Carla Cattelan e João Paulo Danieli


“MENINAS PRA LÁ E MENINOS PRÁ”: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DA DIVISÃO DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO DE FRANCISCO BELTRÃO-PR (1950)




O presente texto tem como objetivo articular historicamente breves considerações sobre a educação, a divisão de gênero e a Igreja, em Francisco Beltrão durante a década de 1950. Por meio da compreensão da educação primária desenvolvida no município e a relação estabelecida com a Igreja.

A metodologia utilizada se insere na compreensão histórica de como a educação escolar em Francisco Beltrão foi atrelada aos projetos ideológicos nacionais e religiosos evidenciando especificidades de acordo com o lugar. Para tanto tecemos análise a partir de articulação entre fontes históricas como: fotografias e memória oral de professores da época.

BREVES CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Para entender essas relações estabelecidas historicamente na educação, é preciso compreender que desde que o Brasil Colônia e principalmente no Império, foram criadas várias escolas e colégios, a exemplo do Dom Pedro II em 1927. Desta forma, a materialização das escolas foi pensada e frequentada especialmente pelo público masculino. Assim, podemos indagar sobre o papel da mulher nesse contexto, e por qual motivo estas não frequentavam a escola?

Aranha responde que “a maioria das mulheres do Império vivia em situação de dependência e inferioridade, com pequena possibilidade de instrução” (2006, p. 229). A autora continua, elas “se dedicavam sobretudo à aprendizagem de boas maneiras e à formação moral e religiosa” (2006, p. 229). A preocupação da educação feminina nesse período tinha um objetivo claro, prepará-las para o casamento.

Ainda segundo Aranha (2006, p. 229) a educação para as mulheres não estava totalmente excluída. A autora cita, por exemplo, que em 1875 foi criada a Escola Normal da Província, onde as moças poderiam se profissionalizar na carreira do magistério. Mas ressalta a precariedade dos cursos e da estrutura que era péssima. Enquanto que para os meninos tinha todo aparato governamental que apoiava, além de colégios particulares e religiosos que detinham uma estrutura invejável e dando totais condições para o ensino.

No período Republicano encontramos um novo projeto político educacional. Para Aranha (2006), a proposta visava implantar a educação escolarizada, com o objetivo de oferecer o ensino para todos, além pensar em uma organização escolar, baseada na escola seriada, com normas, procedimentos, métodos, instalações adequadas, entre outros pontos. Tem-se claro que esse objetivo mascarava aquilo que era vergonha nacional, o analfabetismo. “A situação era tão grave, já que na década de 1920 o índice de analfabetismo atingira a alta cifra de 80%” (ARANHA, 2006, p. 298). O fator marcante nesse período foi a instituição do ensino laico, ponto que foi criticado e gerou polêmica nas instituições religiosas.

É nesse terreno que vai brotar as ideias da Escola Nova e um ensino público e gratuito à todos, que se normatizou na Constituição de 1946 e orientadas pelas Leis Orgânicas de Ensino também de 1946. Visto está educação em uma perspectiva moderna e prática com ênfase na aprendizagem significativa do aluno.

Nas décadas de 1930 e 1940, o governo de Getúlio Vargas estabeleceu o projeto desenvolvimentista para o Brasil, com a chamada “Marcha para o Oeste” (deslocamento de colonizadores para áreas interioranas e fronteiriças do país). Junto com esse deslocamento o governo também concretizou um projeto educacional. Que era a expansão da escola primária e a diminuição dos índices de analfabetismo, alavancando o país na rota do progresso e da modernidade. No entanto nessas décadas (de 1930 e 1940) são marcados por intensa disputa ideológica, no campo político, econômico e educacional.

De um lado, estão intelectuais liberais, socialistas e comunistas, alguns deles, protagonistas de reformas educacionais em seus estados de origem, agrupados em torno do movimento conhecido como Escola Nova; de outro lado, católicos e conservadores de diferentes matizes ideológicos, reunidos em torno de um projeto conservador de renovação educacional. As divergências concentram-se, basicamente, ao redor de quatro pontos: Obrigatoriedade para todos do ensino elementar. Gratuidade desse mesmo ensino. Currículo escolar laico. Coeducação dos sexos. Inconteste é o fato de que a igreja católica não aceitava perder a grande influência que ainda detinha no campo educacional” (FILHO, 2005, p. 5).

