do século XIX: problemas e
perspectivas” de Ajayi, é de essencial importância uma vez que fornece
mecanismos para compreendermos o surgimento de novos fatores de mudanças na
história da África, sendo o principal deles o maior desejo dos europeus de não
apenas fazer comércio na África, mas também intervir na vida social e econômica
das populações africanas. Contudo é importante lembrar que o comércio praticado
no século XIX era o prolongamento do que existia antes; que os homens que o
inauguraram e as estruturas que o sustentaram eram os mesmos da época do
tráfico negreiro; que este comércio se baseava, em grande medida, no tráfico
interno e no trabalho dos escravos; e, portanto, nos sistemas políticos, na
rede de rotas comerciais, nas relações sociais e econômicas e, antes de tudo,
no sistema de produção agrícola preexistentes.
Dessa
maneira, podemos relacionar este texto com “as estruturas políticas, econômicas
e socais africanas durante o período considerado” de Diagne, no qual é descrito
o processo de mudanças ocorrido entre os séculos XVI e XIX no continente
africano, proporcionando transformações nas estruturas sociais ocasionadas pelo
o Islã e o cristianismo; econômicas provocadas pelo sistema de castas que
substituiu o sistema de guildas ou corporações e a economia de pilhagem; e por
fim políticas que causaram uma modificação na própria natureza do Estado
africano. Como também o texto “Conclusão: a África as vésperas da conquista
europeia” de Ajayi, no qual o autor aborda a história da África antes da
partilha, além de ressaltar o período de profundas transformações no século
XIX, uma vez que estas modificações tiveram uma dimensão intensa, na qual
estiveram ligadas tanto a fatores de ordem interna, como a fatores que foram
produzidos em grande parte sob a influência ou mesmo provocados pela incidência
das atividades dos negociantes.
O tráfico negreiro e suas
representações didáticas
Ao
iniciaremos nosso debate em torno da análise das fontes devemos tomar o cuidado
de não generalizar o povo africano visto que, a África é um continente repleto
de diversidade e por isso tornasse relevante pensarmos a ideia de
multiplicidade. Assim nosso estudo tem como objeto de estudo os livros didáticos
anteriores a lei das autoras Bruna R. Cantele e M’ Bakolo, no livro “História e
Dinâmica do Brasil” de Bruna Cantele, no qual a autora aborda o tráfico
negreiro, representando o negro apenas como um mero objeto de venda, no qual o povo
africano é visto como principal elemento ou mercadoria utilizado pelo comércio
de escravos, sendo que, ela ainda trás para a discussão as diferentes motivos
pelos quais os negros se tornavam prisioneiros. [Cantele, 83] É importante
percebemos que nem todo escravo resistiu a escravidão uns haviam passivamente
enquanto que outros utilizavam das mais diversas formas de resistências para
tentar se livrar do cativeiro.
No
livro “África Negra” de M’ Bakolo, o tráfico de escravos, ou melhor, dizendo o
comércio regular de seres humanos, também é representando de uma forma
restrita, no qual o negro é apresentado apenas como uma das mercadorias mais
procuradas e acompanhada de outros objetos como: o marfim, couro e até madeira.
Além, disso é importante ressaltar que antes mesmo do negro se tornar um objeto
para o comércio mais ou menos regular, ele era adquirido mediante os métodos
mais primitivos e violentos como o rapto. [M’ Bokolo, 211] Nota-se através
dessas informações a forma como negro e o continente africano é representado
pelos livros didáticos apagando sua heterogeneidade e seu passado de lutas e
resistências diversos que ressalta sua multiplicidade.
Para
Cantele, em relação ao comércio de escravos, os africanos eram vistos apenas como
um bom negócio para seus senhores, especialmente porque o preço de um negro era
de três a quatro vezes mais alto do que um índio. Deste modo, com a escravidão
negra forçava-se ainda mais a saída de produtos do Brasil para a compra de
escravos. [Cantele, 88] O que identificamos trata-se de um distanciamento de
discursos entre os livros didáticos e os acadêmicos, no qual a maior parte dos
livros didáticos tentam repassar uma visão distorcida em torno do continente
africano impregnada pelas mídias que expõe a representação de um país devasto
pela miséria, fome e doenças.
De
acordo com M’ Bakolo a utilização da mão-de-obra servil era realmente um bom
negócio, mas que logo no começo iniciou-se em pequena escala, sendo empregada
principalmente pelos europeus, mais em pouco tempo ela rapidamente se ampliou
tornando assim uma mão-de-obra quase que exclusiva. [M’ Bokolo, 273] Com essas
informações observa-se que diversos livros buscam expor uma visão restrita do
continente africano ressaltando apenas o tráfico negreiro nas páginas de seus
livros dando assim, pouca ênfase para as formas de resistências que africanos
utilizavam para escapar da servidão.
Neste
contexto, a mão-de-obra africana, era considerada ótima, visto que o negro desempenhava
diversas atividades importantes como: lavrador, construtor, artifício,
pedreiro, oleiro, vaqueiro, criado doméstico, ferreiro, além desenvolver até
trabalhos de fundição e forja de metais. [Cantele, 88] Observa-se que em todo o
momento o negro é apenas retratado como uma mão de obra relevante para o
comércio porém, é necessário atentarmos para diversidade de estratégias para
fugir da escravidão como a fuga para os quilombos e até o suicido. Além disso,
haviam aqueles escravos que não resistiam a essa condição aceitando
passivamente a servidão.
Segundo
M’ Bokolo, a utilização desses africanos eram múltiplas, sendo que três dentre
elas se destacavam como: a domesticidade, de onde eram empregadas
principalmente mulheres que participavam de preferência nos serviços
domésticos, seja como criadas ou diaristas; já no serviço das armas, eram os
negros que participavam de maneira regular na história militar, visto que o
principal trabalho desses africanos estava veiculado agricultura onde eram
considerados como mão-de-obra altamente produtiva. [M’ Bokolo, 223-230] Observamos
através dessas informações a construção que foi forjada ao longo dos anos em torno do povo africano, no qual o olhar
que se lança para ele é apenas do ponto de vista de uma mercadoria, força de
trabalho ou de mão de obra necessária, restringindo assim, nossos alunos a
conhecer a diversidade cultura, resistência e formação quilombola.
Dando
continuidade à nossa discussão, será analisado o livro didático posterior à lei
dos autores Gilberto Cotrim e Jaime Rodrigues, fazendo-se assim um paralelo
entre os livros anteriores e posteriores a lei. No livro “Saber e fazer
História” os autores continuam apresentando o tráfico negreiro de maneira
restrita, no qual o negro é representado apenas como figurante de sua própria
trajetória, onde eles expõem em seu texto a forma como surgiu à escravidão a
partir da expansão marítima, além de ressaltar que foram os europeus os
primeiros a participarem no comércio de escravos. [Cotrim, Rodrigues, 144] Ao
empreendermos uma análise em torno dos livros anteriores identifica-se que
houve pouca mudança com relação à forma como o continente africano é
representado no material didático, haja vista que a história do povo africano é
retratada com apenas algumas páginas reforçado assim, a pouca ênfase que é dada
a historiografia negra.
Assim,
as informações que encontramos nos livros didáticos posteriores a lei a lei
10639/03, que tornou obrigatório o ensino da África nos bancos escolares sempre
reforçam as seguintes ideias, de acordo com M’ Bokolo o tráfico negreiro já
existia, mas foi a partir do tráfico europeu que ele começou a se expandir por
diversos países e assim começou a ganhar dimensões e amplitudes sem
precedentes, expandindo-se como um comércio altamente produtivo. [M’Bokolo,
252] Mostrando apenas o negro como mercadoria de venda, apagando assim, sua
história de lutas, desafios, resistências e confrontos ao se depararem com uma
outra realidade a qual lhe foi imposta. Entretanto também se faz necessário
salientar sua heterogeneidade, sua diversidade haja vista que nem todos
resistiram a sua condição.
No
livro dos autores Cotrim e Rodrigues também são colocadas às formas como os
africanos eram vendidos para América e como acontecia quase todo esse processo,
como por exemplo: por onde os africanos passavam para serem transportados a
outros países e assim chegarem ao seu destino nos mercados onde seriam
vendidos. [Cotrim, Rodrigues, 145] O que observamos é apenas uma narrativa
vista do ponto do outro sobre o continente africano, carregada de uma visão
restrita em torno de riqueza tão grande de diversidade cultura.
Nas
representações trazidas pelo autor M’ Bokolo, o processo pelo qual os negros
passavam para serem transportados a outros mercados onde seriam vendidos
compreendia-se em uma longa viagem em que muitos negros acabavam morrendo
devido à precariedade dos transportes e aglomeração de negros em um único
lugar. [M’Bokolo, 320-321] Nesse contexto, as construções giram sempre em torno
de uma visão que foi imposta a sociedade como um continente onde impera a
pobreza, a miséria e a fome. Além de um povo que terrivelmente escravizado,
sofrendo as mais terríveis atrocidades, chegado a ser transportado como uma
simples mercadoria lançada no fundo de um porão.