Com essa disputa ideológica estabelecida no campo educacional, entre liberais (intelectuais escolanovistas) e conservadores (intelectuais religiosos), Vargas vai tentar atrair o apoio do clero católico, “tanto é que concordou com o fim do ensino laico, facilitando, com sua interferência, a volta do ensino religioso católico, principalmente, no ensino primário” (FILHO, 2005, p. 3). Essa disputa ideológica vai continuar na constituição de 1946, onde se começa a discutir a nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases – LDB. Uma disputa ideológica entre as duas alas que vai perdurar até 1961, com a aprovação da lei número 4.024 com respaldo e aval dos conservadores religiosos.

A década de 1950 refletiu este impasse o que se materializou na constituição e organização das escolas primárias, principalmente no interior do Brasil. Ora permeada pelos ideais escolanovistas, ora findadas pelas orientações da igreja católica. Em suma, os projetos favoreciam a chamada “fixação do homem ao campo”.


EDUCAÇÃO PARA O MENINO E PARA A MENINA EM FRANCISCO BELTRÃO

Sob a ótica ideológica dos projetos e discussões nacionais a escola primária rural no Sudoeste do Paraná, também refletiu os anseios e definiu em sua organização a formas de ensinar o homem e a mulher, seja na difusão de escolas específicas para formação do menino e da menina, ou na organização de escolas multisseriadas mistas, que garantiam a mesma formação para meninos e meninas em um mesmo ambiente escolar.

A educação em Francisco Beltrão vai ganhar importância com a chegada dos migrantes vindos de outros estados, principalmente de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e do Paraná, para ocupar essas terras que eram devolutas e de área fronteiriça, atraídos pelos projetos de assentamento da Colônia Agrícola Nacional General Osório – CANGO, criada pelo Governo Federal na década de 1940. Só para termos uma ideia, segundo Lazier (1998) no cadastramento realizado pela CANGO em 1948, 75% dos residentes da Vila Marrecas (atual Francisco Beltrão), eram analfabetos (p. 40).

Com essa preocupação a colônia vai intensificar a ajuda para estruturar a educação, principalmente a primária no município. Essa ajuda será através de contratação de professores, construção de escolas, aquisição de materiais e entre outras ações e atividades que foram executadas e desenvolvidas pela CANGO.

A educação primária desenvolvida pela CANGO em 1948, iniciou-se com duas (2) primeiras escolas construídas e, depois de nove anos, em 1957, com vinte e sete (27) escolas construídas (CATTELAN, 2014). Paralelamente após a emancipação do município de Francisco Beltrão (Marrecas) de Clevelândia (1952), o município passou a construir e manter escolas primárias, tanto na zona rural como na zona urbana (CATTELAN, 2014). Porém não era somente o setor público que mantinha escolas no município, o Ginásio La Salle coordenado pelos padres Lassalistas orientavam e educavam na fé cristã meninos e o Instituto Nossa Senhora da Glória, mantinha turmas formativas de meninas integralmente. Prática observável em diversas regiões do estado e do país.

Quanto a relação da educação com a igreja o município de Francisco Beltrão teve exemplos de muitas parcerias e convênios. Nos locais onde os moradores estavam impossibilitados financeiramente de cooperar, as escolas públicas foram instaladas nas capelas e onde não havia capelas, os encontros para oração aconteciam nas escolas. A educação por muito tempo foi aliada da igreja. Isso ficou explícito no depoimento do prefeito Rubens Martins ao Bispo de Palmas Dom Carlos Sabóia Bandeira de Mello.

“Aqui em Francisco Beltrão, a colaboração recíproca se tem observado, quando o Município, em algumas localidades, cede suas casas escolares para celebração de cultos religiosos, e em outras, na falta de prédio próprio, ministra suas aulas nas capelas locais. Esse é um exemplo de irrestrita e recíproca cooperação: as escolas municipais sem exceção alguma, a par do ABC da cartilha, propiciam a seus alunos o conhecimento do ABC do catecismo” (MARTINS, 1986, p. 199).

Essa prática foi identificada em todo o município de Francisco Beltrão bem como da região Sudoeste, principalmente nas comunidades mais longínquas da sede do município. Temos que ter clareza que por dentro do ambiente escolar nas comunidades locais a religião era muito forte. Talvez a vida da comunidade de participação diária se resumia entre as escolas e a igreja.

Por isso pode-se afirmar que os valores trazidos dentro da escola pelos alunos muitos deles eram construídos através da religião. A aula iniciava com uma oração além da separação entre meninas e meninos, uma prática feita nas igrejas. Isso se confirma através das palavras do professor Padilha (2012),

“Mas era um tempo bom, você colocava os alunos em fila lá fora, eles entravam em fila, você chegava rezava com eles uma oração, puxa, aquilo era tão bom, dai você dividia as meninas pra um lado, os meninos pro outro, as séries também eram separadas nas primeiras cadeiras vinham as primeiras séries, depois as segundas, as terceiras e a quarta série” (grifo nosso).

Pelas palavras do professor fica evidente a influência do nacionalismo e civismo por meio das filas, esta ação também representava disciplina. Porém, o que também nos chama atenção é a organização da turma e a oração feita sempre ao início da aula, e ainda a separação de meninos e meninas efetivada na fala: “[...] meninas pra um lado, os meninos pro outro” (PADILHA, 2012). Quanto a separação de meninos e meninas dentro da sala de aula, o professor ainda considerou:

“É que na época era assim, era assim na Igreja, em todo lugar era assim, na Igreja também quando você ia, “Deus o Livre” um homem estar misturado com mulher, ou mulher com homem, era pecado, daí então na escola também era assim, não recebia uma instrução que tinha que ser, mas a cultura da época era assim, era essa” (PADILHA, 2012).

Como afirmado acima a escola tinha um reflexo da moralidade da dos valores religiosos. Isso fica claro quanto vemos uma fotografia da época (n º 01) da qual é perceptível a divisão dentro da Igreja, do lado esquerdo as mulheres e do lado direito os homens. E, essa prática de divisão de gênero dentro das igrejas, atualmente de forma menos acentuada ainda perdura em algumas pequenas comunidades rurais, por ser um valor moral e aos “bons olhos” da religião.


Figura 1: Igreja Matriz em Francisco Beltrão – vista do interior

Fonte: Museu Histórico de Francisco Beltrão, 2017.

Por isso que, quanto se estuda a educação no município de Francisco Beltrão é preciso entender essa relação com a Igreja, que foi muito forte e marcante na década de 1950 e, interferiu no processo de organização das escolas e na educação primária. Em entrevista o professor Luiz Bedin (2012) conta que, os alunos participavam e ajudavam na igreja ativamente e ele enquanto professor cobrava esta participação.

As escolas da zona rural, tanto as construídas pela CANGO como as construídas pelo município de Francisco Beltrão, eram multisseriadas, unidocentes e mistas, ou seja, abrigavam uma demanda de meninas e meninos na mesma escola. Pela documentação levantada também foi possível considerar que nestas escolas não existia separação de conteúdos ensinados às meninas ou aos meninos, todos eram ensinados de forma igual. Como afirma Padilha (2012) “Era a mesma coisa, só era separado lá dentro”.

Porém, algumas escolas instaladas no município consideravam a separação de gêneros, ou dentro da escola ou em escolas específicas e com o ensino formativo para a menina ou para o menino. É o caso da escola representada na fotografia 2, da qual observamos uma nítida separação entre meninos e meninas. Um ensino orientado por irmãs católicas e o gesto dos alunos com os braços abertos e para o alto representava também a “adoração á Deus”. Observa-se também a vestimenta dos alunos, onde as meninas com saias abaixo do joelho e os meninos de calça e camisa social. Ainda, a escola possuía três portas de entrada o que pode sugerir que haviam salas especificas para meninos e meninas na mesma estrutura escolar ou apenas representavam séries onde os alunos eram mistos.


Figura 2: Escola com divisão de meninas e meninos na mesma escola


Fonte: Acervo Histórico de Francisco Beltrão, 2017.