De
acordo com Cotrim e Rodrigues, o tráfico negreiro proporcionou a diversos
países um lucrativo negócio, sendo que este fato se comprova no século XVIII onde
o tráfico chegou a dar mais lucro para metrópole portuguesa do que o próprio açúcar,
uma vez que não foi só Portugal que aderiu a está visão, muitos outros países
entraram no tráfico entre os quais podemos observar a presença de vários países
como: a Espanha, Inglaterra, Holanda e França. [Cotrim, Rodrigues, 147] Nota-se
que mesmo depois da instituição do ensino obrigatório da história da África há
muita coisa que precisa ser mudada com relação à forma como os negros são
representados nos livros didáticos, para que ocorra mudanças nas estruturas
pedagógicas de ensino que ao selecionar os assuntos que serão debatidos em sala
de aula tão pouca ênfase a diversidade cultural do povo africano, além da falta
de cuidado ao selecionar livros que contemple todas culturas e povos
pertencentes ao formação da sociedade brasileira.
Nesse
contexto, entre suas linhas argumentativas M’ Bokolo expõe, que não devemos
colocar esse processo como o tráfico negreiro, mas sim como os “tráficos
negreiros”, sendo que está pluralidade não apenas nos remete a diversidade das
épocas que isso ocorreu e nem pelos explícitos ou não pelo qual aconteceu, mas
isto se refere aos atores desse tráfico entre os quais encontramos todos os
vizinhos de continente africano, assim como os povos da Ásia, em particular os
árabes e europeus cristãos, assim como muçulmanos.
Portanto,
a partir dos elementos aqui explicitados com base nos livros didáticos de antes
e depois da lei 10639/03, podemos perceber que com relação à implantação da lei
pouco se notou de diferença no material didático do ensino fundamental. Deste
modo, entendemos que essa pouca relevância que é dada ao continente africano
está associada à falta de informação sobre a diversidade cultural da África e a
visão preconceituosa e distorcida em torno do povo africano. No qual o
continente africano é representado apenas como um ponto geográfico e os
africanos como mão-de-obra necessária para o tráfico. Assim como descreve
Mattos:
“Não haja nem uma palavra sequer sobre
a África, os africanos ou os diversos povos daquele continente e de como
participaram destes desencontros. Elas entraram em cena na terceiras unidade,
para caracterizar “a construção da sociedade colonial”, basicamente como força
de trabalho”. [Olavia, 427]
Nesse
contexto, compreendemos que nos livros didáticos continuam sendo incorporada
uma visão racista e preconceituosa sobre o continente africano, no qual ele é
representado da maneira em que é reproduzido pela média. Como aponta Anderson:
“Reproduzimos
em nossas ideias as noticias que circulam pela mídia e que revelam um
continente africano marcado pelas misérias guerras etnias, instabilidade
política, AIDS, fome e falência econômica. As imagens e informações que dominam
os meios de comunicação”. [Olavia, 421]
Além
disso, podemos observar que nos livros didáticos o negro é sempre representado
por figuras inferiores, sendo apresentado em “imagens reproduzidas nos livros
didáticos sempre mostrando o africano e a História da África em uma condição
negativa.” [Olavia, 431-432] Reforçando uma imagem construída pela mídia e
pelos livros didáticos que constrói representações forjada numa visão restrita
do processo, dando pouca visibilidade a diversidade cultura dos povos
afro-brasileiros.
Com
base no que foi apresentado percebe-se que essas informações refletem o grande
efeito das leituras dos livros didáticos e da mídia, pois as principais
associações que eram feitas aos povos africanos eram sempre referentes a forma
como eram tratados o qual apareciam na maior parte como coadjuvantes de sua
própria história e não como sujeitos históricos, onde eram descritos apenas do
ponto de vista dos conquistadores. Por isso algumas imagens do negro como
“selvagem” e “mão de obra barata” foram no decorrer dos séculos se perpetuando.
Porém, esta falta de entendimento dos alunos
com relação aos povos africanos e a cultura afro-brasileira não se resumem
apenas a ausência de informação das escolas, mas também pela grande deficiência
das políticas públicas de valorização da diversidade cultural.