Francisco Beltrão ainda contava com duas escolas de preparação uma para meninos representado pelo Ginásio La Salle, onde os padres salesianos organizavam a formação específica. E o Instituto Nossa Senhora da Glória, que atendia meninas no período integral, e no final da década de 1950 oferecia o ensino normal, com formação de normalistas. Como afirma Belliato (2017), que em 1959 a irmã Boaventura do Instituto Nossa Senhora da Glória “criou a Escola Normal Ginasial [...] para preparar professoras, para esta região tão pobre de professoras preparadas” (127). Ainda segundo Belliato (2017), havia uma preocupação das irmãs na trajetória educacional do Instituto, “devido a grande demanda por professoras preparadas para atuarem nos projetos educacionais” (p. 127) da região.

Na fotografia 3, temos a imagem de umas das primeiras turmas do Instituto Nossa Senhora da Glória, em 1952, e vemos um retrato fiel da separação entre meninos e meninas, mais do que isso, na própria vestimenta há uma caracterização de diferenciação e separação de gênero.


Figura 3: Escola provisória do Instituto Nossa Senhora da Glória, 1952.

Fonte: Arquivos do Colégio Nossa Senhora da Glória. Álbum Histórico (s/s, s/p).



Figura 4 a e b: Ensino de meninos e meninas em escolas separadas – Ginásio La Salle e Instituto Nossa Senhora da Glória


Fonte: Acervo Histórico de Francisco Beltrão.


Segundo Padilha (2012), havia uma participação ativa dos alunos na vida da escola. E esta participação também se refletia nos “afazeres” da escola, no que competia a limpeza, organização, merenda etc. que se concretiza no trabalho. Aprendiam os serviços domésticos não diferenciando neste trabalho meninas e meninos, todos os grupos auxiliavam nas tarefas da escola.  

“[...] aí quando chegava no sábado a gente tinha aula no sábado antes do meio dia, daí a gente dava aula até na hora do recreio depois nos fazíamos limpeza e eles faziam com tanto gosto sabe, você dizia: - Vamos varrer o pátio. Então achava as vassouras do mato, tinha umas vassouras perto lá, daí eles cortavam e uma turma varria e uns maiores e as meninas maiores vinham esfregar a sala de aula era de madeira de tábua bruta ainda, mas elas esfregavam tanto que no fim deixavam branquinho”.

Por meio deste estudo foi possível perceber brevemente como a educação nas escolas de Francisco Beltrão refletiram anseios nacionais, atrelados a projetos macros para a educação. Mas também organizaram suas especificidades pautadas na necessidade da educação e também na influência religiosa, constatada como forte na região estudada.

Desta forma, as escolas que se estabeleceram em Francisco Beltrão tiveram quatro organização, seja estrutural ou metodológica: a) escolas sem diferenciação de gênero, construídas e mantidas pelos órgãos públicos; b) escolas mistas com separação de gênero em uma única sala de aula, mantidas pelo poder público e também particular; c) escolas para meninas, que atendiam somente meninas em turno especifico ou integral, mantida pelas irmãs católicas; b) escolas para meninos, que atendia somente meninos, organizada pelos padres.

As contribuições deste estudo se destacam no âmbito social e histórico por contextualizar e analisar a organização da educação em Francisco Beltrão no que compete a relação entre gênero e educação, e também gênero, igreja e poder público.


REFERENCIAS

Carla Cattelan é doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão - UNIOESTE. Professora colaboradora no Colegiado de Pedagogia da mesma instituição e professora pedagoga da SEED/PR. Membro do grupo de pesquisa HISTEDOPR e GEPHIESC. E-mail: carla.ccattelan@gmail.com

João Paulo Danieli é mestre pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Especialista em Filosofia e Sociologia. Licenciado em Filosofia e Pedagogia. Professor SEED/PR. Membro do grupo de pesquisa GEFHEMP. E-mail: joaopaulojb@gmail.com

ARANHA, Maria L. de A. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2006.

BEDIN, Luiz. Francisco Beltrão, entrevista concedida no dia: 30 de junho de 2013 a Carla Cattelan.

BELLIATO, Moacir da C. O Colégio Nossa Senhora da Glória e o processo de escolarização no município de Francisco Beltrão – PR (1951-1982). 2017. 165 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Francisco Beltrão – PR, 2017.

CATTELAN, Carla. Educação rural no município de Francisco Beltrão entre 1948 a 1981: a escola multisseriada. 2014. 249 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Francisco Beltrão – PR, 2014.

FILHO, João Cardoso Palma. P. A educação Brasileira no período de 1930 a 1960: a Era Vargas. Revista História da Educação online. Universidade Est. Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/ Universidade Virtual do Estado de São Paulo – UNIVESP, 2005. 19 f. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/107/3/01d06t05.pdf

LAZIER, Hermógenes. Análise histórica da posse da Terra no Sudoeste Paranaense. 3ª ed., Francisco Beltrão: GRAFIT, 1998.

MARTINS, Rubens S. Entre Jagunços e Posseiros. 1ª ed. Curitiba: S/ED., 1986.

PADILHA, Félix. Francisco Beltrão, entrevista concedida no dia: 19 de novembro de 2013 a Carla Cattelan.

8 comentários:

  1. Pode-se dizer que a parti do novo projeto politico educacional, o qual foi citado no trabalho, ocasionou uma "chama" uma revindicação feminina pelos seus direito a educação, além do que era dado?

    - Firmo Daniel Lima Gonçalves

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    1. Obrigada Firmo pela contribuição na discussão do trabalho. O trabalho destaca uma relação tênue entre a formação de homens e mulheres e a igreja católica. As orientações católicas se destacavam principalmente nas escolas dirigidas pelas irmãs e pelos padres (particulares) e foram encontrados vestígios nas escolas rurais multisseriadas distribuídas nas pequenas comunidades. Sem dúvida o acesso a escola e a garantia ao estudo motivou as mulheres a revindicarem seu direito ao maior acesso a educação e também a formação normalista, conquistando uma profissão, que até então era expressa pela figura masculina.
      Carla Cattelan

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  2. Olá, seria difícil achar que a ideia de meninos para um lado meninas para outro, ainda tem ressonância nas salas de aula hoje em dia, em relação as questões e gênero e uma certa reação negativa de parte da sociedade para com uma educação mais inclusiva?

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    1. Obrigado Everton Crena pela pergunta. Penso que sim, é difícil romper com uma uma cultura conservadora, como temos em nosso país. Temos traços, ou melhor nossa educação vem de uma formação europeia religiosa que pregava essa divisão e exclusão de gênero que era visto como algo moral, perante os princípios cristãos. Por isso, afirmo e concluo que essa parte negativa da sociedade de uma educação inclusiva, no meu ponto de vista tem uma carga histórica de nosso formação/educação construída não por nós, mas sim imposta e importada da Europa.
      João Paulo Danieli

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  3. Boa noite Carla Cattelan e João Paulo Danieli, parabéns pelo trabalho, tema muito interessante. Uma observação que queria apontar, fazendo uma conexão com os dias atuais e com as ideias mais "tradicionais" desse novo governo brasileiro. Como pesquisadores desse tema na educação, vocês acham que esse período poderá reforçar a ideia de divisão de gênero em sala de aula ?

    Ana Beatriz dos Santos Silva.

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    1. Como foi comentado anteriormente é difícil romper com uma cultura conservadora e infelizmente ainda paira certos modelos na escola.

      Carla Cattelan

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  4. Olá Carla e João, parabéns pelo trabalho realizado.
    Bom, gostaria de saber qual foi a motivação de vocês em abordar acerca dessa temática? E, juntamente, como podemos atualmente sair dessa separação que está tão arraigada por nós ou então pelos colegas da escola que insistem em reproduzir essas práticas?

    Abraços,
    Daniela Melo Rodrigues
    danielamelorodrigues@hotmail.com

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    1. Muito obrigada pela contribuição!! A problemática surgiu após pesquisa em fontes primárias da região e também pelos relatos orais. A função e relação da igreja com a educação. E portanto a separação de gêneros. Contudo, nos colocamos a pensar sobre a questão de gênero e as formas cristalizadas e naturalizadas no seio da escola, resquícios de uma educação tradicional. Só podemos romper com estes dilemas com investimentos na área educacional, para que, sejam respeitados todos os direitos.

      Carla Cattelan

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