Por
isso, o continente africano continua a ser visto somente como um figurante de
sua própria história, onde é representado apenas com um olhar estrangeiro observado
do lado de fora e não com um olhar de quem vivenciou todos os dias essa
realidade, que são os próprios africanos. Deste modo, continua-se nutrindo uma
série de interpretações e visões racistas e discriminatórias, formuladas por
nós mesmo como resultado de ações e pensamentos distorcidos que vão sendo construídos
ao longo dos séculos por diversos veículos de comunicação, que apresenta apenas
uma visão negativa do continente africano.
Portanto,
diante de diversas informações podemos compreender que durante séculos os povos
africanos foram vistos apenas como mercadoria rendável ao comércio, ou seja,
uma mão de obra necessária para o tráfico. Sendo assim a história do povo
africano ao longo do tempo foi contada apenas sobre uma perspectiva a partir da
visão do outro, mas hoje podemos entender que os povos africanos são partes, e
de extrema importância não só para nossa história, mas também para nosso
presente e futuro.
Deste
modo, tendo como base as leituras dos textos aqui expostos, analisados e
discutidos é de suma importância que a escola hoje assuma o seu papel de
formadora de pessoas e adquira assim um potencial estratégico capaz de atuar
para que os povos africanos deixem de ser vistos apenas como “outro”, o qual
era observado somente de longe e com desprezo. E passem a ser notados com
destaque e admiração que merecem, ou seja, como parte de nosso maior tesouro: a
diversidade.
Referências
Raynara Cintia Coelho Ribeiro é Mestre
em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará.
AJAYI, J. F. A de. “África no início do século XIX:
problemas e perspectivas”. In: História geral da África, VI : África do século
XIX à década de 1880/ editado por J.F Ade Ajayi. Brasília: UNESCO, 2010.
HARRIS, J. E. “A diáspora africana no
Antigo e no Novo Mundo”. In: História geral da África, V: África do século XVI
ao XVIII/ editado por Bethwell Allan Ogot. - Brasília: UNESCO, 2010.
AJAYI, J. F. Ade. “Conclusão: a África
ás vésperas da conquista europeia”. In: História geral da África, VI: África do
século XIX à década de 1880/ editado por J.F Ade Ajayi. Brasília: UNESCO, 2010.
DIAGNE, P. “As estruturas políticas,
econômicas e sociais africanas durante o período considerado”. In: História
geral da África, V: África do século XVI ao XVIII/ editado por Bethwell Allan
Ogot. - Brasília: UNESCO, 2010.
CANTELE. R, Bruna. História e Dinâmica
do Brasil (ensino fundamental), 1991.
M’ BOKOLO, Elikia. África Negra:
história e civilizações. Salvador EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2009.
COTRIM, Gilberto e RODRIGUES, Jaime.
Saber e fazer História (ensino fundamental). São Paulo, 2009
OLIVIA, Anderson Ribeiro. Estudos
Afro-Asiáticos, nº3, 2003.
Raynara, primeiramente parabéns pelo belo texto, gostaria de saber quais algumas estratégias práticas que a escola e os professores podem adotar para desfazer esse olhar que os livros didáticos trazem mesmo depois da lei 10639/03?
ResponderExcluirSueli da Silva Lima
Bom dia querida obrigada. Sabemos que ainda há muito o que se fazer em relação ao olhar que se tem dos livros didáticos. Mas existem estratégias que podem ajudar a escola e os professores a mudar ou amenizar essa situação, como a maneira que utilizamos os livros didáticos em sala de aula, pois o livro didático não é um material pronto e acabado, precisa ser analisado e problematizado com o intuito de compreender o que seus autores buscaram repassar através da escrita, lembrando que não existe neutralidade na história. Assim, a escrita de um livro também reflete o pensamento de seus autores sobre determinado assunto. Somado a isso, outra estratégia prática para desfazer esse olhar seria no momento de selecionar os livros que vão ser utilizados pelos alunos tomar os devidos cuidados para que esse material contribuía para o processo de ensino e aprendizagem.
ExcluirEspero que tenha contribuído com você querida... Obrigada um abraço fraternal...
Saudações Raynara Cintia Coelho Ribeiro,
ResponderExcluirPrimeiramente, gostaria de parabenizar pela iniciativa em trabalhar o tema da presença negra nos livros didáticos, trata-se de um tema muito importante. Porém, é meu dever para com você apontar que há problemas importantes para repensar no trabalho. À parte da formatação (texto justificado, cuidados nas referências, acentuação), questões que considero secundárias, creio que seja importante estar atenta para generalizações. Porém, o próprio texto acaba decorrendo nisso em algumas situações. Por exemplo, ao citar que o Brasil se formou de três povos: branco, índio e negro, você está se aproximando, mesmo que não concorde, com a teoria do cadinho de raças de Gilberto Freire e outros. Seria interessante, primeiramente, tratar os povos negros de forma pluralizada. Embora hoje grande parte dos povos africanos se reconheçam como africanos, até há poucos séculos, eles não se reconheciam enquanto membros de uma identidade africana. Justamente aí diálogo com a questão da diversidade, pois esses povos não se reconheciam como “povos-irmãos”. A construção da África como identidade só se consolida nos últimos séculos como forma de resistência ao colonialismo/imperialismo. Além disso, algo que considero muito importante, é repensar a ideia de que “alguns negros não resistiram”. Viver, persistir ou garantir a sobrevivência da própria família através de estabelecer relações sociais com o senhor também pode ser entendida como forma de resistência. É necessário perceber que não se trata de uma diferença tão dicotômica. Por fim, em relação ao livro didático, percebo forte problema na análise: foram usados dois livros didáticos diferentes. É necessário a compreensão de que a melhoria dos livros didáticos não é um processo linear, havendo livros que melhoram seu discurso, outros não. Selecionaste um livro de Cotrim, mas este livro, em si, não representa a complexidade da produção de materiais didáticos. O tema escolhido também limita as possibilidades, talvez a escolha de outro tema que se distancie do tráfico negreiro possa trazer visões mais positivas. Mas certamente, pelo que conheço de discussões, embarcar no navio e cruzar o atlântico era uma das piores situações para os negros em geral, ou seja, as imagens retratarão, assim, uma situação que era realmente assustadora. Muitas vezes, inclusive, preferia-se a morte a embarcar no navio. Além disso, numa compreensão cultural, mudanças não ocorrem de forma tão abrupta. A análise de conteúdo já foi bastante criticada em 1997 por Kazumi Munakata em sua tese. Creio que muitas dessas problemáticas que mencionei giram em torno do referencial utilizado: teorias com forte aporte marxista contrastadas com teorias de um viés que aponta para a diversidade de possibilidades de compreensão da sociedade, com influencias da história cultural, como em M’Bokolo. Percebo isso na forma como você tentou, em esforço louvável, dialogar os parágrafos diferentes. Porém, talvez o problema não seja a forma como apresenta as teorias, mas que as teorias realmente não sejam compatíveis. Não se sinta desconfortável em recusar o que parece inadequado para pensar os povos africanos em suas diversidades de atuação. Porém, se possível, recomendo procurar um orientador, especialmente alguém que possibilite uma compreensão renovada do continente africano. Tenho uma extensa bibliografia que me proponho a disponibilizar, sobre diversos dos temas tratados, caso for de seu interesse, basta me contatar. Reforço: não se desanime com minhas observações, são mudanças necessárias que devem ser feitas mais cedo ou mais tarde. Porém, após repensar essas concepções, nosso trabalho fica bem mais fácil e nos sentimos mais seguros. Repense, mas persista! Melhorar sim, desistir jamais!
Minha pergunta será em relação a metodologia de análise. Quais foram os parâmetros usados para a definição de que os livros continuam, ou não, distanciados do conhecimento acadêmico?
Agradeço e a parabenizo desde já, Rafael Fiedoruk Quinzani
Bom dia Rafael, desde já agradeço muito pelas contribuições com certeza irei acatar cada observação. Bom a minha pesquisa é um artigo do tempo de minha graduação. Por isso, apresenta algumas limitações com relação a análise das fontes e o aporte teórico. Esta temática necessariamente não é o foco de minha pesquisa como historiadora. Mas acho muito interessante este tema e resolver tecer uma análise pelo fato de ter na minha graduação algumas disciplinas que me fizeram refletir sobre a visão que se tinha do continente africano e dos próprios africanos. Com relação as parâmetros que utilizei para definição dos livros que continuam ou não distanciados do conhecimento acadêmico, utilizei os livros anteriores para analisar como o continente africano era retratado nos livros didáticos e os livros posteriores a lei para compreender se esse cenário mudou ou não.
ExcluirRafael muito obrigada por todas as contribuições, as suas sugestões me abriram o olhar para novas possibilidade e para corrigir meus erros. Grata pela ajuda, tem interesse com certeza na bibliografia.
Um abraço fraternal...
por favor, me contate no email rafael.quinzani@bol.com.br que lhe enviarei o maerial.
ExcluirAtenciosamente, Rafael Fiedoruk Quinzani